Meu amigo Antonio envia uma mensagem esta noite relembrando seus tempos de Brooklyn, São Paulo, nos anos 1970. Achei muito interessante; como sempre, ele escreve muito bem. Transcrevi-o. O texto todo abaixo foi escrito por ele:
Minha esposa encasquetou de comprar umas plantas numa loja que ela localizou em SP através da internet. O endereço era no Brooklyn. Coloquei-o no GPS e, ao chegar ao local... cadê? Não havia loja ou prédio nenhum lá, era só um muro cruzado pela linha de alta tensão que acompanha a avenida dos Bandeirantes. Mas havia uma abertura no muro e, lá dentro, um jardim e as cabanas do comerciante de plantas. Um jardim elétrico em plena SP...
Minha esposa encasquetou de comprar umas plantas numa loja que ela localizou em SP através da internet. O endereço era no Brooklyn. Coloquei-o no GPS e, ao chegar ao local... cadê? Não havia loja ou prédio nenhum lá, era só um muro cruzado pela linha de alta tensão que acompanha a avenida dos Bandeirantes. Mas havia uma abertura no muro e, lá dentro, um jardim e as cabanas do comerciante de plantas. Um jardim elétrico em plena SP...
Eu até já tinha visto esse jardim ao longo da linha de transmissão, mas nunca o havia visitado. Ao atravessar o quarteirão ao longo da linha, pude lembrar um pouco do velho ambiente do Brooklyn dos anos 1970 - que já não era nenhum arrabalde, mas ainda havia poucos carros na rua e muito terreno baldio, especialmente mais próximo da região da marginal. O quarteirão que não visitei não tinha prédios, ainda há quintais com churrasqueiras, puxadinhos, canteiros de flores e, para que não nos esqueçamos de nosso real habitat, mortais cercas elétricas para fritar eventuais intrusos.
De todo modo, fiquei contente em reencontrar um pouquinho do ambiente que via nas minhas excursões ciclísticas pelo bairro, quando buscava explorar um pouco da antiga hidrografia local. Aliás, outro dia, na TV Cultura, vi uma série sobre exploradores urbanos - que, a pé ou, quando muito de ônibus, exploram a geografia urbana de SP. Bom, se eu já achava o ambiente meio agreste há quarenta anos atrás, que dizer nos dias de hoje... Às vezes passo pelo Brooklyn em dias de semana, indo ou voltando de alguma visita técnica, e é decididamente claustrofóbico ver as grosas de carros que entopem as ruas.
Concrete dream flesh broken shell
Lost soul lost trace lost in hell!
King Crimson: Pictures of a City