quarta-feira, 30 de setembro de 2020

PROMESSAS E INTENÇÕES (1893-1908)




ACIMA: Reportagem de O Estado de S. Paulo, 7/9/1893

Em 1893, São Paulo já era um Estado rico, mas que ainda tinha terras desconhecidas em seu território. Entre Bauru e o rio Paraná a oeste e o Paranapanema ao sul, era uma imensa a área que continha apenas alguns pequenos vilarejos, como pode ser visto no mapa (de 1908, 15 anos mais tarde, mostrado mais abaixo.

Muitos dos nomes que nele aparecem podiam - e efetivamente tiveram - ter seus nomes, ou mesmo suas posições, alteradas nos anos seguintes. Eram vilarejos ou mesmo pequenos sítios que muitas vezes estavam nas mãos de posseiros.

Um deles era o já município de Campos Novos, mas havia outros, como Sãnta Cruz do Rio Pardo, ou mesmo Bauru, que em 1893 era praticamente nada, mas que em 1908 já possuía duas ferrovias, como a Sorocabana e a Noroeste.

Até Ourinho aparece como um lugarejo no Estado do Paraná, onde ficava um lugarejo que era ponto de passagem para quem tomava os trens da Sorocabana vindo de Tomazina, Paraná, município a quem pertencia esse Ourinho e que acabou pegando na estação, inaugurada em 1908, mas em São Paulo, com um "s" a mais.

Falar sobre todos os locais que aparecem no mapa de 1908 não é o ponto neste texto, porém. Talvez eu nem tenha dados agora para isto. 

O fato é que em vários dessas cidades, vilas e acampamentos existiam muitas ofertas de terras. Algumas reais, outras, duvidosas. Campos Novos não era uma delas. Embora esta cidade tenha sobrevivido até os dias de hoje, passou por maus bocados tentando obter uma linha de trens para poder embarcar ou desembarcar seus produtos. 

Em 1908 o terreno era mais bem conhecido e explorado que no tempo da notícia de O Estado de S. Paulo de 1893. E até, no mapa, apareciam linhas - todas em planos da Sorocabana - ali, as únicas linhas que estão mostradas como ferrovias já construídas e em funcionamento eram a chamada linha do Tibagy, que chegava próxima a Salto Grande e partia de Bauru e o ramal de Santa Cruz do Rio Pardo. Estão em vermelho cheio.

Campos Novos deveria ter, segundo promessas e intenções, sua própria linha, uma que partiria de Santa Cruz do Rio Pardo e outra que ligaria esse ramal, junto à cidade, até a linha do Tibagy. Esta última foi feita e era o tronco da Sorocabana, terminada em 1922 em Presidente Epitácio. Já a ligação entre esta e a continuação do ramal de Santa Cruz do Rio Pardo nunca foram feitas e Campos Novos ficou sem ferrovia alguma.

Emfim, quem comprou terras em Campos Novos pode até ter se dado bem, mas compraram gato por lebre. Campos Novos nem teve ferrovia e muito menos ficava perto do rio Tibagy ou da linha do Tibagy, que, embora mantendo este nome até os anos 1930, também não chegou na foz do tal rio no Paranapanema.

ACIMA: O mapa da E. F. Sorocabana em 1908 mostra todos os meandros e até cidades que mudaram seus nomes ou o mantiveram até hoje. Linhas em vermelho cheio são as até 1908 estavam construídas. As outras eram, de novo, promessas e intenções. O pedaço desse mapa aqui mostrado mostra linhas da Sorocabana, da Paulista e da Noroeste. Clique sobre ele para vê-lo maior e melhor.




domingo, 27 de setembro de 2020

ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DE VITORIA (1888)

 

As duas estações de Vitoria (Da esquerda: autor e data não identificados. A da direita: autor, Daniel Gentili em 2011)

Curiosidades das estações ferroviárias do mundo. Duas estações com o mesmo nome (Vitória), ambas inauguradas no ano de 1888. Coincidência?. Uma está em Mumbai, na Índia, e tem o nome derivado da rainha Vitória da Inglaterra, então ainda viva. A outra fica em Botucatu, SP, e seria uma homenagem à vitória brasileira sobre o Paraguai, dezoito anos antes.

A primeira ainda funciona. A segunda foi desativada em 1954, depois de ter mudado de nome para Vitoriana em 1952. A maiorzinha é a da Índia.