sábado, 19 de junho de 2010

A FERROVIA PAGA O PATO

No prédio da prefeitura de Barra Mansa, a faixa - ridícula - de "expulsão" do trem. Se é bão - e é - porque enxotá-lo? Haja demagogia... ô políticos ignorantes.

Uma das últimas notícias que li sobre retirada de trilhos do centro da cidade foi tema de uma postagem neste blog há cerca de um mês: foi quando Barra Mansa anunciou com festas a retirada dos trilhos do centro da cidade. Na verdade, a reportagem que li não era nada clara, e, agora, sei que o que irão retirar será o pátio de manobras, deixando a linha para os trens continuarem a passar por onde sempre passaram: apenas vão aproveitar a ampla área do pátio para outros usos.

O pátio, segundo levantei, deverá ser transferido para a estação de Anísio Braz (ou Vista Alegre, sim, a estaçãozinha tem dois nomes), na linha antiga da Rede Mineira que liga Angra dos Reis a Goiás e que passa por Barra Mansa, assim como a linha da Central do Brasil. Menos mal - será que agora olharão para a linha como algo que pode ajudar o transporte por VLTs, por exemplo?

A verdade é que é sempre o trem que paga o pato. Quando alguém tem de ceder, á a ferrovia. Só ela atrapalha o trânsito, faz barulho, desvaloriza os imóveis em volta. As avenidas, ônibus e caminhões, estes não (talvez por terem um lobby violento). Há tantps exemplos! Vamos lembrar de alguns:

Os trens de passageiros das linhas férreas do Paraná e de Santa Catarina pararam em 1983, logo após a grande inundação desse ano, que inundou cidades inteiras e, por consequência, pátios ferroviários. A desculpa foi essa. O ramal Tubarão-Lauro Müller, da E. F. Dona Tereza Cristina, em SC, deixou de operar em 1974 por causa também de uma grande inundação nessa região.

Em 1937 (vejam bem! Mil novecentos e trinta e sete, apenas 37 anos depois da instalação do primeiro bonde elétrico na cidade de São Paulo!), o Prefeito Fábio Prado começou a pressionar a Light para que removesse algumas linhas de bonde na Capital porque "estavam atrapalhando o trânsito".

Em 1956, a construção da via Anhanguera entre Cravinhos e Ribeirão Preto fez com que se eliminasse o ramal de Cravinhos (linha Cravinhos-Serrana) da Mogiana, de 60 cm de bitola, por que a rodovia passaria sobre os seus trilhos (entretanto, a linha-tronco da Mogiana, que cortava a Anhanguera em Tibiriçá, poucos quilômetros antes, foi mantida, com a construção de um viaduto sobre ela).

Com a desculpa de economia de combustível (no caso, diesel), diversas linhas de passageiros foram eliminadas em 1976 e 1977 pelo Governo estadual paulista e governo federal (mas não proibiram os automóveis de circular). A mesma coisa ocorreu em 1991, na Guerra do Golfo, quando suspenderam o trem de subúrbio de Curitiba e o trem Santa Cruz, entre São Paulo e Rio, entre outros - poucos, pois nessa época já pouca coisa restava.

Enfim: quem paga o pato é sempre a ferrovia - e, se esses erros não tivessem sido cometidos, hoje em dia não teríamos toda essa grita que existe para a construção de inúmeras novas linhas cargueiras, de metrô, de trens metropolitanos e de VLTs. E olhe, que, mesmo com a grita atual, fala-se muito mais do que se realiza: aqui, repito outra vez, em termos de ferrovias é o país do "vai ser feito", não o do "já fizemos".

Quem perde somos todos nós.

6 comentários:

  1. E incrivel isso que ocorre sempre querem proteger interesse de poucos, no caso de barramansa creio (tenho quase certeza) que e especulação imobiliaria assim como ocorre em capinas bauru e araraquara as aeras da ferrovia sao visadissimas por empresarios que adorariam telas para contrução de condominios centros comerciais etc tendo em vista que essas areas sao nos centros e tem alto valor comercial e esses caras sempre vencem com taticas de baixo escalao. brasil um pais de tolos

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  2. Parece o mesmo caso de diversos prefeitos da região de Sorocaba, que estão "alarmados" com a possibilidade dos trens da CPTM chegarem até Sorocaba. Alegam que o trem vai denegrir estas cidades, que virarão "dormitórios" de gente que vai trabalhar em São Paulo, e fazer com que as cidades entrem em decadência. Imagino então que eles não saibam que quem já mora nestas cidades e viaja para São Paulo trabalhar, já ajuda a entupir as rodovias de carros e ônibus. Do jeito que estes imbecis e ignorantes pensam, quando o trem sair (e se sair, claro), é capaz que eles tentem promulgar uma lei proibindo o povo de usar o trem, só por pirraça. Dizem que cada povo tem o governante que merece, mas no caso do Brasil, fico me perguntando se o inferno não seria aqui, para ter de aguentar tanta demagogia de gente que deveria ser responsável e servir de exemplo para o povo...

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  3. E incrivel isso que ocorre sempre querem proteger interesse de poucos, no caso de barramansa creio (tenho quase certeza) que e especulação imobiliaria assim como ocorre em capinas bauru e araraquara as aeras da ferrovia sao visadissimas por empresarios que adorariam telas para contrução de condominios centros comerciais etc tendo em vista que essas areas sao nos centros e tem alto valor comercial e esses caras sempre vencem com taticas de baixo escalao. brasil um pais de tolos

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  4. E eu me esqueci de citar o exemplo mais recente de todos: se fizerem a demolição do minhocão em SP, querem fazer um túnel para a linha da CPTM, com a consequente desativação da enorme estação da Barra Funda!!!! O fim da picada.

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  5. pois é querem por o trem literalmente embaixo da terra ate em sao paulo onde retirada de trilhos e inimaginavel os caras pensao isso nenhum trilho esta seguro neste pais o interesante e que em todo lugar funciona e o governo insentiva ja aqui nao

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  6. Viva o Galvão Bueno! É só o assunto que interessa ao Brasil. O resto é bobagem. O importante é que a gente vai ser hexa...
    Judiciário, pára. Prefeitura, pára. Universidades Federais mudaram os vestibulares, bem como suas bancas examinadoras de trabalhos finais. Bancos, idem. Quanto ao Legislativo parar creio que seja pleonasmo.
    E ainda acredita-se que somos um país sério.

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