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O Governo de nosso País não liga, realmente, para a opinião pública. Podemos enumerar alguns motivos? Se quisermos ser bonzinhos, podemos defender nossos governantes e dizer que “eles têm coisa demais para fazer, não podem ficar lendo cartas, e-mails e ouvindo reclamações de todo mundo”. E eu mesmo refuto: primeiro, eles têm assessores (até demais) exatamente para fazer isso, ajudá-los a ler e ouvir. Segundo, se as reclamações são demais, é por que há algo (ou, como diriam alguns, “algos”) de podre no reino da Dina... desculpe, na República do Brasil. Em um universo menor, no Estado de São Paulo.
Exemplos? Há alguns dias mandei um e-mail para todos os vereadores da cidede de São Paulo. Respostas? Duas. Duas que tentavam em suas explicações justificar o absurdo que aprovaram (e com uma rapidez inacreditável), ou seja, o absurdo aumento do IPTU paulistano (o da casa de minha mãe aumentou 700%, e o buraco em frente à casa dela continua aumentando faz já dois meses). Duas respostas em quase sessenta é falta de consideração, mesmo, para com os munícipes. Em troca, um dos que me respondeu segue mandando agora propaganda do que faz. O que ele diz? Que a cidade acaba de aprovar um projeto a favor da “diversidade”. Enquanto isso, a diversidade de lixo espalhado pela cidade continua aumentando. Só fazem coisa que não importa, coisa cosmética. E ainda ficam orgulhosos, pois isso sim eles espalham por seus e-mails.
Mais exemplos? O caso já citado aqui nos últimos 2-3 meses do material rodante da antiga FEPASA que foi mandado para ser destruído (não como sucata por alguém contratado pelo Governo, mas por ladrões, mesmo) no pátio de Triagem, em Bauru. Aliás, isso saiu em reportagem hoje mesmo, n'O Estado de S. Paulo. Eu já mandei duas mensagens (e-mails) sobre isso ao Ministério Público do Estado. Respostas? Nenhuma. Nem um “muito obrigado, vamos investigar”.
Mais exemplos? As cartas diárias mandadas na respectiva seção (2ª e 3ª páginas) do jornal O Estado de S. Paulo, que é o jornal que leio. Claro que existem cartas diferentes enviadas para outros jornais no Brasil inteiro. As reclamações, com as quais concordo quase que integralmente em geral, são óbvias e mereceriam no mínimo uma explicação por algum parlamentar ou mesmo assessoria de algum órgão governamental. A situação continua sempre a mesma e as reclamações, que às vezes são acusações claras e comprovadas, não dão em nada, tudo continua seguindo a mesma linha absurda de raciocínio por parte do nosso governo que tanto propaga inúmeras ações muitas vezes totalmente inócuas ou diferentes do que o povo pensa ou precisa. Eles se dizem representantes do povo. Há muito que não são. Realmente, admiro a paciência e a brasilidade desses escritores de cartas que não desistem. Eu já desisti. Fico com o meu blog. Ele é certamente muito menos lido que a seção de cartas dos jornais, mas o resultado é o mesmo: nenhuma providência é tomada.
Mais exemplos? Tenho um conhecido, Luiz Carlos, que escreve para a Prefeitura de São Paulo reclamando do acúmulo de lixo em diversas partes de São Paulo, pelo menos uma vez por semana, por e-mail, ao sujeito responsável por isso na Prefeitura. Melhorou alguma coisa? Nada. Eu recebo cópias de alguns desses e-mails. Certamente haverá muitos, mas muitos mais exemplos dos quais alguns eu não me lembro agora e alguns eu nem conheço. A prova, entretanto, de que nossos governos pouco se importam para a opinião pública está aí, clara, nessas linhas acima.
A única forma que conheço atualmente de se protestar e ter resultados é bloquear ruas, estradas e ferrovias, colocar fogo em pneus, invadir secretarias de governo... ou seja, fazer tudo “no pau”. Só que meus pais me deram uma educação que não condiz com esses atos. A esta altura, chego a me perguntar, depois de 58 anos de vida: foi esta a melhor educação que tinha eu para receber? Não sei. Talvez seja no Primeiro Mundo. Aqui no Terceiro, que nosso Presidente cisma de dizer que já estamos no Segundo e talvez batendo na porta do Primeiro, ela parece não funcionar.