domingo, 21 de fevereiro de 2010
PEDÁGIOS
Nada tenho contra pedágios. Tenho é contra o fato de que aqui na Castelo Branco — infelizmente o caminho de casa — ele é cobrado de forma totalmente ilegal. O fato acontece há, sei lá, dez anos, e nada muda. Quilos de ações e liminares são impetradas contra um pedágio (a) que fica a menos de 30 km do centro de São Paulo e uma lei diz que ele não pode ser cobrado dentro dessa distancia; e (b) cujo valor é mais caro do que o acerto quilométrico do contrato.
Nem a concessionária nem o “seu” Serra ligam a mínima para isto. Vão lá e quebram as ações e liminares com a maior facilidade, no dia seguinte. Aliás, entre o momento em que a liminar ou ação é impetrada, eles não baixam o preço mesmo com a existência dela, então, no duro mesmo, eles não restauram o “velho” preço: apenas o mantêm, pois não o baixaram, nem mesmo por algumas horas.
Aliás, não só aqui na Castelo Branco, mas também no Rodoanel: neste caso, a ilegalidade se refere ao pedágio cobrado dentro do perímetro proibido.
Fazer o quê? O motivo alegado é sempre algo como “isso causaria prejuízos ao tesouro do Estado”. Ao meu bolso, pode. Ao tesouro, não. Por isso é que é um tesouro.
O fato é que ninguém gosta de pagar pedágio. Por acaso, fuçando em jornais velhos ontem, encontrei uma reportagem no Diário de São Paulo do dia 3 de fevereiro de 1948, que mostrava (com foto, ver acima) o antigo pedágio da via Anchieta, que ficava logo depois da ponte sobre a represa Billings, em Riacho Grande. Ele era muito próximo do local do atual pedágio da mesma rodovia. Eu me lembro deste velho pedágio.
A reportagem dizia que ele fora inaugurado no domingo anterior, dia 1º de fevereiro. E também era completada com diversas reclamações de usuários da estrada, que era relativamente nova, tinha sido aberta ao tráfego poucos anos antes (1944? 1945?). Houve ações contra o pedágio. Houve caminhões e carros que passaram a seguir pelo Caminho do Mar para evitar pagar o pedágio. E por aí afora.
Quando comecei a ir para a praia com meus pais, no início de 1958, tínhamos de pagá-lo. Sei que ele ainda existiu por um bom tempo e depois, não me lembro realmente quando, talvez nos anos 1970, ele foi fechado.
Porém, alguns anos depois, talvez em 1980, ele reabriu e lá está até hoje. Enfim, é certamente por causa desses pedágios caros que nós, paulistas, temos as melhores estradas do País, e de longe. Mas a que preço!
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Ralph;
ResponderExcluirA Anchieta foi inaugurada em 1947 em todo o trecho de planalto, mais uma das pistas de serra (atual pista ascendente se não me engano). Em 1953, a segunda pista no trecho de serra foi inaugurada, e este trecho deixou de ser feito em mão dupla. Sobre o pedágio, ele estava no Rio Grande, atual Distrito de Riacho Grande, em S.Bernardo do Campo. A Confusão acontece por na época Rio Grande da Serra também se chamar Rio Grande. Quando se emancipou como Município (anos 60, a última do Grande ABC a se tornar independente) foi renomeada para Rio Grande da Serra, e o bairro do Rio Grande em S.Bernardo se tornou Riacho Grande.
E Este pedágio está a exatos 30km da Praça da Sé. Tenho uma matéria em uma velha revista Quatro Rodas de 1961 (a capa é um teste do Renault Dauphine) falando dos problemas na Via Anchieta, com várias fotos, e em uma delas o antigo pedágio aparece. Ao que me parece, ele estava localizado alguns metros antes do atual.
Sim, sim, Riacho Grande! É isso mesmo! O município de Rio Grande da Serra não chega ali nem de perto... faz tanto tempo que não passo por esse pedágio ou nessa região que mal me lembrava disso...
ResponderExcluirCorrigi na postagem onde estava escrito Rio Grande da Serra, passou a estar escrito Riacho Grande.
ResponderExcluirO CarlosAugusto L. Teixeira mandou um comentário para mim por e-mail que posto aqui a seguir. A única coisa que comento é que comento é que eu não disse que era o primeiro pedágio da estrada para Santos, mas sim o primeiro da Anchieta: "Caro Ralph,os pedágios da estrada de Santos começaram muito antes daquele da via Anchieta. Já em 1862 o presidente da província, Vicente Pires da Mota, concedeu a José Pereira de Campos Vergueiro o direito de construir e explorar, mediante a cobrança de pedágio, uma estrada ligando Santos a S.Paulo, que permitisse o tráfego de carroças e diligências no trecho da serra do Mar, já que a ligação existente até então, a Calçada do Lorena, só permitia o tráfego de tropas de mulas. Com a construção da ferrovia, pouco tempo depois, a estrada entrou em decadência. Em 1913 Rudge Ramos começou os trabalhos de recuperação da estrada para passagem de automóveis. Em 1920 ficou pronta uma nova ligação, no planalto, entre a Capital e o trecho da serra. Nesta ligação a empresa fundada por Rudge Ramos instituiu a cobrança de pedágio. Este pedágio foi extinto em 1923 quando Washington Luís comprou a empresa de Rudge Ramos. Maiores informações podem ser encontradas no site www.novomilenio.inf.br/santos/h0102e.htm"
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