Estação de Manuel Feio, em 2001. Foto Ricardo Corte
Recentemente soube que o pessoal de Itaquaquecetuba quer mudar o nome da segunda estação ferroviária do município, chamada Manuel Feio, hoje atendendo a CPTM. O nome existe desde a inauguração da estação, em 1927.
Concordo que Manoel Feio é um nome estranho, mas o engenheiro da Centrsl do Brasil que foi homenageado era esse mesmo. A Central era mestra em colocar nomes "de gente" em suas estações. Bom, apesar de o nome ser um tanto... feio, eu jamais concordo com a mudança de nomes em logradouros que já os têm.
Já basta a recente mudança de nome do Minhocão paulistano, de "Presidente Costa e Silva" para "Presidente João Goulart, este um picareta que só não é o pior presidente que este país já teve, porque ele foi superado pela "presidenta" Dilma, recentemente deposta. Quem foram os imbecis que aprovaram esta mudança? Vereadores do defunto PT e seus aliados, claro. Nesse caso, sou favorável à volta do nome anterior. Costa e Silva não foi nenhuma maravilha, mas neste caso foi sacaneado simplesmente por ter sido um presidente da era dos militares.
Se acham o nome Manoel Feio feio, imaginem o que os paulistanos pensariam de um bairro de Pistoia, Itália, que se chama "Femmina Morta", ou seja, "mulher morta". Quando estive nesta cidade, onde mora minha querida filha Veronica, vi passarem diversos ônibus que se dirigiam para este bairro, ostentando o nome no seu dístico acima das janelas frontais do veículo. Não me consta que ninguém na cidade esteja reclamando do nome.
No assunto nomes estranhos, temos um bairro em São Paulo que se chama "Chora Menino", que, apesar de estranho, é muito bonito e poético. O Tramway da Cantareira passava por lá, depois de deixar a estação de Santana e rodar por alguns quarteirões da rua Alfredo Pujol. O cemitério que fica no bairro tem este nome. Provavelmente o nome do bairro foi tirado do do cemitério.
Aqui no município de Santana de Parnaíba, onde moro, há dois nomes curiosos: um é o bairro do 120. Sim, "cento e vinte", também com direito a ônibus com o nome no dístico. Ele fica no norte da cidade e seu nome vem dos anos 1940/50, quando, segundo se conta, era caminho para a fábrica de cal da Matarazzo que ali existia e nessa região existiam duas bombas para levar água para a fábrica. Uma era de 80 cavalos e outra, de 120. Então, quando se começaram a construir cass no caminho, o lugar ficou conhecido pelo nome numérico.
E não muito longe dali, há o bairro "Várzea do Souza". O curioso é que ninguém sabe exatamente quem foi o Souza que morava - ou era dono - dessa várzea, tanto que ninguém parece usar esse nome antigo, próximo ao 120 e, segundo moradores mais antigos, o local que gerou a região mais rica do município, chamada com o nome amplo de Fazendinha. O nome Várzea do Souza pode não ser muito conhecido hoje, mas o que tem de ônibus - inclusive, um que vem de São Paulo, Capital - até hoje com esse nome no dístico não é brincadeira.
Ainda em Santana de Parnaíba, um dos bairros que existem entre o Alphaville e o centro do município de Santana de Parnaíba sempre se chamou "Tanquinho". Agora, o nome está desaparecendo, pois os loteamentos "chiques" e mesmo as lojas e oficinas que estão se estabelecendo na Estrada da Bela Vista (na região) acham "esquisito" ter um nome tão, digamos, simplório como Tanquinho e insistem então em dizer que estão em Alphaville, mais chique. E assim vai se perdendo mais um nome tradicional da região.
Da mesma forma, em Barueri, havia um bairro de nome "Passa-Três", situado exatamente onde a rodovia Castelo Branco passou com seu asfalto no final dos anos 1960. O bairro sumiu e o nome, também. Na divisa deste município com o de Santana de Parnaíba havia outro bairro com o nome "Passa Dois", que é o nome do córrego que cruza ali a Estrada dos Romeiros, vindo dos lados do Jardim Isaura. Hoje em dia, ninguém sabe o nome do bairro e do córrego. Este último, aliás, quase desapareceu, tendo sido em parte canalizado sob a terra.
E nessa brincadeira, vamos perdendo nossa história e nossas tradições.
Mostrando postagens com marcador Alphaville. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alphaville. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
domingo, 21 de dezembro de 2014
BARUERI E PARNAÍBA, 2014 - UMA SENDO ESMAGADA POR PRÉDIOS, OUTRA PELA FALTA DE PREFEITO
Barueri antiga, provavelmente anos 1940 (Wikipedia). Fotografia tomada da plataforma da estação da Soocabana (a antiga, que durou de 1928 a 1982). O largo em frente é o largo São João. O topo do morro ao fundo é onde, hoje, está a Castelo Branco. O largo foi totalmente coberto com uma cobertura sobre um terminal de ônibus que não é suficiente para a cidade. Portanto, o largo desapareceu, assim como a igreja à direita, demolida em 1968 e que hoje está longe dali. A rua que sai ao fundo, subindo o morro, é a Capos Salles
.
Barueri e Santana de Parnaíba, dois municípios um ao lado do outro na zona este da Grande São Paulo. O primeiro foi desvinculado do segundo em 1949. Na época, Parnaíba vivia da mesma forma que durante os duzentos anos anteriores: em decadência e sem praticamente nenhuma importância. Já Barueri, cuja primeira aldeia datava de vinte anos antes (1560) da fundação de Parnaíba (1580), foi, desde a sua transferência de sede para o largo de São João - fato que se deu por causa da construção da segunda estação da Sorocabana no mesmo local em que se encontra hoje (segunda, por que era a primeira parada do trem depois de sua saída de São Paulo, em 1875), apenas um pequeno vilarejo, que, em 1919, quando foi elevdo a distrito de paz, contava com apenas 200 habitantes.
A zona oeste da atual região metropolitana de São Paulo foi a que mais demorou para se desenvolver no século XX. Até os anos 1970, poucos municípios da região tinham importância. Mesmo as estações de trem juntaram durante cem anos vilarejos que se tornaram cidades somente de 70 a 100 anos depois.
Porém, a pressão da cidade de São Paulocontra o oeste foi criando bairros que "entravam" nos municípios vizinhos do Oeste, criando bairros e cidades-dormitórios que, somente a partir do final dos anos 1970, começaram realmente a se desenvolver. Santana de Parnaíba, sem trem, foi uma das últimas. Uma das fontes consultadas em 1968 cita o município - que, na zona Oeste, é um maiores em área - com bem menos de 10 mil habitantes.
Em 1974, foi criado, na área da Fzenda Tamboré, o bairro de Alphaville, trazendo, pela nova rodovia Castelo Branco, muitas indústrias e escritórios para Barueri e também lançando em paralelo condomínios fechados. Com outros nomes e donos, eles se espalharam rapidamente pela área, e as indústrias também. Barueri é hoje um dos municípios mais ricos do Brasil, com mais de 240 mil habitantes em 2010. Parnaíba chega a 110 mil, num crescimento que somente realmente se expandiu fortemente por volta de 1990.
Isso não fez com que os municípios aprendessem muita coisa. Barueri, no entanto, aprendeu bem mais e tinha bem mais dinheiro e aplicou-o bem, limpando a cidade, asfaltando praticamente todas suas ruas e ajardinando praças, colocando esgoto e ampliando a oferta de água, numa sequência de bons governantes desde 1978, com todos os defeitos que possam ter. Parnaíba tinha quase 100 mil em 2010.
Porém, a inundação de edifícios enormes de escritórios que começou com o Alphaville e hoje invade o Tamboré (barueriense e parnaibano), e boa parte dos outros bairros de Barueri (em Parnaíba ainda não), mostra que, como inúmeros outros prefeitos brasileiros (os de São Paulo inclusive), não para, mesmo com boa parte da população manifestando-se contra.
Numa hora em que falta água em São Paulo e municípios adjacentes, é uma temeridade continuar liberando prédios e mais prédios cada vez maiores por toda essa área.
O centro de Barueri, sem nome no Google Maps, está mais ou menos onde está assinalado o "Ginasio Poliesporivo José Correa). A lagoa de Carapicuíba está à direita, facilmente vista
.
Tudo isso acima para criticar o governo municipal de Barueri, que precisa fazer algo com a lagoa de Carapicuíba (que, apesar do nome e da localização, ao lado do centro do município vizinho de Carapicuíba, pertence a Barueri e é uma área inundada que pertencia ao leito do Tietê antes da retificação, virou porto de extração de areia, foi obrigado a parar e encheu-se totalmente de água nos últimos anos, está totalmente poluída (segundo diz a Folha de Alphaville, inclusive com lixo hospitalar) e sendo aterrada aos poucos com terra extraída do canal do rio Tietê, que passa ao lado norte da lagoa.
Alguns vereadores querem transforma'-la em uma lagoa limpa (o que não será fácil e barato, dado o nível de poluição), outros querem drená-la, aterra'-la e fazer edifícios. Parece brincadeira, mas não é. Preciso comentar algo a mais?
Enquanto isso, Parnaíba não tem um prefeito, apenas provisórios, faz dois anos. A justiça não julga o que poderia ser decidido em uma sessão de tribunal. Mas, no Brasil, tudo demora anos. Agora, o atual prefeito provisório - que, curiosamente, é o mesmo que foi eleito e não conseguiu assumir por que era ficha-suja (olhem só - prefeito mesmo ele não pode ser, mas provisório, pode por que é o Presidente da Câmara Municipal), vai perder o cargo porque um novo presidente foi escolhido para a Câmara - e ele assumirá daqui a alguns dias. Liminares para lá e para cá, nada se resolve. Como se governa uma cidade dessa forma?
.
Barueri e Santana de Parnaíba, dois municípios um ao lado do outro na zona este da Grande São Paulo. O primeiro foi desvinculado do segundo em 1949. Na época, Parnaíba vivia da mesma forma que durante os duzentos anos anteriores: em decadência e sem praticamente nenhuma importância. Já Barueri, cuja primeira aldeia datava de vinte anos antes (1560) da fundação de Parnaíba (1580), foi, desde a sua transferência de sede para o largo de São João - fato que se deu por causa da construção da segunda estação da Sorocabana no mesmo local em que se encontra hoje (segunda, por que era a primeira parada do trem depois de sua saída de São Paulo, em 1875), apenas um pequeno vilarejo, que, em 1919, quando foi elevdo a distrito de paz, contava com apenas 200 habitantes.
A zona oeste da atual região metropolitana de São Paulo foi a que mais demorou para se desenvolver no século XX. Até os anos 1970, poucos municípios da região tinham importância. Mesmo as estações de trem juntaram durante cem anos vilarejos que se tornaram cidades somente de 70 a 100 anos depois.
Porém, a pressão da cidade de São Paulocontra o oeste foi criando bairros que "entravam" nos municípios vizinhos do Oeste, criando bairros e cidades-dormitórios que, somente a partir do final dos anos 1970, começaram realmente a se desenvolver. Santana de Parnaíba, sem trem, foi uma das últimas. Uma das fontes consultadas em 1968 cita o município - que, na zona Oeste, é um maiores em área - com bem menos de 10 mil habitantes.
Em 1974, foi criado, na área da Fzenda Tamboré, o bairro de Alphaville, trazendo, pela nova rodovia Castelo Branco, muitas indústrias e escritórios para Barueri e também lançando em paralelo condomínios fechados. Com outros nomes e donos, eles se espalharam rapidamente pela área, e as indústrias também. Barueri é hoje um dos municípios mais ricos do Brasil, com mais de 240 mil habitantes em 2010. Parnaíba chega a 110 mil, num crescimento que somente realmente se expandiu fortemente por volta de 1990.
Isso não fez com que os municípios aprendessem muita coisa. Barueri, no entanto, aprendeu bem mais e tinha bem mais dinheiro e aplicou-o bem, limpando a cidade, asfaltando praticamente todas suas ruas e ajardinando praças, colocando esgoto e ampliando a oferta de água, numa sequência de bons governantes desde 1978, com todos os defeitos que possam ter. Parnaíba tinha quase 100 mil em 2010.
Porém, a inundação de edifícios enormes de escritórios que começou com o Alphaville e hoje invade o Tamboré (barueriense e parnaibano), e boa parte dos outros bairros de Barueri (em Parnaíba ainda não), mostra que, como inúmeros outros prefeitos brasileiros (os de São Paulo inclusive), não para, mesmo com boa parte da população manifestando-se contra.
Numa hora em que falta água em São Paulo e municípios adjacentes, é uma temeridade continuar liberando prédios e mais prédios cada vez maiores por toda essa área.
O centro de Barueri, sem nome no Google Maps, está mais ou menos onde está assinalado o "Ginasio Poliesporivo José Correa). A lagoa de Carapicuíba está à direita, facilmente vista
.
Tudo isso acima para criticar o governo municipal de Barueri, que precisa fazer algo com a lagoa de Carapicuíba (que, apesar do nome e da localização, ao lado do centro do município vizinho de Carapicuíba, pertence a Barueri e é uma área inundada que pertencia ao leito do Tietê antes da retificação, virou porto de extração de areia, foi obrigado a parar e encheu-se totalmente de água nos últimos anos, está totalmente poluída (segundo diz a Folha de Alphaville, inclusive com lixo hospitalar) e sendo aterrada aos poucos com terra extraída do canal do rio Tietê, que passa ao lado norte da lagoa.
Alguns vereadores querem transforma'-la em uma lagoa limpa (o que não será fácil e barato, dado o nível de poluição), outros querem drená-la, aterra'-la e fazer edifícios. Parece brincadeira, mas não é. Preciso comentar algo a mais?
Enquanto isso, Parnaíba não tem um prefeito, apenas provisórios, faz dois anos. A justiça não julga o que poderia ser decidido em uma sessão de tribunal. Mas, no Brasil, tudo demora anos. Agora, o atual prefeito provisório - que, curiosamente, é o mesmo que foi eleito e não conseguiu assumir por que era ficha-suja (olhem só - prefeito mesmo ele não pode ser, mas provisório, pode por que é o Presidente da Câmara Municipal), vai perder o cargo porque um novo presidente foi escolhido para a Câmara - e ele assumirá daqui a alguns dias. Liminares para lá e para cá, nada se resolve. Como se governa uma cidade dessa forma?
Marcadores:
1948,
1982,
2014,
Alphaville,
Barueri,
Carapicuíba,
edifícios,
Grande São Paulo,
lagoa de Carapicuíba,
Santana de Parnaíba,
Tamboré
quarta-feira, 13 de junho de 2012
O TELEFONE FANTASMA

Eu e a Ana Maria compramos um terreno em Alphaville em 1979, no município de Santana de Parnaíba. Um ano depois, eu deixei a Shell e fui trabalhar na DuPont, que, na época, estava no início da rua da Consolação, em frente à Biblioteca Nacional.
Na época que eu entrei lá, nós já havíamos decidido construir uma casa no terreno. É a casa em que moramos até hoje. Entrar na DuPont foi coincidência: eu não sabia que eles também estavam construindo no mesmo bairro - só que no lado de Barueri.
Em julho de 1981, mudamos de escritório. Saímos do centro de São Paulo para trabalhar no isolado mundo de Alphaville, Barueri. Agora, eu, que já estava construindo desde o início do ano, poderia facilmente ir todos os dias à obra. Eu, nessa época, estava morando no bairro do Sumaré. Trânsito nas Marginais e na Castelo Branco? Nem pensar, nunca era problema nessa época. Para ir do escritório à obra, então, eram cinco minutos.
Eu havia comprado um telefone pelo plano de expansão da Telesp no final do ano anterior. Perspectiva de instalação? Sem informações. Garantiam apenas que em dois anos seria instalado. Porém, Santana de Parnaíba, na época, não tinha telefone de sete algarismos e muito menos DDD.
Em agosto, eu precisei verificar um probleminha da obra na prefeitura de Parnaíba. Porém, ir até lá pela Estrada dos Romeiros demorava cerca de meia hora a partir do escritório da DuPont. A estrada atual que liga Alphaville a Parnaíba era praticamente inexistente. Pedi para a telefonista da empresa que ligasse para lá, ao que ela me respondeu: "Parnaíba? É na Bahia, não é"? Respondi-lhe: "olhe pela janela para aquelas montanhas no fundo. Do outro lado é Parnaíba". Surpresa, ela me perguntou por que o eu não ligava pelo DDD? "É tudo 011, não é?" Respondi-lhe que não havia o sistema lá. "Passe o telefone", disse ela. Eu falei: "256". Ela disse: "e o resto?" Finalizei: "acabou". Incrédula, ela tentou a ligação. Cinco minutos depois, disse-me que a conexão demoraria meia hora e ela me chamaria.
Desisti. Peguei o carro e fui até a prefeitura. Afinal, não havia o trânsito de hoje. Resolvi o problema e voltei, uma hora e pouco depois.
Em setembro, a Telesp apareceu no terreno e instalou o telefone no barraco de obras. No residencial, deveria haver naquele momento cerca de nove obras apenas; nenhuma casa pronta ainda. Eles disseram que o telefone deveria funcionar apenas quando a central telefônica da cidade ficasse pronta, o que deveria ocorrer em novembro e levaria meu telefone e os da cidade a passar a utilizar da nova estação 424. Na semana seguinte, eu resolvi tentar telefonar do Sumaré para a obra, usando o telefone que eu já sabia qual era: 424-1261. Surpreendentemente, um dos pedreiros atendeu. Funcionava!
A conta não veio quando esperada. A cidade de Parnaíba continuava com seus telefones de três algarismos, mas o meu telefone funcionava. Liguei para a Telesp para perguntar quando viria a conta, ao que eles responderam que tal somente ocorreria quando o telefone funcionasse. Eu falei: "já funciona, estou falando dele". Responderam que isso não era possível e que eu deveria estar enganado. Deixei para lá. A primeira conta somente veio um mês depois da abertura da estação no final do ano. A cidade ganhava um telefone decente, mais de dez anos depois da implantação do DDD no estado.
Marcadores:
Alphaville,
bairro do sumare,
Barueri,
Du Pont,
estrada dos romeiros,
rua da Consolação,
Santana de Parnaíba,
Shell,
telefones,
Telesp
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
A AVENTURA DE SE IR DE PARNAÍBA A SÃO PAULO

Ontem, terça-feira, peguei o carro em casa por volta das oito e meia da manhã. Cheguei à Castelo Branco no tempo de sempre - pouco menos de dez minutos, mas, quando entrei, vi o trânsito parar antes ainda do pedágio. Nas duas pistas, local e expressa. Liguei o rádio e descobri que um caminhão havia derrubado carga no Cebolão. Seriam, então, nove quilômetros de horrores para chegar a ele e seguir depois por uma Marginal Pinheiros congestionada como sempre.
Peguei o rodoanel sentido Raposo Tavares. Pouco antes da metade do caminho, onde há uma saída para Osasco e Carapicuíba que dá em lugar nenhum, o trânsito também parou. Saí então e fui para Osasco. Não havia placa indicativa de nada. Só depois de passar numa rua cheia de curvas e sem placa de nome é que cheguei a uma feira. Fui obrigado a entrar para a esquerda. Acabei indo parar de novo no Rodoanel, ou melhor, ao lado dele, sentido avenida dos Autonomistas. Tudo parado. Cheguei depois de quase 25 minutos a essa avenida, em frente à estação da CPTM General Miguel Costa - aquela que se chamava Matadouro.
Pensei: vou estacionar o carro e pegar o trem para Pinheiros. Foi o que fiz, pois a Autonomistas (leia-se estrada velha de Itu) estava parada no sentido São Paulo. Não há estacionamento algum. Parei numa paralela à avenida, na rua mesmo, e segui a pé para a estação, que, afinal, estava bem próxima. Fica em Osasco, terminando quase no rio Carapicuíba, que divide essa cidade da de Carapicuíba. Parte da plataforma fica debaixo do viaduto do rodoanel.
Estava quase vazia. Tem uma entrada única, que você já entra subindo a escada e lá em cima é que estão as catracas. Descendo de novo, a plataforma. Esperei menos de cinco minutos e o trem chegou. Entrou na estação "largando o pau", dando a impressão de que não ia parar. Parou. Entrei: estava cheio, mas ainda dava para se mexer com folga. Na estação seguinte, Quitaúna, onde ele entrou em velocidade devagar quase parando (por que a diferença?) ninguém entrou ou saiu, pelo menos no carro em que eu estava - o trem tinha oito carros.
Cheguei a Presidente Altino, onde desci; na mesma plataforma, tomei logo em seguida o trem para o Grajaú, via Pinheiros, que já estava chegando. Daí para a frente, estações quase vazias. Desci na estação Rebouças e fui a pé para o escritório - sete minutos de caminhada debaixo de um calor de pelo menos 29 graus.
À tarde, outra andada até a estação. Peguei o trem, que estava chegando ao mesmo tempo em que descia a escada rolante. Entrei. Na estação seguinte, Pinheiros, ele mandou todos descerem e seguiu, vazio. Eram cerca de cinco e pouco da tarde, por que isso? Espero outro trem, que demorou mais de cinco minutos. Desci de novo em Altino, onde outra vez na mesma plataforma tomei o trem para Itapevi. Desembarquei, claro, em Miguel Costa.
Eram seis da tarde. A estação parecia, realmente, um matadouro. Saída unica: uma escada pequena demais para tanta gente. Igualzinho a gado entrando nos caminhões da morte... mas todo mundo paciente, educado. Era, sem dúvida, o horário de pico dessa estação - eu realmente não esperava que tanta gente descesse ali.
Fui até o carro e com ele fui para casa. Perdi muito tempo nesse dia, mas tomar o trem, mesmo com o percalço na volta, valeu a pena. O problema de trânsito em São Paulo não tem solução, principalmente porque, com tantos veículos, grandes e pequenos, sempre vai ter algum que vai causar um acidente e parar tudo. Se não é no Cebolão será em outro lugar.
Eu, por mim, usaria sempre o trem. Porém, os ônibus que ligam os Alphavilles parnaibanos às estações de Barueri e de Carapicuíba dão voltas demais e demoram muito tempo para chegarem ao destino. Ir de carro é problema, pois não há locais para estacionar junto às estações.
sábado, 17 de dezembro de 2011
OS ERROS URBANOS DE ALPHAVILLE E BARUERI

Depois de algum tempo, volto aqui neste blog - no quel não escrevo há cinco dias por absoluta falta de tempo - a falar do Alphaville, cada vez mais cheios de problemas.
Para quem olha de fora, parece um ninho de milionários. Para quem está dentro dos residenciais, ainda sentem um sossego bastante aceitável. Porém, basta você sair deles que os problemas começam.
O jornal local anuncia como se fosse uma maravilha a construção de trinta e dois novos edifícios no bairro. Uma maravilha... para quem os contrói e consegue vender, tendo lucros enormes. Para quem mora por aqui, algo que jamais deveria acontecer se houvesse um mínimo de planejamento da prefeitura local. No caso, a cidade de Barueri, que não controla nada nesse sentido.
Sejamos justos, no entanto, num ponto. O município de Barueri é um dos mais ricos no país. Sua arrecadação é invejada por pelo menos noventa por cento dos outros municípios brasileiros. Os prefeitos dos últimos trinta anos, todos da mesma "turminha" comandada todo esse tempo pro Rubens Furlan, têm feito um trabalho extraordinário no sentido de transformar o vilarejo paupérrimo que a cidade era no final dos anos 1970 em um local onde todas as ruas e praças são asfaltadas, ajardinadas, córregos canalizados (se bem que, neste último caso, não vejo com grande admiração, pois já está mais do que provado que córrego não se canaliza, limpa-se e mantém-se limpo no seu leito original. Mas não é a visão do povo em geral... até que venham as inevitáveis inubdações), bons serviços públicos. A arrecadação por tudo isto vêm de Alphaville e de Tamboré, que têm 90% da arrecadação e correspondem a talvez no máximo 20% da área municipal.
Agora, em matéria de planejamento urbano para a cidade, os prefeitos e vereadores (para que servem os vereadores, mesmo?) apenas aprovam literalmente qualquer coisa, não se preocupam em estudar o impacto que isso tem. Quem mais sofre por enquanto é exatamente Alphaville, por ser a sua área mais rica. Área, pois Alphaville nem distrito é, ao contrário de bairros como Jardim Belval e Jardim Silveira, que o são e não dá para entender por que.
Enquanto se aprovam trinta e dois novos edifícios só na região do Alphaville/Tamboré, não se pensa no problema de impermeabilização do solo, sombreamento excessivo, perda da visão de panorama, no aumento da temperatura, no excesso de concreto... e nem na falta de infraestrutura. No mesmo orgulhoso jornal que fala dos empreendimentos, há a notícia dos apagões da Eletropaulo, constantes em toda a área e sem perspectiva de solução, Esta empresa já mais do que provou que está aqui para ter lucro e não fazer investimento algum, nem se preocupa com manutenção. Enfim, é uma porcaria e assim deve continuar.
A falta de água, que já foi crítica nos anos 1980 e que melhorou muito, vêm cada vez mais voltando a ocorrer. O planejamento urbano deixa a desejar e dificilmente poderá ser solucionado, pois o leito carroçável é pequeno em relação às construções que existem. As alternativas de entrada e saída e de passagem são poucas. As construções, como as da avenida Andrômeda e da avenida Sagitário (acho que é este o nome, já que não tem placa - liga a avenida Alphaville à via parque e aos residenciais Conde) estão cheias de buracos, placas de cimento de misturadoras, interrupções constantes de tráfego por causa de manobras de caminhões de construtoras, caminhões estacionados na mão e na contramão, ou seja, acabadas por causa das obras gigantescas desses prédios grandes demais e - convenhamos - não exatamente necessários.
Cada novo prédio traz mais carros. Alphaville já os têm em excesso. As linhas de ônibus aqui existentes não ajudam. Dão voltas demais dentro do bairro e fora dele. Ou seja, tomar um deles para ir de qualquer ponto do Alphaville para uma estação de trem da CPTM (Barueri, Carapicuíba ou Osasco) toma um tempo realmente muito grande e irritante por causa disso e do tráfego pesado.
Diz o governador - mas estas notícias somente saem por aqui, nunca nos grandes jornais de São Paulo - que a CPTM terá um ramal para o bairro. Sinceramente, eu duvido, embora ache que seja realmente necessário. No entanto, mesmo se eu estiver errado e a intenção seja mesmo essa, somente poderia vir de duas formas: ou pelos VLTs ou de forma subterrânea. No segundo caso, obra cara. Outra obra cara que já deveria ter no mínimo ter começado é o enterramento da fiação. Não é um problema apenas estético: é também, e muito mais por isto, necessário para conter o problema de queda de eletricidade por causa das ventanias e chuvas que derrubam galhos e árvores inteiras num bairro em que a arborização é (graças a Deus) grande.
Enfim: somando os prós e contras, eu acho que o suposto luxo de Alphaville não sobreviverá pelos próximos vinte anos. Eu sinto muito por isto, porque eu realmente não acredito que nossos vorazes governantes estejam querendo sequer pensar em alguma solução para tudo isto.
Ou só eu estou aqui profetizando o caos?
Marcadores:
Alphaville,
avenida alphaville,
Barueri,
CPTM,
edifícios,
eletropaulo,
VLTs
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
DEUS, Ó DEUS, ONDE ESTÁS QUE NÃO RESPONDES?

Ontem foi um dia incrível. Saí de minha casa em Alphaville para Pindamonhangaba para uma reunião de negócios. Acreditem, senhores (e senhoras, claro!): não parei uma vez sequer desde que saí de casa até chegar ao semáforo na entrada do viaduto sobre a linha férrea já no centro de Pindamonhangaba.
Não havia tráfego com congestionamentos em Alphaville, nem na Castelo Branco, nem na Marginal do Tietê - isto entre 8 e 9 horas da manhã. Não havia também na Dutra nem no acesso a Pindamonhangaba. Nenhum dos (pouquíssimos) faróis do trajeto estava fechado.
Na volta, aconteceu a mesma coisa: Pindamonhangaba, Dutra, Marginal, Castelo, Alphaville - onde cheguei por volta de 4 horas da tarde - todas elas sem nenhum sinal de congestionamento.
Hipóteses: 1) Deus estaria ontem de bom humor e resolveu fazer um milagre. Dois milagres, se contarmos também a volta. 2) Todo o trajeto teria sido feito inexplicavelmente por um universo paralelo onde não existem congestionamentos. 3) Darkseid teria enviado um de seus "boom tubes" - uma espécie de atalho intergalático - para que eu pudesse fazer o caminho sem problemas por ter algum interesse escuso em Pindamonhangaba. Quem é Darkseid? O que é um boom-tube? Bom, v. precisa ser fanático por histórias em quadrinhos da turma do Superman para saber (sim, eu adoro HQs, vocês não sabiam???).
Mas houve outros milagres, se considerarmos que Pindamonhangaba é a cidade das oficinas e do início da E. F. Campos do Jordão. Aqui o milagre é que esta ferrovia tenha sobrevivido até hoje sem ter sido desativada e seu leito sido transformado em um favelão ou em uma avenida. Ela continua em atividade desde sua fundação em 1914 e isso apesar de ter tido muitas desculpas para ter sido fechada (como, por exemplo, desbarrancamentos de linhas na serra), elém de ter sofrido, como as outras, pressões de políticos para o seu fechamento por ser "anti-econômica". Estes dois casos aconteceram para inúmeras outras ferrovias espalhadas pelo Brasil afora desde o final dos anos 1950.
Salve a EFCJ! Salve Deus (ontem ele podia não estar, mas respondeu!)! Salve os universos paralelos! Salve Darkseid!
terça-feira, 7 de junho de 2011
AFINAL, QUEREMOS O QUE?
As pessoas acusam o governo de querer construir a usina de Belo Monte de qualquer forma, atropelando as leis etc. Falam a mesma coisa do fato de o mesmo governo querer construir de qualquer maneira a linha do TAV entre Campinas e Rio de Janeiro.
Aqui em Alphaville, apenas duas ou três semanas depois de a população se manifestar e protestar nas ruas contra a construção de prédios em excesso sem qualquer planejamento urbano, o jornal local (Folha de Alphaville) anuncia inúmeras contruções dando hurras para os empreendedores. Ué, não foi o mesmo jornal que noticiou o problema há 20 dias? Foi, mas parece que agora a "oposição" está querendo mostrar quem é que manda.
A prefeitura de Barueri não se manifesta. Tirou algumas lombadas de duas avenidas e foi só. Parece até que isso resolve o problema.
O que se deve tirar de tudo isto é que o governo e os tais empreendedores estão certos: o povo quer isso. Protesta, mas quer tudo isto. Se se constróem prédios enormes é por que haverá compradores. Se se constróem usinas hidrelétricas é por que a energia será consumida, e não somente isso: faltará energia com o desenvolvimento previsto da região norte do país, sem essa usina.
O TAV é uma alternativa para os entupidos aeroportos e aviões. O povo precisa disto.
Vejam: não concordo exatamente com os prédios sendo construídos. Aliás, não concordo nada. Mas as pessoas, mesmo as que reclamam, continuam comprando.
Resumo: somos uns hipócritas. Queremos luz e força mas não queremos que se construam usinas. Queremos viajar melhor mas não queremos que se construa um trem decente porque ele é caro. Não queremos mais prédios, mas os compramos.
Enfim, senhores ecologistas: se decidirmos todos morar em cavernas, faltarão cavernas para todos os interessados.
Aqui em Alphaville, apenas duas ou três semanas depois de a população se manifestar e protestar nas ruas contra a construção de prédios em excesso sem qualquer planejamento urbano, o jornal local (Folha de Alphaville) anuncia inúmeras contruções dando hurras para os empreendedores. Ué, não foi o mesmo jornal que noticiou o problema há 20 dias? Foi, mas parece que agora a "oposição" está querendo mostrar quem é que manda.
A prefeitura de Barueri não se manifesta. Tirou algumas lombadas de duas avenidas e foi só. Parece até que isso resolve o problema.
O que se deve tirar de tudo isto é que o governo e os tais empreendedores estão certos: o povo quer isso. Protesta, mas quer tudo isto. Se se constróem prédios enormes é por que haverá compradores. Se se constróem usinas hidrelétricas é por que a energia será consumida, e não somente isso: faltará energia com o desenvolvimento previsto da região norte do país, sem essa usina.
O TAV é uma alternativa para os entupidos aeroportos e aviões. O povo precisa disto.
Vejam: não concordo exatamente com os prédios sendo construídos. Aliás, não concordo nada. Mas as pessoas, mesmo as que reclamam, continuam comprando.
Resumo: somos uns hipócritas. Queremos luz e força mas não queremos que se construam usinas. Queremos viajar melhor mas não queremos que se construa um trem decente porque ele é caro. Não queremos mais prédios, mas os compramos.
Enfim, senhores ecologistas: se decidirmos todos morar em cavernas, faltarão cavernas para todos os interessados.
Marcadores:
aeroportos,
Alphaville,
belo monte,
ecologia,
edifícios,
ferrovias,
governo federal,
hipocrisia,
TAV,
trens de passageiros
segunda-feira, 6 de junho de 2011
SOMOS UNS PALERMAS MESMO

Fantástica manchete do jornal Folha de Alphaville na última sexta-feira, dia três: "Alphaville vai dobrar espaços corporativos até 2011". Tudo o que os "alphavilienses" queriam ouvir, depois de protestarem e fazerem campanha contra a construção de novos edifícios no bairro.
E continua a notícia: "O novo estoque de lançamentos corporativos previsto para Alphaville deve saltar de 364,3 mil m2 para 714,7 mil m2. Do total, 80% são de edifícios classe A, dobrando o estoque deste padrão existente hoje no bairro. Esta expansão anima ainda mais os investidores". E segue, mais à frente: "(...) dizem que Alphaville tem tudo para tornar-se a nova Faria Lima ou Berrini, onde há concentração de empreendimentos de alto padrão".
Esqueceram -se de dizer que os empreendedores podem estar animados, mas a população está desanimada. E também não disseram que o trânsito na Faria Lima e na Berrini são caóticos, onde as avenidas e ruas estreitas em volta parecem um estacionamento, pois os carros quase não andam.
É muita cara de pau. Mostra, realmente, o que as pessoas se importam com a qualidade de vida.
Debaixo dessa notícia, uma foto de um prédio que "traz selo verde e spa para descanso". É piada de mau gosto? Como pode um prédio desse tamanho ter selo verde, se ele representa tudo o que nunca poderia ter sido feito num local já entupido de edifícios?
Somos uns idiotas, mesmo. E mais: é claro que a maior parte dos compradores de todos esses imóveis vão ser gente que hoje reclama de Alphaville que não tem mais qualidade de vida. Eu, hein?
Marcadores:
Alphaville,
avenida Faria Lima,
Barueri,
Berrini,
edifícios,
Santana de Parnaíba,
transito
sábado, 30 de abril de 2011
JUNTANDO OS CACOS DE ALPHAVILLE

Um morador do bairro de Alphaville resolveu montar um grupo no Facebook para disdutir e buscar soluções para o caótico trânsito do bairro, especialmente no que tange ao lado de Barueri. Lembrar sempre que Parnaíba tem o problema também, mas ocorrem em trechos menores e o caos ainda não atingiu as proporções do que ocorre no município vizinho. Se o Silvio Pecciolli (prefeito) não abrir os olhos, a cidade vai chegar lá também. O problema é que, para se chegar aos Alphavilles parnaibanos, há que se passar pelo centro do bairro em território barueriense.

O Jornal do Alphaville de ontem (ele é semanal e sai às sextas-feiras) publicou várrias reportagens espalhadas por suas páginas sobre o assunto. Citou o grupo do Facebook e também o problema dos semáforos, que estão atrapalhando muito mais do que ajudando. Como é um jornal, ele escreve notícias diversas, E aí vêm as contradições, que não são necessariamente culpa do jornal: a inauguração do Shopping Iguatemi e da 7a (sétima!!!) expansão do Shopping Tamboré, o lançamento de novos prédios (meu Deus! Mais?)...

Saí hoje por Alphaville vi que, além dos dois edifícios da Via Parque que estão em final de acabamento, do monstrengo na divisa Barueri/Parnaíba ao lado do corrego do Garcia e do Alphaville 3 e do edifício na entrada da avenida Copacabana (ao lado do Burger King) que deverá ser entregue em agosto, há pelo menos mais um prédio sendo anunciado com placas, este na alameda Mamoré, ao lado do América.


Ouvi também falar (não sei se a notícia é real) que um novo edifício, inclusive com um shopping embaixo, vai ser construído onde hoje é o estacionamento da Laville, na Rio Negro.

Nesta postagem, reproduzo diversas reportagens (ou parte delas), anúncios e fotografias publicadas no Jornal de Alphaville ontem.

Que Deus tenha piedade de nós. Que faça baixar o bom senso na cabeça dos políticos da região. A esta altura, as possíveis ssoluções para tentar amenizar o problema passam por pelo menos três providências, que, já sei, são impossíveis de ser feitas, pelo menos a curto prazo: o pessoal vai me chamar de louco, mesmo sem provavelmente terem qualquer outra alternativa.


Quais são elas? 1) A imediata paralização de qualquer obra em andamento, excetuando-se a de casas dentro dos loteamentos fechados, independentemente do ponto em que estiverem e no estado em que estiverem para longa e posterior reavaliação; 2) Suspender toda e qualquer licença para novos empreendimentos, inclusive as que estiverem já com licenças obtidas mas ainda não tiverem iniciado as obras; 3) A imediata colocação de transporte sobre trilhos - de preferência VLTs (Veículo Leve Sobre Trilhos, ou seja, bonde modernos) - em todas os canteiros centrais das principais vias do bairro, sendo que todos se ligarão às estações ferroviárias da CPTM em Carapicuíba, Santa Teresinha, Barueri e Antonio João.

Ah, mas o Ralph é doido! Pode ser. Aguardo alternativas melhores. Porém, como sei que nenhuma das propostas que acabo de fazer serão aceitas, decidirei se continuarei morando aqui assim que tiver para onde me mudar.

Para onde? Ora, não para São Paulo... eu diria, para no mínimo 150 km de distância da Capital paulista...

Finalmente, para arejar a mente, o link para o Onde era, onde é, de hoje.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
O CAOS ÀS NOSSAS PORTAS

O trânsito se arrastou pela Castelo Branco até a saída para a Via Parque, na Castelo. Já havíamos passado a saída do 23, para a alameda Rio Negro, totalmente parada, como está todos os dias a partir das 5 da tarde. A saída da Via Parque, ao lado do quase aberto Shopping Iguatemi, estava totalmente parada. Um estacionamento. Aguardei ali parado uns 5 minutos e resolvo seguir em frente pela Castelo.
Saí pela primeira saída de depois da ponte sobre o Tietê, desci para a Marginal do Tietê e cruzei a ponte que dá na Tocantins, já no Alphaville. Para fazer o retorno e pegar a Marginal do lado foi um problema, mas deu para ir até que rápido. Ali embaixo, até a Via Parque propriamente dita, bem lento. Segui pela Via Parque até em casa sem problemas. Porém, a mão constrária estava totalmente parada desde o antigo BCN. Uma tragédia.
O que houve? Saberá Deus. Geralmente o problema é causado no centro comercial. Há sempre muito trânsito, mas raramente como hoje. Realmente, Alphaville, bairro horrorosamente planejado, está perdido. Está cada vez mais difícil a vida por ele.
Quem sabe escrevendo aqui todo dia sobre isso e enchendo o saco dos meus leitores alguém se ligue o bairro já saturou. Será? O poder do dinheiro vende todos os congestionamentos.
A verdade é que uma as providências que deveriam ser tomadas para o bairro a partir de agora seria proibir qualquer nova construção (a não ser de casas e olhe lá), não liberar qualquer novo loteamento até a ponte sobre o Tietê em Parnaíba e não abrir qualquer avenida nova - mas sim, instalar transporte sobre trilhos nos canteiros centrais...
Tá bem, não é fácil, eu não sei de nada, sou só um palpiteiro mesmo... mas certamente estou enxergando mais que nossos governantes...
domingo, 17 de abril de 2011
O FIM DO GATO PRETO?

Fui hoje cedo ao Gato Preto (km 36 da via Anhanguera, município de Cajamar), onde, como todos já devem estar carecas de saber pois já escrevi duzentas vezes aqui, existem velhas instalações da E. F. Perus Pirapora e das caieiras da fábrica de cimento Portland Perus.





Cheguei à Fazendinha, bem na divisa de Parnaíba com Cajamar, peguei a estrada Tenente Marques e entrei na estrada do Guaturinho, que, antigamente, neste pedaço que fotografei, servia de leito ferroviário para a chegada da ferrovia à estação do Entroncamento, hoje demolida e com sua área coberta pelo mato.

Para enfim chegar ao Gato Preto...

onde notei que, apesar dos boatos, (ainda) não houve demolições, com exceção das paredes e da cobertura de um galpão cujo único item nele contido, um velho locomóvel, continua lá. A velha caieira também segue ali, só que agora dá para ver sua base, com a demolição da parede do galpão do locomóvel.

Ao seu lado, uma velha casa onde existia (ou ainda existe, mas como hoje é domingo, estaria fechado) um bar. O outro bar, junto ao galpão das locomotivas, este continua ali, bem como a casa que, dizem, servia também de estação ferroviária para quem ali chegava de trem.

O rio Juqueri-Mirim continua com sua velha pontezinha com gradil de ferro...

e a estrada do Limoeiro, por onde se entra e sai do bairro para quem não vem pela via Anhanguera, hoje asfaltada, acompanha o antigo leito da EFPP, que passava do outro lado do rio e que hoje está totalmente coberto de mato. É difícil imaginar que a ferrovia passava por ali para chegar ao bairro. Os trilhos dali foram arrancados, também, em 2003, mas eu cheguei a vê-los ali.
Apesar de já ter entendido que os governos municipais raramente se importam com patrimônio histórico, ainda não entrou na minha cabeça o por quê de não se tentar conservar este conjunto arquitetônico do Gato Preto.
Enumero aqui os motivos:
1) O bairro do Gato Preto, ao que tudo indica até aqui em minhas pesquisas, surgiu da construção da ferrovia ali, a partir de 1910;
2) A cidade de Cajamar surgiu com o nome de Água Fria em 1925 exatamente com a abertura de outro ramal da ferrovia e da pedreira nesse ano;
3) O município de Cajamar foi instalado em 1959, separando-se do de Santana de Parnaíba exatamente pelos esforços dos sindicalistas que existiam no bairro e que trabalhavam todos para a ferrovia, pedreira, caieiras e para a fábrica de cimento Portland Perus;
4) A manutenção desse conjunto seria relativamente barata, além de estar praticamente todo ele junto aos morros no Gato Preto, portanto, sendo de pouquíssima utilidade num eventual loteamento. Se este loteamento fosse residencial, então, restaurado, seria um adorno belíssimo para ele. Se fosse industrial, como parece que deverá ser, no entanto, a visão dos imóveis seria escondida em grande parte pela construção óbvia de grandes galpões de quem adquirir as glebas para uso industrial.
Sabe-se também que os atuais donos dos terrenos do bairro têm muitíssimas terras dentro do município. Seu desinteresse em relação à ferrovia etc. sempre foi notório. A sua única propriedade que ainda funciona - a pedreira de Cajamar (que fica no centro da cidade e não no Gato Preto) - foi vendida há poucos anos atrás.
Sem interesse dos donos e sem interesse político dos administradores desta cidade, nada se pode esperar, portanto, em termos de preservação. Infelizmente.
sábado, 16 de abril de 2011
MORTE LENTA

Mudamo-nos para Alphaville no ano de 1982. A decisão de construir uma casa e mudar para o bairro havia sido tomada em 1979, ano em que compramos um terreno em 42 prestações. Não era caro. Em 1980 decidimos vender nosso apartamento no Itaim, onde moramos por 6 anos, e com o dinheiro construir a casa. Em abril de 1982 ela estava pronta e nós, instalados.
Até hoje, moramos no mesmo lugar. O bairro, que era incrivelmente calmo - quando começamos a construir a casa, havia somente quatro construções nos 880 terrenos vazios que ali existiam - era composto de apenas quatro residenciais e nenhum prédio de apartamentos. A avenida Alphaville, que hoje já mudou de nome (Yojiro Takaoka, nome que ninguém usa), acabava junto ao cporrego do Barreiro.
Dali para a frente, a subida para o que viriam a ser os Alphavilles mais novos não existia e para se ir de carro até Santana de Parnaíba havia que se ter coragem, abrir pelo menos duas porteiras, cruzar pelo menos um córrego a vau e correr o risco de arrebentar a suspensão ou de encalhar sem ter quem ajudasse. O leito da velha estrada não era o que hoje é a avenida Alphaville e sua continuação Estrada da Bela Vista - somente uma parte, mais perto do bairro do Tanquinho, era o mesmo de hoje.
O telefone funcionava mal, havia enxames (sem exagero) de pernilongos, faltava água constantemente, mas era uma delícia, com tudo isso, morar ali.
Aos poucos, as empreiteiras - e nisso se inclui a hoje já extinta Albuquerque, Takaoka, idealizadora e construtora dos residenciais que chegaram a 12, no inpicio dos anos 1990 - foram estragando com tudo. Com um sistema viário construído para no máximo comportar os quatro primeiros residenciais, construídos de 1974 a 1980 e não mais ampliado, as construções de seguidos edifícios residenciais e de escritório, além de "centros de apoio" (pequenos shoppings a céu aberto) não trouxeram novas vias nem novos locais para estacionamentos. Somente trouxeram problemas.
Durante os anos 1990, o excesso de trânsito na rodovia Castelo Branco levou a uma estagnação nas novas cosntruções; porém, a chegada do novo milênio trouxe a duplicação da estrada - insuficiente - e a invasão de conjuntos de edifícios gigantescos no bairro, além da explosão de construções na área da antiga fazenda Tamboré que não havia sido comprada para a construção do Alphaville.
Tudo isso ocorreu sem o menor controle por parte das prefeituras dos dois municípios a que Alphaville pertence - Barueri, mais perto da Castelo Branco, e Santana de Parnaíba, na região mais para trás ao redor do Votucavaru e ao longo do rio Tietê no sentido da barragem Edgard de Souza. Fora os loteamentos da fazenda Tamboré, praticamente todos eles no município parnaibano.
Hoje e já há alguns anos o trânsito em Alphaville é proporcionalmente pior do que em São Paulo. O licenciamento para novos edifícios continua sem nenhum controle. As construtoras, de tão grandes que são os empreendimentos que parecem cair sobre as avenidas, acabam com o leito carroçável das estreitas avenidas como a Sagitário, a Via Parque e outras. A invasão de edifícios acontece principalmente no Tamboré (Parnaíba) e no Alphaville dentro de Barueri. No Alphaville dentro de Parnaíba, o grande problema ocorreu atrás do Alphaville 4, onde o licenciamento de um conjunto de oito edifícios junto ao Tietê comprometeu toda uma área do Alphaville 4.
A finalização do Shopping Iguatemi (na esquina da Rio Negro com a Castelo Branco), de dois edifícios na subida da alameda Andrômeda (via de acesso à Via Parque), de um conjunto gigantesco na Sagitário (às margens do córrego Garcia, na divisa dos dois municípios) e do conjunto de prédios citados junto ao Alphaville 4 vai trazer uma enchente de automóveis ao bairro, numa quantidade que o bairro não suportará, já que não está suportando nem o que já existe hoje. E nenhuma grande obra viária à vista, e qs que são anunciadas são claramente insuficientes para aguentar a demanda. Fora isso, o fornecimento de eletricidade está cada vez mais falho e a água já cpmeça a faltar novamente, como era nos anos 1980.
Ninguém fala nada. Apenas algumas reclamações isoladas em Alphaville. O pior é que as prefeituras não têm aparentemente coragem para barrar novas construções: afinal, Alphaville/Tamboré responde pela renda de 90% de Barueri e 75% de Parnaíba.
Enfim: que se f*** quem já mora e trabalha no bairro. Venda sua casa e se mude, pô! Deixe que novos otários venham se instalar no seu lugar.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
ALPHACAOS

Hoje, no Facebook, participei de uma discussão sobre o horroroso trânsito de Alphaville. O problema é crônico e tende a piorar cada vez mais, se é que tem como piorar. A discussão passava inclusive pela velha tese de separação municipal do bairro Alphaville dos municípios onde ele está situado (nem distrito é), ou seja, Santana de Parnaíba e Barueri.
Criado em 1974 por iniciativa da Construtora Albuquerque Takaoka, a mesma que construiu diversos prédios na Capital no final dos anos 1960 e início dos 1970 e que também construiu diversas estações ferroviárias na Alta Sorocabana dez anos antes disso, o Alphaville foi criado para ser um paraíso. E até foi, mas por pouco tempo. Já em meados dos anos 1980 havia diversos problemas, como falta de água, falta de luz, falta de esgoto, excesso de pernilongos, falta de infraestrutura. Depois, veio o problema do excesso de trânsito na Castelo Branco, que não aguentou o rojão. Finalmente, resolvidos (só em parte) vários dos problemas citados acima, veio o que é od e mais difícil solução: o trânsito caótico, causado pelo excesso de construções, residenciais horizontais e edifícios de apartamentos e escritórios numa quantidade para a qual o traçado viário do bairro não estava preparado.
O problema já se arrasta por diversos anos. Já foram colocados alguns semáforos (poucos), construídos dois túneis, alguns pequenos viadutos, avenidas foram alargadas (no que dava para alargar), agora uma passagem subterrãnea que não fica pronta nunca, além de uma passarela que pouca gente usa... e nada de resolver. Para piorar, permitiram a construção de um shopping center - griffe Iguatemi - na entrada do bairro junto à Castelo Branco, o que vai pôr a pá de cal no trânsito horroroso que já se prolonga praticamente pelos dias inteiros e entra pelo início das noites.
Não há planejamento, somente a ganância para ganhar dinheiro. Prédios são construídos em locais onde jamais se sonharia que eles aparecessem. As ruas não dão mais conta do fluxo de tráfego. Por que? Bom, primeiro porque o número de moradores aumenta exponencialmente. O sujeito vem de outro lugares para morar aqui e não analisa a situação a priori. Por exemplo, um conjunto de oito edifícios residenciais está sendo construído entre o residencial Alphaville 4 e o rio Tietê, em frente à foz do córrego da Cachoeira no grande rio. Ora, se muita gente reclama do mau cheiro do rio nas casas que ficam próximas ao rio Tietê já há muitos anos, por que é que se acha que os novos moradores, que ficarão encostados às margem direita do rio, não o sentirão? Afinal, não é para menos que o conjunto de prédios já é chamado a boca pequena de Alpha Cheiro. Outro caso foi a permissão de construção de um conjunto de lojas e escritórios enorme entre o Alphaville 2 e o Alphaville 3 às margens do córrego do Garcia, tapando a visão dos infelizes moradores das casas do Alphaville 3.
A Via Parque, continuação da Marginal Direita do rio Tietê atrás do Alphaville 2, aberta há 3 anos para facilitar o escoamento dos Alphavilles de Santana de Parnaíba e dos Tamborés (a partir do Alpha 3 e do Tamboré 2), corre o risco de entupir de vez quando os prédios que já estão em fase final de construção ao longo da via.
Há vários motivos para o trânsito não andar. Um deles é o escasso número de avenidas em relação ao grande número de edifícios na área fora dos residenciais fechados. Outra é a falta de retornos e de estacionamentos. O motorista vem de sua casa no Alphaville 2, por exemplo, para ir à padaria da alameda Rio Negro e só pode parar no estacionamento já quase saturado particular dela. Não pode, por exemplo, parar do outro lado da avenida para descer do carro e atravessar a avenida a pé para alcançar a padaria porque não há lugar para estacionar em ponto algum da rua (talvez somente às 3 da manhã, quando a padaria está fechada). Então ele tem de avançar até achar um retorno lá na frente do Centro Comercial e voltar. Perderá nisso cerca de dez minutos e será um carro a mais num fluxo de trânsito que precisasse desse carro.
E os ônibus, que em vez de fazerem um percurso o mais retilíneo possível, ziguezagueiam pelas avenidas/alamedas para colher passageiros, fazendo um percurso que deveria levar metade do tempo se fosse feito normalmente? Enquanto isso, agem como filtro de tráfego. Paradoxalmente, o número de ônibus é insuficiente para atender à demanda - e se de repente, a população dos residenciais resolvesse deixar os automóveis em casa para tomar os ônibus, então? Aí, não haveria condução para dez por cento dos usuários...
Qual é a solução, enfim? Não sei. Colocar VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos, ou seja, bondes modernos) nos canteiros centrais das avenidas? Talvez ajudasse, e bem. Proibir a construção de edifícios e shoping centers no bairro? Agora que já há prédios demais, é tarde - mas quem é que tomaria uma posição dessas? Prefeitos? Vereadores? Mas nunca! Demolir o que já existe? Bom para ser contado em contos de fadas.
Ou seja, estragaram Alphaville... e ainda tem gente que acha que criar um novo município resolveria os problemas. Não resolveria, nada. Político é pólítico em qualquer lugar. Como sub-produto, quebraria os dois municípios "castrados", que tem 90% (Barueri) e 75% (Parnaíba) da renda advinda do Alphaville e do Tamboré. Deixe como está e mude-se para Conceição de Monte Alegre, perto de Paraguassu Paulista, um dos locais mais calmos do mundo...
sábado, 19 de fevereiro de 2011
A ELETROPAULO É UM LIXO (2)

Já postei diversos textos aqui reclamando dos serviços da Eletropaulo. Como não sou a Xuxa nem o Paulo Coelho, pouca gente lê. Nem a Eletropaulo deve ler. Se lê, dá risada.
Hoje às oito da manhã, novo corte de luz. Afinal, para que precisamos de eletricidade durante o dia, não é mesmo? Eletricidade só serve mesmo para acender lâmpadas à noite, não é verdade? Mesmo assim, eu preferia a velha Light de Alexandre Mackenzie e sucessores. Depois, foi vendida para a União (mesmo sem precisar, pois a concessão se esgotava logo depois), a União vendeu para o Estado de São Paulo a parte paulista e o Maluf, então governador, colocou o nome dele na empresa: Paulo. Ah, é verdade, Paulo vem de São Paulo. Mas que coincidência, não?
Privatizada nos anos 1990, manteve o nome. Os serviços, que todos os usuários esperavam que melhorassem, não só não melhoraram como, ainda por cima, pioraram.

Hoje, com o enésimo corte de luz somente neste ano, saí a pé, às 10 horas. Cinco minutos depois, encontro na avenida, aqui no Alphaville, um caminhão da Eletroluf, desculpe, Eletropaulo, parado na avenida debaixo de um poste. Havia três fios desligados (veja foto) e um funcionário dentro do caminhão dormindo com a perna apoiada na janela da direita.
Eu sem luz. Parafraseando os tempos do Império Romano, onde "à mulher de César não bastava ser honesta, precisava parecer honesta", a Eletropaulo definitivamente segue o lema: "A Eletropaulo não basta ser ruim, tem de parecer ruim".

A eletricidade voltou vinte e cinco minutos depois das três fotografias mostradas nesta postagem, tiradas por mim às 10:05 da manhã deste sábado.
Marcadores:
alexandre mackenzie,
Alphaville,
eletropaulo,
império romano,
Light,
paulo coelho,
paulo maluf,
Santana de Parnaíba,
xuxa
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
CHAMEM O CLARK (KENT)

Ainda estou com problemas na Internet na minha casa. Estou postando do meu escritório. Ao mesmo tempo, vejo problemas enormes nas empresas de eletricidade. Lá em Alphaville, onde moro, falta de luz é corriqueiro. Em São Paulo City, tem havido apagões: o último foi ontem, na região dos Jardins, pelo que entendi. Semana passada, apagão geral na região nordeste do Brasil, sem incluir o Maranhão, terra do coronel cujo-nome-todos-sabem-qual-é-e-eu-não-escrevo-para-não-dar-a-ele-mais-publicidade-ainda. Coincidência, já que um dos seus afilhados é ministro das Minas e Energia sem entender uma linha sobre o assunto?
Liguei agora há pouco para o consultório do meu médico, daqueles que existem diversos médicos e poucas secretárias, e ela me esqueceu na linha. Na segunda vez, ninguém atendeu ao telefone. Na terceira, atenderam e me deixaram pendurado um tempo. Só aí consegui falar.
Nos clientes da empresa de minha esposa, para quem trabalho (marido dedicado é isso), receber os pagamentos por serviços prestados é uma luta. Considerando que 99% dos clientes são empresas multinacionais, uma delas entre as dez maiores do mundo, a alegação quando são cobrados é sempre a mesma: erro interno, quem recebeu o boleto estava de férias, quem recebeu o boleto não estava de férias, mas a quem repassou diz que não recebeu, a pessoa que recebe os e-mails não leu o e-mail, a pessoa que recebeu o e-mail com o boleto recebeu o e-mail mas não o leu inteiro e não viu que tinha um anexo, enfim - 50% das notas emitidas não são pagas em dia e quando são pagas finalmente fazem-no sem pagar juros e multas, na maior cara-de-pau.
Os fatos relatados acima mostram, no caso da Internet e da eletricidade, que o governo não tem controle algum sobre a infraestrutura que é necessária para atender às necessidades do povo e das empresas que necessitam dessa estrutura. Não é preciso dizer que eletricidade e internet são hoje imprescindíveis para se viver. Claro, a não ser que você se "eremitize". As agências reguladoras não regulam nada e a colocação de novos projetos para atender a demanda que cresce chega - quando chega - muito depois do aumento da demanda. Nunca antes, nunca há uma previsão.
Já no caso das empresas citadas, multinacionais ou consultórios médicos, é visível a falta de mão-de-obra para atender o que seria necessário atender. Nem vou discutir treinamento. O que digo é que na enorme maioria dos casos o pessoal necessário para trabalhar com cobrança (no caso citado) e para atendimento de telefone ou serviço a ser prestado para os profissionais liberais de um consultório é insuficiente. Não adianta vomitar eficiência - tem de ter a eficiência. Para isso, há de se reduzir lucros e não custos.
Enfim, o capitalismo está falindo. Ou já faliu. Alternativas? Certamente não Karl Marx, mas a alternativa clara parece ser inaceitável para os seres humanos que compõe a sociedade: trabalhar para ter o necessário, não para se entupir de dinheiro enquanto metade da população do mundo esteja na miséria.
Aí, vão reflexões de todos os tipos e eu concordo, mas também é fato que ninguém pões efetivamente as cartas na mesa e senta-se para discutir isso. Apenas diz que vai fazer sem realmente querer fazê-lo. E chega, acabou meu momento "salvador do mundo" de hoje.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
RESTOS DOS CAMPOS

Hoje saí a pé para andar aqui perto de casa. Com 15 minutos de caminhada, fui parar no rio Tietê. Nada de novo nisso - em linha reta, estou a 500 metros dele. Só que, para chegar nele, tanto a pé quanto de carro, há voltas e mais voltas. No caminho, passei pela reserva ecológica da Ilha do Bacuri, feita sobre um trecho original do rio em forma de U, na foz do córrego do Barreiro, e hoje não mais parte do curso normal do Tietê.
Um pouco mais adiante, cheguei ao rio propriamente dito. Lá estava ele, com cara de rio de interior, se não fossem, dependendo de que ponto se olha, umas casinhas ao fundo ou um galpão industrial no morro ao alto. Sujo, imundo e sem estar em seu canal original - o rio, ali, foi retificado nos anos 1970 - ainda se parece com um calmo rio a 500 quilômetros de São Paulo. Do outro lado do rio, não é mais Santana de Parnaíba - ainda é Barueri, naquele ponto.
Dá também para ver na outra margem a foz de um outro córrego, o córrego da Cachoeira, que é mais facilmente visto em uma cachoeira de pedras para quem passa pela Estrada dos Romeiros vindo de Parnaíba e pouco antes da Cruz Preta - isso, para quem tem interesse e tempo de olhar sem se distrair e bater o carro. Aliás, a Prefeitura de Barueri parece estar recuperando as margens desse rio, sobre o qual (ainda) não corre avenida nenhuma. É curto, mas bonito... fora a sujeira, pneus, etc.
Logo depois, voltei para casa e tive de sair para comprar algumas coisas. É feriado mesmo, pouco trânsito, fui do outro lado do rio, em Barueri. Aproveitei e dei uma olhada do outro lado do rio em relação a onde eu estava pela manhã. A visão foi interessante. Do lado de cá, um campo de futebol, uma ruazinha que terminava numa pequena mata e, do outro lado do Tietê, os prédios que (infelizmente) estão sendo construídos entre o rio e o Alphaville 4, este em Santana de Parnaíba. Cavalos pastam no campo e os prédios imensos do outro lado mostram a diferença de duas vidas. Há cinquenta anos atrás, os dois lados seriam mais ou menos iguais. Aliás, na foto, o rio não dá para ser visto.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
DIREITO DE IR E VIR

Costumo sair de casa todos os dias às 8 e meia da manhã, com minha filha, para ir ao escritório. Ela vai para o dela e sempre quer dirigir quando eu vou junto. Não entendo por que. Ela, pelo visto, gosta de sofrer no trânsito. Todos os dias, a Marginal do Pinheiros está congestionada. Todos. Sair do Alphaville para pegar a Castelo até que não tem sido difícil. Vamos ver até quando. No fim do dia, porém, a situação se inverte: como saímos pela Eusébio Matoso, a Marginal até a Castelo costuma ser tranquila, a Castelo até o Alphaville dá para engolir. Já dentro do Alphaville, o trânsito é caótico a essa hora.
Hoje de manhã tive ir a Santana de Parnaíba (downtown) antes de ir para São Paulo. Saí de casa às 7 e meia da manhã. O trânsito estava horroroso em boa parte do caminho para a cidade (o caminho é oposto à saída para a Castelo Branco). Quando se sai do Alphaville e se entra na estrada praticamente rural - os 3 a 4 km que ligam o bairro ao centro de Parnaíba - fica tranquilo. Cheguei lá entreguei o que tinha de entregar e voltei. Eram 7 e 55 quando deixei a cidade. Chego a Alphaville e tudo entupido de carros, até chegar em casa para dali sair para São Paulo.
Como se vê, o "tranquilo" bairro de Alphaville, como as imobiliárias ainda o vendem, não o é mesmo. Enquanto dirigia, ouvia o rádio: não era somente ali que tinha problemas. Em Guarulhos - município com 1,3 milhões de habitantes (dado informado pela rádio) - uma greve de ônibus foi deflagrda nesta madrugada, sem prévio aviso. O trânsito estava mais caótico do que o normal e não havia ônibus algum na rua. O pvo que se dane, como sempre, porque os motoristas querem que ele "entenda seus problemas e apoie suas requisições". Belo sonho, mas nada muda. Bando de irresponsáveis.
Leio rapidamente o jornal na passagem por minha casa e vejo que o trânsito no Morumbi, insuportável nas manhãs e fim de tarde está pior do que nunca. Uma avenida (como se ainda fosse o tempo em que as avenidas resolviam problemas) foi anunciada há um-dois anos atrás na região de Paraisópolis, apesar do nome, uma favela) mas agora ela foi reduzida à metade da extensão (e ainda não está pronta) e vai terminar no meio de lugar nenhum. Não vai resolver nada. Ainda por cima, os bandidos ainda assaltam os carros na lentidão da avenida Giovanni Gronchi. E fica tudo por isso mesmo.
Saio então para São Paulo, com minha filha dirigindo. Chove muito e São Paulo tem o quarto maior congestionamento do ano, segundo a rádio. 143 km. Eu certamente fiquei no meio dess quilometragem, na Marginal.
Há pouco mais de um mês, meti o pau na greve dos professores. Comentaram neste blog que eu achava que o trânsito que eles pioravam com suas manifestações era mais importante para mim do que o ensino. Não é, mas será que o sagrado direito de ir e vir é menos importante do que ser educado? Enfim, estou naqueles dias de falar: - está tudo errado!
quinta-feira, 1 de abril de 2010
GRADES E MUROS

Vivemos atrás das grades, atrás de muros? Pelo menos na cidade de São Paulo, sim. Infelizmente, o “pelo menos” pode ser estendido a praticamente todas as cidades do Brasil. Andamos pelas ruas, de carro ou a pé, e vemos as casas escondidas atrás dos muros quase sempre pichados e das grades muitas vezes amassadas e malcuidadas. Casas grandes e pequenas, feias e belas, se escondem atrás de muros altos por cima dos quais mal se pode ver a parte superior das casas.
Já dos prédios, vemos as sacadas dos prédios mais bonitos (para mim, não há prédios bonitos: há os que são menos feios) e as janelas e alvenaria sujas dos edifícios mais simples e feios. Dez, vinte, trinta andares, sempre parecendo que as pessoas que moram lá dentro estão fugindo do chão, afastando-se das ruas, ficando delas o mais distante possível – no caso, o mais alto possível. E tome muros escondendo os jardins e as portarias dos edifícios.
Casas e edifícios novos já são construídos com grade e/ou muros impedindo a entrada de qualquer pessoa que não more neles. Inclusive dos parentes, obrigados a se identificar na portaria pelo porteiro que já está cansado de vê-los, como se fossem os autoritários e arrogantes funcionários de embaixadas de países que insistem em pedir vistos para brasileiros adentrarem seu país.
Casas e edifícios antigos também acabaram fechados por muros e, neste caso, a situação é pior: são construções geralmente bem mais bonitas que as atuais que se escondem dos olhares dos passantes que apenas querem ver algo bem feito.
Ontem quis tirar uma fotografia de uma placa de rua de metal – aquelas antigas, de letras brancas em alto relevo com fundo azul que ainda eram instaladas nas esquinas das ruas da cidade até, sei lá, os anos 1970, grudadas nas paredes à beira da calçada ou até um pouco mais recuada. A rua, de uns 4-5 quarteirões, somente tem ainda essa placa. Ela está atrás de grades, na parede de um prédio de esquina.
Do lado da frente do prédio, a parede está recuada em relação à calçada – é ali que a placa está, grudada nela. Da lateral, a parede encosta na calçada da outra rua. Não me deixaram entrar no jardim gradeado para fotografá-la. Devo ser um perigoso espião ou agente avançado de bandidos que querem planejar um ataque em massa ao prédio, como num arrastão. Enfiei as mãos e a câmara por entre a grade na rua lateral e consegui fotografar a placa.
Casas e prédios sem grades e muros são tão raros de se ver hoje em dia, qualquer que seja o bairro da cidade, rico ou pobre, que, quando vemos uma, nos espantamos. Ainda existem algumas. E sim, quem me conhece sabe que eu moro em Alphaville, cujas casas não tem qualquer tipo de grade ou muros em relação à rua – mas também sabem que cada loteamento é cercado por muros altos e só entra quem passa por uma portaria central. É, eu também me rendi à neurose.
É uma pena. As cidades perdem demais em beleza e ganham demais em feiúra. Tudo pelo medo que foi gerado pela insegurança de estarmos cercados por pessoas supostamente sem educação e cultura, sem dinheiro e com fome, como se fossem bárbaros à procura de comida matando todos os que encontram pela frente. Mas será isso mesmo? Ou é a imagem que criamos e que destrói grande parte da beleza de nossas vidas – de ricos e de pobres.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
SAUDADES DO QUE NÃO VIVI

Ah, que saudades tenho
De quando não havia luz elétrica à noite
De quando os lampiões iluminavam as ruas
De quando não exitia televisão
De quando não sentávamos no computador
De quando saíamos à noite para o footing
De quando sentávamos na varanda para conversar
De quando famílias conversavam
De quando se conheciam os vizinhos
Hoje fiquei sem luz por seis horas
Como acontece praticamente uma vez por semana
No lugar em que moro chamado Alphaville
Eu que acostumei com a televisão não a tenho
Eu que gosto de ler não posso
Eu que sento ao computador não o tenho
Eu que não conheço meus vizinhos
Eu que saio a pé à noite no escuro
E não encontro viv'alma nas ruas
Ai que saudades tenho
Do tempo em que os fornecedores respeitavam os clientes
Do tempo em que eu não dependia deles
Do tempo em que se sentia fome
Do tempo em que não era preciso
Escrever linhas ridículas como estas de raiva quando volta a luz
Ai que saudades tenho
Do tempo em que minha avó Maria era moça
E que simplesmente se sentava na lua para espairar
Assinar:
Postagens (Atom)