terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

CAMINHANDO NO CEMITÉRIO

O cemitério em Brotas. O centro da cidade está para a direita.

Literalmente, foi o que eu e meu sobrinho fizemos anteontem pela manhã, em Brotas. O cemitério da cidade é pequeno; afinal, ela não tem nem 25 mil habitantes. Ele fica bem longe do centro histórico, o que é comum nos cemitérios construídos no século XIX, para afastar doenças. Hoje, está englobado pela cidade.

Imagino como devia ser difícil visitar o cemitério ou enterrar uma pessoa, carregar os caixões para ele nos tempos idos. Localizado a cerca de seis ou sete quarteirões da rua principal, para se chegar a ele temos de descer o vale e subi-lo novamente. Com ruas de terra como eram até relativamente pouco tempo, em tempos de chuva e sem automóveis deveria ser uma aventura.

Fernando foi procurar túmulos e dados sobre seus antepassados da cidade, os Piva e os Albuquerque. O túmulo mais velho que encontramos foi justamente o de um tio seu, morto nos anos 1870. Ele ficava ao lado da entrada principal do cemitério, ou seja, quanto mais importante, mais perto da entrada ficava. Ou não? Seria apenas mais caro ficar próximo à entrada, e mais barato longe dela? O fato é que há uma porção do cemitério que somente tem túmulos bem mais novos. Aparentemente, foi uma seção anexada mais tarde. São somente suposições de minha parte. Há muitos túmulos de mármore, antigos e novos. Há túmulos bem simples, há aqueles com fotografias, com placas de bronze, de pedra, de metais, de mármore. Alguns bem cuidados, outros nem tanto.

Afora nós dois, apenas encontramos uma pessoa dentro do cemitério. Era um senhor encostado a um túmulo rezando baixinho. Lá estava enterrada uma mulher, morta em 2007, com a frase “saudades de seu marido”. Ou algo muito parecido com isso. Foi uma cena extremamente comovente de se olhar. Na verdade, eu apenas bati o olho e passei, obviamente não fiquei parado mirando a cena. Mais tarde, conferi o que estava escrito. O silêncio ali dentro é grande, como em qualquer cemitério. Ainda mais se considerarmos que o tráfego de automóveis em volta dos muros é mínimo. Não é como em São Paulo, que há sempre muita gente dentro deles, dada a quantidade de túmulos.

Também é curioso verificar como as famílias dessa cidade sempre eram enterradas lá, mesmo que morressem fora. As tradições do interior podem estar desaparecendo, mas o fato é que isso ocorre muito lentamente, principalmente em uma cidade pequena como Brotas.

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