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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A PONTE SOBRE O RIO TIETÊ EM SANTANA DE PARNAÍBA

A ponte de madeira em 1919 - Acervo Zezinho Scarpa

No município de Santana de Parnaíba, situado a 40 quilômetros da Praça da Sé, somente existe uma ponte sobre o rio Tietê.

A atual foi construída em 1955, quando a Light terminou as obras da segunda retificação do rio neste município, quando transformou a usina hidrelétrica da cidade - a primeira do Estado - em barragem.

Antes, havia outra ponte - de madeira. Por ela passavam pessoas e automóveis. Quando esta foi construída, não se sabe exatamente, O que se sabe é que já existia uma ponte no início do século XIX.

Não existem muitas fotografias desta antiga ponte. Uma dessas fotos é de 1919, segundo a pessoa que a tem. Outro fato: a ponte não ficava no mesmo lugar em que a atual está situada, ou seja, no final da rua Padre Luiz Alves de Siqueira Castro, rua que foi construída nos anos 1950 exatamente para dar acesso à nova ponte.
Em vermelho: local da antiga ponte de madeira. Ao norte desta, a ponte atual.

O local da antiga ponte, ao que se pôde concluir, ficava no final da rua Meatinga. Com a retificação do rio nos anos 1950, a rua Meatinga teve sua parte final destruída e parte dela foi submergida. A nova ponte seria, então, construída alguns metros a jusante do Tietê.

domingo, 27 de novembro de 2011

A INAUGURAÇÃO DO AUTÓDROMO DE INTERLAGOS

Em 15 de abril, o convite para o comparecimento dos interessados em ver as obras.

A inauguração do autódromo de Interlagos, em São Paulo, deveria ter ocorrido com uma corrida de motocicletas, em novembro de 1939. Pelo menos, era isto que estava previsto. No mês de abril de 1939, a empresa construtora publicou um grande anúncio nos jornais convidando os interessados para conhecerem o empreendimento.
A notícia sobre o que ocorreu na apresentação do dia 16 de abril.

Naquele dia, houve um grupo de motociclistas e de automobilistas que chegaram a dar algumas voltas na pista ainda incompleta.
Em 12 de novembro, o anúncio da inauguração do autódromo para o dia 19 de mesmo mês.

No entanto, uma série de problemas adiaram o anunciado dia para o evento, de 19 de novembro para o dia 26 de novembro seguinte. O motivo teria sido a falta de infraestrutura oferecida pela Prefeitura para a ida e a volta do evento, na época em local ermo e de difícil acesso, e a falta de locais de estacionamento para automóveis.
No dia 12, a notícia de que a inauguração seria mesmo dia 19 de novembro.

Note-se que somente havia bondes até o largo do Socorro. Dali até o autódromo (quem conhece São Paulo sabe bem a distância, acho que somente se podia ir a pé, pois não havia condução (pelo menos anunciada).
No dia 21 de novembro, noticia-se que não houve a inauguração, dando as razões.

No dia 25 e 26, os jornais anunciavam detalhes sobre como chegar à corrida, preços dos ingressos, bondes, etc.
No dia 25, novo convite para a inauguração, com tudo o que o visitante precisaria saber para o dia 26 de novembro.

No final, os jornais do dia 28 anunciaram: não houve corrida e nem inauguração, por causa do mau tempo. Imaginem os senhores, chegar com chuva a um local desses, sem nenhuma rua asfaltada ao seu redor, a lameira que seria... fora o risco de acidentes durante a prova.
Finalmente, no dia 28, a notícia: novo adiamento, desta vez para 1940.

O autódromo acabou sendo inaugurado no início do ano seguinte, 1940. Todas as notícias e anúncios acima foram publicados no jornal Folha da Manhã, atual Folha de São Paulo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A ELETROPAULO É UM LIXO (2)

O funcionário da Eletropaulo dormindo com o pé na janela do carro da empresa...
Já postei diversos textos aqui reclamando dos serviços da Eletropaulo. Como não sou a Xuxa nem o Paulo Coelho, pouca gente lê. Nem a Eletropaulo deve ler. Se lê, dá risada.

Hoje às oito da manhã, novo corte de luz. Afinal, para que precisamos de eletricidade durante o dia, não é mesmo? Eletricidade só serve mesmo para acender lâmpadas à noite, não é verdade? Mesmo assim, eu preferia a velha Light de Alexandre Mackenzie e sucessores. Depois, foi vendida para a União (mesmo sem precisar, pois a concessão se esgotava logo depois), a União vendeu para o Estado de São Paulo a parte paulista e o Maluf, então governador, colocou o nome dele na empresa: Paulo. Ah, é verdade, Paulo vem de São Paulo. Mas que coincidência, não?

Privatizada nos anos 1990, manteve o nome. Os serviços, que todos os usuários esperavam que melhorassem, não só não melhoraram como, ainda por cima, pioraram.
...enquanto os fios estão desconectados no poste...
Hoje, com o enésimo corte de luz somente neste ano, saí a pé, às 10 horas. Cinco minutos depois, encontro na avenida, aqui no Alphaville, um caminhão da Eletroluf, desculpe, Eletropaulo, parado na avenida debaixo de um poste. Havia três fios desligados (veja foto) e um funcionário dentro do caminhão dormindo com a perna apoiada na janela da direita.

Eu sem luz. Parafraseando os tempos do Império Romano, onde "à mulher de César não bastava ser honesta, precisava parecer honesta", a Eletropaulo definitivamente segue o lema: "A Eletropaulo não basta ser ruim, tem de parecer ruim".
...sobre o caminhão na avenida Yojiro Takaoka, no Alphaville/Santana de Parnaíba
A eletricidade voltou vinte e cinco minutos depois das três fotografias mostradas nesta postagem, tiradas por mim às 10:05 da manhã deste sábado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

HOTEL OTHON


Deu hoje no jornal que o antigo Hotel Othon, na esquina da rua Líbero Badaró com a Praça do Patriarca, em pleno centro velho da cidade de São Paulo vai ser utilizado pela Prefeitura Municipal - cujo prédio-sede fica em frente a ele, na entrada do Viaduto do Chá - para abrigar as secretarias que são mais ligadas e dependentes da administração. O prédio terá inclusive uma passagem subterrânea para comunicação entre os departamentos.

O prédio fora desapropriado depois do fechamento do hotel, o que se deu em 2008. É ótimo ter uma função, para que não se torne mais um elefante abandonado no centro da maior cidade do País. Porém, ele será reformado, com certeza: mudar-lhe-ão as partes externas? Afinal (e meus leitores sabem que não gosto nem um pouco de edifícios altos, sejam residenciais, sejam de escritórios), é uma construção dos anos 1950 que ainda tem alguns atrativos, ao contrário de diversos caixotões por aí. Não sei se é tombado por algum órgão: talvez até o seja.

O que me faz lembrar este prédio é o fato de ele ter sido palco da festa de casamento de meu filho, dois anos antes de fechar, em março de 2006. A recepção foi feita no mezzanino, onde havia o restaurante do hotel. O salão foi alugado para a festa numa noite de sábado. A cerimônia de casamento havia sido realizada na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no largo do mesmo nome. Diversas pessoas que compareceram a ela comentaram que jamais haviam ido a essa igreja e que, apesar disso, a consideraram uma das mais lindas da cidade pelo seu interior. Verdade. E pouca gente ia e vai pela simples razão que ela está incrustada no meio da Cracolãndia em volta de velhos (e lindos) casarões abandonados. Apesar disso, valeu a pena.

Já no início da noite, noivos e convidados dirigiram-se, de carro, claro, para o Othon. Muitos convidados passaram a noite no hotel. Assim como na igreja, muita gente comentou que não vinha - ou nunca havia vindo - há muitos anos para o centro velho de São Paulo nem de dia, quanto mais à noite. E descobriram que a cena que se vê do primeiro andar do prédio é muito bonita à noite.

Sem a multidão comum em volta dos dias de semana, as luzes e baixo movimento fazem com que a vista seja bastante agradável. Vêem-se os prédios antigos da Praça do Patriarca e da antiga sede da Matarazzo - que hoje é a sede da Prefeitura, o viaduto do chá e, do outro lado deste, o Teatro Municipal, o antigo prédio da Light, hoje shopping, e o Hotel Esplanada, atual sede da Votorantim. Tudo iluminado com iluminação direta.

Tudo isto tornou para muitos presentes e principalmente para meu filho uma ocasião especial. Já seria especial pelo casamento em si: foi algo mais brilhante por ter sido diferente.

Portanto, caro senhor Prefeito, veja lá o que vai fazer com o prédio.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

SHOPPING CENTERS

Até o prédio da Light, construído junto ao vale do Anhangabaú no final dos anos 1920 em São Paulo, virou shopping center...

Detesto shopping centers. Para começar, eu sou chato mesmo e acho que eles deveriam se chamar Centro de Compras, que é a tradição literal, e não ter nome em inglês. Ou então, aportuguesar a palavra: "Xopin Center". Não, palavras que começam com X são muito esquisitas. O fato, porém, é que não há "sh" na língua portuguesa.

Aliás, mais curioso ainda é o fato de que o americano, que inventou esse triste centro de consumismo, não chama o que chamamos de shopping centers de shopping centers. Os nossos shopping centers para eles são os shopping malls. Em compensação, o que eles chamam de shopping centers são, na verdade, aqueles shoppings pequenininhos que muitas vezes ficam em esquinas com meia dúzia de pequenas lojas e onde os automóveis estacionam na frente delas.

Hoje tive de ir em um shopping. Normalmente, só vou a eles quando é absolutamente necessário. Entro, tento ir direto à loja em que preciso comprar ou conferir alguma coisa, compro, pago e saio de volta para o carro. Hoje não deu. Por diversos motivos que não vêm ao caso, acabei permanecendo cerca de uma hora e meia lá dentro, e na mesma loja. Dela somente saí para ir ao banheiro e para comprar um refrigerante. Ah, sim: aproveitei para ir ao banco, já que havia um lá dentro bem próximo à loja em que eu estava.

Você já experimentou achar um banheiro num shopping? Claro, se você vai sempre a eles, já descobriu onde eles estão. Mas para quem não vai nunca, achar um banheiro é tarefa hercúlea. Normalmente não há placa indicando onde eles estão. E quando há, mesmo seguindo as placas, você não chega no banheiro. Hoje, por exemplo, no andar em que eu estava não havia banheiro. Perguntei a um guarda onde era e ele me mandou descer a escada e entrar à direita. Que absurdo! Mudar de andar num enorme shopping só para ir ao banheiro.

Outra coisa que não me agrada nos shoppings é a reverberação imensa e insuportável a ponto de não se conseguir conversar direito. Você senta com sua esposa ou com amigos numa mesa para conversar mas não consegue, graças ao insuportável festival de vozes que retumba pelo amplo salão. E mais: restaurantes e barzinhos estão frequentemente cheios demais.

Enfim, reclamo demais, concordo. Mas que continuarei indo a shoppings somente quando precisar muito, ah, isso vai continuar... Prefiro mil vezes caminhar pelas ruas. Pode ser mais inseguro, mas pelo menos me sinto livre sem um teto enorme em cima de mim e sem a luz do sol.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

EM JANEIRO DE 1918...


O Colégio São Luiz anunciava a sua mudança de Itu e chegada à avenida Paulista...


A balsa do Guarujá (ferry-boat), que a ligava a Santos começava a operar...


A rua Bartira, então no subúrbio de São Paulo denominado Perdizes, já possuía água encanada e eletricidade e até banheiro das casas...


Cultivavam-se uvas na rua Tobias Barreto, na Quarta Parada...


Na rua da Consolação, esquina com a Paulista, existia um barracão que tinha um desvio da Light (ou seja, da linha de bondes elétricos, para carregamento)...


E em plena rua Conselheiro Furtado, centro da cidade, havia um local chamado "Buraco da Onça".

São lembranças de uma cidade que não existe mais.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O BROOKLYN PAULISTA HÁ 90 ANOS


O anúncio acima saiu no jornal Diário Popular de 15 de março de 1921, portanto, há quase 90 anos. E ali mostra coisas interessantes, além do mapa em si. Primeiro: esta seria uma segunda (ou terceira, quarta, sei lá) campanha de vendas de terrenos. No mapa, o que está em branco são terrenos à venda. Em preto, terrenos já vendidos. Quem era o dono de tudo e estava vendendo era nada mais, nada menos do que a hoje Indústrias Votorantim! Por que teriam sido eles os donos da área?

A área, como hoje, ficava entre o córrego das Águas Espraiadas e o córrego do Cordeiro - notar que as avenidas vieram muito tempo depois, dos anos 1970 para a frente. A Estrada de Santo Amaro, hoje avenida, limitava a área a oeste e a Estrada para o Jabaquara, a leste. Aqui está um dos pontos que mudaram: esta última estrada, se analisarmos os mapas antigos e os atuais, depois se tornou, à esquerda da Washington Luiz (que foi o alargamento da 15a rua paralela à atual avenida Vereador José Diniz, onde passava o bonde no mapa de 1921), a rua Visconde Porto Seguro, que hoje tem o nome de Rubens Gomes de Souza, pelo menos até o início dos muros da Chácara Flora, onde a partir dali continua com o nome anterior no sentido de Santo Amaro.

Esta estrada para o Jabaquara continuava depois com o nome de avenida Jabaquara (hoje Lino de Moraes Leme) até São Judas, onde ainda se chama avenida Jabaquara até a rua Luiz Goes, na Vila Mariana.

As seis ruas paralelas que faziam o percurso Estrada de Santo Amaro-Estrada para o Jabaquara são as atuais José dos Santos Jr. (antiga), Bernardino de Campos, Joaquim Nabuco, Laplace (até os anos 1980, Martim Francisco), Pirandello (ex-Quintino Bocaiuva) e Tomé Portes. Note-se que a maior parte dos terrenos vendidos em 1921 estavam nas ruas próximas à linha do bonde e na rua Tomé Portes, com fundos para o córrego do Cordeiro.

O anúncio para a venda dos terrenos ressaltava o fato de haver "bonde à porta" e prometia "luz elétrica brevemente". E ainda afirmava que o bairro era a antiga "Vila Volta Redonda", ou seja, formou-se a partir da estação ferroviária de Volta Redonda, que ali existiu até 1913, quando a linha férrea a vapor da Cia. de Carris de Ferro de Santo Amaro - que descia o vale do Cordeiro em grande curva, gerando o nome da estação desde 1886 - foi substiruída pela linha nova e reta do bonde elétrico da Light pela então avenida Conselheiro Rodrigues Alves.

São recordações do velho município de Santo Amaro, ao qual o bairro ainda pertencia. Quatorze anos depois, o município seria anexado ao de São Paulo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ERNESTO E A GLETTE

Palacete Jorge Street, em 1926, pouco antes das reformas que sofreu para abrigar a Faculdade.

Uma das ruas mais nobres da cidade de São Paulo na virada do século XX, a alameda Glette foi perdendo aos poucos seu casario e se transformando em rua de pequenas lojas de negócios e bares. Hoje, apenas algumas das construções que ela tinha ainda sobrevivem, algumas em más condições.

Começando na rua das Palmeiras, como continuação da rua Martim Francisco, a alameda Glette tem seu nome dado em homenagem ao alemão do mesmo nome, um dos loteadores do bairro de Higienópolis, este situado muito próximo ao início da rua. Termina em frente ao pátio da Sorocabana, na alameda Cleveland.
Era na Glette que ficava uma das garagens de bondes da Light e mais tarde da CMTC. A rua também abrigou os dois prédios da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo até o final dos anos 1960. Uma das casas, a mais antiga, era o Palacete Jorge Street. Estas construções não mais existem. Da última, sobrou apenas uma enorme figueira, esta tombada pelo patrimônio dentro do terreno - hoje um estacionamento - onde as construções existiram um dia, chamada hoje de "Figueira da Glette".

Ainda se preservam em pé algumas casas do final do século XIX, bem como o antigo Palácio do Governo, hoje sede de uma secretaria estadual, entre a rua Guaianases e a avenida Rio Branco. Um belo palacete também está ainda de pé na esquina da Rio Branco, do outro lado da avenida em relação ao ex-Palácio.

Meu pai, Ernesto Giesbrecht, morou, estudou e trabalhou na alameda Glette. Residiu ali numa casa dessas casas com janelas para a calçada, vários quartos, térrea, de mais ou menos 1940 até 1948, aqui, quando já estava casado. Ia estudar e depois trabalhar a pé, pois a Faculdade - ele fez Química - ficava no quarteirão ao lado. Também estudou, de 1934 a 1941, no Liceu Coração de Jesus - que também ficava na Glette, próxima ao seu final. Ernesto não era daqui, nasceu em Ponta Grossa e veio com os pais, aos treze anos de idade, no início de 1934.

Depois de 1967, quando a Faculdade foi transferida para a Cidade Universitária, ele, que já morava no Sumaré desde 1950, nunca mais voltou para a Glette, depois de trinta e três anos seguidos passados nela. Não havia mais nada a fazer ali. Sua antiga casa já havia sido demolida. O Liceu, ele havia terminado. O Liceu ainda está ali até hoje, sofrendo com os "nóias" que ficam vagando em volta dele, assustando alunos, professores e pais todos os dias. A Glette, quem diria, acabou no meio dos drogados.

quarta-feira, 10 de março de 2010

EXPRESSÕES D`ANTANHO


Ontem à noite minha filha apagou as luzes da sala que eu já havia deixado e perguntou-me se eu era "sócio da Light". O interessante é que, quando ela nasceu, a Light de SP já era Eletropaulo. Por que essa expressão ainda se mantém? Aliás, ainda há gente que pergunta: "E eu com a Light?" Ou seja, "E eu com isso?", outra expressão que sobreviveu ao tempo. Talvez no Rio, se é que essas expressões também eram usadas, fale-se mais assim: afinal, o nome Light sobrevive até hoje lá, pois a empresa manteve o nome na parte carioca e fluminense.

Também ontem alguém falou em "45 contos" no lugar de "45 reais". A expressão "contos" ou "contos de réis", significando um milhão de réis, que em 1943 se tornaram mil cruzeiros e que depois, com os diversos cortes de zeros que vieram nos anos seguintes até a chegada do real em 1994, hoje tem um valor infinesimal desta última moeda. Porém, até hoje é usada! E não só por gente tão velha assim, que usa também a expressão "mil-réis" ou "merréis", de onde veio também "merreca", expressão de hoje que significa pouco dinheiro.

A linguagem popular altera-se constantemente, e mesmo palavras ou expressões utilizadas dez anos atrás em alguns casos não o são mais. Minha mãe usa a expressão "do tempo da zagaia de gancho" ou somente "do tempo da zagaia" e me afirma que mesmo quando ela era pequena a zagaia já era uma palavra que estava desaparecendo — pois zagaia é um tipo de arame que facilitava a amarração e a colocação de botões nas botinas, e estas também já estavam saindo da moda nos anos 1920. Outra expressão que existia era "no tempo dos afonsinhos", que também mal se usa hoje e é bem velha — teve origem nos dois filhos homens do Imperador Dom Pedro II, que morreram ainda pequenos e receberam o mesmo nome — Afonso —, embora tenham nascido em anos diferentes nos anos 1840.

A história de um povo e de uma nação se faz também no conhecimento dessas expressões que se tornaram famosas por algum tempo e que sempre tinham algum motivo para existir. E chega de escrever sobre isso hoje, antes que eu me torne alvo de pândegas e chacotas.

segunda-feira, 8 de março de 2010

CONTAS DA LIGHT


Os bancos em geral prestam um serviço horroroso aos seus clientes, exceto quando estes têm muito dinheiro em seus cofres. Posso colocar aqui inúmeros exemplos de absurdos, de arrogância, de desleixo e de arbitrariedades cometidas por diversos bancos diferentes contra mim e/ou amigos e conhecidos. Mas não é esta a intenção.

A intenção aqui é mostrar que, apesar disso, eles têm um bom serviço — que varia de banco para banco, mas basicamente funciona — que é o de se poder pagar contas e transferir e receber dinheiro pelos sites que eles mantêm na Internet. E é por isso mesmo que não entendo por que ainda existem pessoas que mandam pagar contas nos caixas.

Hoje tive de ir ao caixa de um banco; infelizmente o que eu precisava fazer não dava para fazer pela net. Fiquei esperando cerca de 20 minutos para ser atendido. Vi uma cena rara, também: cinco dos seis caixas estavam abertos, e pouco depois o sexto caixa também abriu. Isto não é comum, o que mais se vê são — digamos — seis caixas com apenas um ou dois deles funcionando.

Porém, mesmo assim, esperei esses vinte minutos porque, embora houvesse umas quinze pessoas no máximo na fila, pelo menos quatro delas eram (possivelmente) motoboys com inúmeras contas para se pagar em dinheiro ou em cheque. Cada um gastou pelo menos quinze minutos no caixa. Não entendo realmente por que pessoas relutam em usar a Internet para facilitar a própria vida. Medo de vírus? De fraudes? Não sabem mexer com o computador? Ora, se confiam no portador, seja ele quem for, por que não confiam num computador? Afinal, ambos podem fazer fraudes.

Ou seja, Por outro lado, sei também que contas — na maioria dos bancos — se estiverem vencidas não podem ser pagas nos sites (o que também é absurdo).

Se todo mundo hoje fosse pagar hoje suas contas nos bancos, seria um desastre incontrolável. Nem o aumento do número de caixas resolveria o problema, pois as filas seriam intoleráveis, não haveria espaço para tanta gente nas agências.

Antigamente, pagava-se as contas nas agências das concessionárias de serviços públicos. Eu mesmo me lembro de ter recebido cheques de clientes da empresa em que eu trabalhava nos anos 1970 para ser trazidos e depositados pela tesouraria em bancos. Eu tinha uma procuração da companhia que me dava o direito de receber esses cheques e dar-lhes quitação com um carimbo na duplicata e minha assinatura neles. Várias vezes recebi esses pagamentos.

Em 1934, meu avô fez um pagamento na empresa de luz — a São Paulo Tramway, Light and Power, ou simplesmente Light — na sua agência. O recibo do pagamento está aí em cima. Quatro carimbos, entre eles a data de 12 de abril de 1934. Era uma caução para a empresa, em caso de se exceder a cota de energia prevista para o consumidor.

Seja o que for, tinha de ser paga nos escritórios das empresas e não em bancos. Lembro-me de ouvir meus pais reclamar do dia do pagamento das contas de telefone nos escritórios da CTB — Companhia Telefônica Brasileira, mais tarde Telesp. Isto nos anos 1960. Os escritórios onde se pagavam as contas neste caso era na rua 7 de Abril, no centro da cidade.

Os tempos mudaram, mas tem muita gente que ainda não percebeu isto.

quinta-feira, 4 de março de 2010

TRAMWAY DE SANTO AMARO

Estação do Encontro, próximo à atual igreja de São Judas, na então divisa dos municípios de São Paulo e de Santo Amaro. Não encontrei referência alguma à desaivação ou desmonte deste pátio nos relatórios da Light até agora.

No ano de 1886, quando Santo Amaro era um município separado de São Paulo, o Engenheiro Kühlmann inaugurou uma linha de tramways a vapor que ligava a estação de São Joaquim (na esquina da rua São Joaquim com a rua da Liberdade, hoje avenida, no bairro do mesmo nome e no local onde hoje está a estação São Joaquim do metrô) à estação de Santo Amaro, muito próxima do centro dessa então cidade.

A história é contada em muitos livros e sites de Internet. A via permanente desse trem seguia pela rua da Liberdade, entrava pela Vergueiro e depois pela rua Domingos de Morais, já na Vila Mariana e daí prosseguia mais ou menos onde hoje é o leito da avenida Jabaquara até onde atualmente fica a igreja de São Judas, descia por dentro do Aeroporto de Congonhas e pelos bairros do Campo Belo e Brooklyh Paulista, estes últimos já em Santo Amaro, para finalmente entrar pelas atuais avenidas Vereador José Diniz e Adolfo Pinheiro, chegando à estação terminal.

Em 1913, a Light, que havia instalado e assumido a distribuição de energia elétrica e de bondes elétricos em São Paulo e em Santo Amaro, depois de comprar o tramway em 1900, completou sua eletrificação. A linha, então, passou a correr desde a Praça João Mendes, passando pelas ruas da Liberdade, Vergueiro e Domingos de Morais para aí mudar o seu caminho, entrando pela rua Jabaquara - hoje Conselheiro Rodrigues Alves - e dobrando ao lado do Instituto Biológico para numa grande reta alcançar o largo Treze de Maio, ao lado da praça central (Jardim Público) de Santo Amaro.

A linha que seguia pelas ruas Domingos de Morais depois do largo Ana Rosa e avenida Jabaquara foi mantida, também eletrificada. Ela hoje não existe mais, foi desativada em 1966, dando caminho para a passagem do metrô, linha Norte-Sul. A linha de Santo Amaro, por sua vez, foi a última linha de bondes a ser cancelada em São Paulo, tendo-o sido em março de 1968.

Essa é a história que consta. Não está errada, mas também não está totalmente correta. Por exemplo, a eletrificação da linha do antigo tramway já estava eletrificada antes de 1913 entre a praça João Mendes e a estação da Vila Mariana, na praça Teodoro de Carvalho. Somente depois desse ponto é que a linha continuava a vapor.

Esta foi uma das coisas que descobri nos relatórios da Light que pesquisei hoje, na verdade, as edições entre 1910 e 1916. Antes, não pesquisei, ainda, e tenho muitas dúvidas acerca do período entre a compra do tramway em 1900 e o ano de 1910. A estação da Vila Mariana, do tramway, por exemplo, foi demolida em 1911. Isto também não consta em nenhum livro que li. Acredito que alguém jamais tenha se importado com isto. Eu, como sou chato, fui pesquisar e achei isto hoje.

O curioso é que os relatórios da Light and Power são muito confusos, afirmando num ponto algo que parece diferente do que eles afirmam em outro local do mesmo ou do relatório seguinte. Por exemplo, a história diz que o ramal do Matadouro e a linha para São Judas também foram eletrificadas em 1913. Os relatórios não citam absolutamente nada sobre isto. Há muito ainda que se pesquisar.

Enfim, estou apenas transmitindo algumas coisas que consegui saber hoje depois de uma tarde lendo esses relatórios. Ainda faltam outros para ler.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MUITA, MUITA ÁGUA

A várzea do Carmo, hoje Parque Dom Pedro II, quando inundar não era nenhum problema — por isso se chamava várzea (1884). No alto, o Pateo do Colégio.

Depois de muita chuva por cerca de quarenta e cinco dias seguidos (de acordo com os jornais), ela parou ontem. Domingo já havia chovido pouco, no Jabaquara e arredores. Ontem, segunda-feira, não foram reportadas chuvas na cidade de São Paulo. Hoje, choveu, pelo menos na zona oeste e, até agora, não tenho notícias de maiores problemas.

O fato é que está muito quente há dias, com chuva ou sem chuva. Com pouca chuva por mais de quarenta e oito horas, o chão foi secando. Não sei se em quantidades significativas, mas o fato é que os pingos que caíram hoje e molharam o chão aqui de casa desapareceram depois do fim da chuva com muita rapidez.

Não foi à toa que cada dia que chovia a cidade inundava. A terra estava, ou está, saturada de água. Não há como absorver mais água, então, cada chuva razoavelmente forte acaba por alagar até locais que geralmente não sofriam do "mal".

Durante dias, pararam o trânsito de veículos, o metrô, os trens da CPTM, os ônibus... guarda-chuvas de pouco adiantavam, pois quem se arriscava a sair com chuva e guarda-chuva ficava ensopado do mesmo jeito: a chuva caía de lado, respingava com seus grandes e grossos pingos no chão contra as calças, meias e pernas nuas, molhava a roupa toda e, para piorar, muito guarda-chuva virou do avesso com facilidade.

Ainda se veem grandes quantidades de terra em ruas e calçadas que sofreram inundações, grandes ou pequenas. O Jardim Pantanal e o Jardim Romano, que inundaram muito, ficaram todo o tempo de chuva como uma "Veneza brasileira". Sem gondoleiros, no entanto, e com portas mais baixas que a água, ao contrário da cidade italiana.

Crianças nadavam e andavam de barcos improvisados para fugir das desgraças da chuva: elas tentam ver o lado divertido da coisa. Seus pais sofreram bastante, no entanto. Muitos perderam móveis, automóveis e casas que caíram, foram soterradas ou escorregaram pelos morros. É até incrível que este fato não ocorra com mais frequência, dada a quantidade de água que caiu e os locais pouco (pouquíssimo) recomendados para a construção de qualquer casa que seja.

Há registros de anos muito chuvosos pela história dos últimos cem anos, facilmente perceptíveis quando se lê sobre o passado em São Paulo ou no Brasil. 1928 foi um deles — as obras ferroviárias nesse ano, reportadas nos relatórios das ferrovias, foram um problema para sua manutenção e construção. 1929 foi o ano da grande enchente da Light no rio Pinheiros, causada, dizem alguns, pela própria empresa para delimitar a sua zona de atuação como a lei previa. 1983 tenho na minha lembrança — como choveu nesse ano! Lembro-me das paredes de casa "chorando" de umidade. 1967 foi o ano da tragédia de Caraguatatuba, quando as chuvas trouxeram o morro abaixo e muita gente morreu. E outros, certamente, que não me vêm agora à mente.

Que a chuva modere agora a sua força para que a sofrida cidade de São Paulo possa aguentar ainda muitos anos sem se desmontar.