terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MUITA, MUITA ÁGUA

A várzea do Carmo, hoje Parque Dom Pedro II, quando inundar não era nenhum problema — por isso se chamava várzea (1884). No alto, o Pateo do Colégio.

Depois de muita chuva por cerca de quarenta e cinco dias seguidos (de acordo com os jornais), ela parou ontem. Domingo já havia chovido pouco, no Jabaquara e arredores. Ontem, segunda-feira, não foram reportadas chuvas na cidade de São Paulo. Hoje, choveu, pelo menos na zona oeste e, até agora, não tenho notícias de maiores problemas.

O fato é que está muito quente há dias, com chuva ou sem chuva. Com pouca chuva por mais de quarenta e oito horas, o chão foi secando. Não sei se em quantidades significativas, mas o fato é que os pingos que caíram hoje e molharam o chão aqui de casa desapareceram depois do fim da chuva com muita rapidez.

Não foi à toa que cada dia que chovia a cidade inundava. A terra estava, ou está, saturada de água. Não há como absorver mais água, então, cada chuva razoavelmente forte acaba por alagar até locais que geralmente não sofriam do "mal".

Durante dias, pararam o trânsito de veículos, o metrô, os trens da CPTM, os ônibus... guarda-chuvas de pouco adiantavam, pois quem se arriscava a sair com chuva e guarda-chuva ficava ensopado do mesmo jeito: a chuva caía de lado, respingava com seus grandes e grossos pingos no chão contra as calças, meias e pernas nuas, molhava a roupa toda e, para piorar, muito guarda-chuva virou do avesso com facilidade.

Ainda se veem grandes quantidades de terra em ruas e calçadas que sofreram inundações, grandes ou pequenas. O Jardim Pantanal e o Jardim Romano, que inundaram muito, ficaram todo o tempo de chuva como uma "Veneza brasileira". Sem gondoleiros, no entanto, e com portas mais baixas que a água, ao contrário da cidade italiana.

Crianças nadavam e andavam de barcos improvisados para fugir das desgraças da chuva: elas tentam ver o lado divertido da coisa. Seus pais sofreram bastante, no entanto. Muitos perderam móveis, automóveis e casas que caíram, foram soterradas ou escorregaram pelos morros. É até incrível que este fato não ocorra com mais frequência, dada a quantidade de água que caiu e os locais pouco (pouquíssimo) recomendados para a construção de qualquer casa que seja.

Há registros de anos muito chuvosos pela história dos últimos cem anos, facilmente perceptíveis quando se lê sobre o passado em São Paulo ou no Brasil. 1928 foi um deles — as obras ferroviárias nesse ano, reportadas nos relatórios das ferrovias, foram um problema para sua manutenção e construção. 1929 foi o ano da grande enchente da Light no rio Pinheiros, causada, dizem alguns, pela própria empresa para delimitar a sua zona de atuação como a lei previa. 1983 tenho na minha lembrança — como choveu nesse ano! Lembro-me das paredes de casa "chorando" de umidade. 1967 foi o ano da tragédia de Caraguatatuba, quando as chuvas trouxeram o morro abaixo e muita gente morreu. E outros, certamente, que não me vêm agora à mente.

Que a chuva modere agora a sua força para que a sofrida cidade de São Paulo possa aguentar ainda muitos anos sem se desmontar.

2 comentários:

  1. Olá Sr. RAlph, boa noite.

    A chuva se foi, mas os estragos, quando consertarão? Pontos críticos que pude verificar:
    a) Av. dos Estados, em Santo André, o leito do rio aumenta, "comendo" os muros de arrimo.

    b) Encostas da Fernão Dias, em Mairiporã. Tudo vem abaixo.

    c) Rodovia que liga Mairipoorã a Franco da Rocha, beirando a represa, com morros desbarrancando.

    Nada de consertos por esses lugares.


    Abçc.

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  2. Até concordo que os consertos demorem, pois muita coisa foi prejudicada. Só que não podem ficar ad-eternum.

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