terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O BAIRRO DE CERQUEIRA CÉSAR

Diário de São Paulo, 11/1/1948

Este bairro hoje aparece em todos os mapas como sendo aquele que fica ali logo abaixo da Paulista, entre esta avenida e a rua Estados Unidos e entre a avenida Rebouças e a Brigadeiro Luiz Antonio. É cortado pela rua Augusta e pela avenida Nove de Julho, por exemplo.

Pouca gente o chama assim. O mais normal é chamá-lo de “Jardins”, ou mesmo “Paulista”, visto que ele fica logo abaixo dela e encosta na própria. Tem uma sequência enorme de edifícios de apartamentos e de escritórios, hotéis, etc. Tem até casas, que em sua enorme maioria tornaram-se lojas ou escritórios, bares ou restaurantes.

É um dos bairros totalmente “quadriculados” de São Paulo, que, numa cidade de muitos morros, subidas e descidas, é raro. Até o final do século XIX, era, pelo menos em sua parte ao redor da rua Augusta, parte da Chácara do Capão, onde não havia ruas, apenas caminhos internos, e tinha até um pomar de jabuticabeiras, mais ou menos onde hoje estão as alamedas Lorena e Rocha Azevedo e ruas Oscar Freire e Padre João Manuel. Eu cheguei a ver uma delas, no quintal dos fundos de um amigo meu que morou numa casa na Rocha Azevedo, entre a Lorena e a Oscar Freire até os anos 1970. A casa foi demolida e a jabuticabeira, cortada.

O que pouca gente sabe é que o bairro não era ali. Até pelo menos o início dos anos 1950, o nome do bairro era Vila América. Cerqueira César era o bairro que ficava entre as avenidas Rebouças e Sumaré – na época, esta não existia – e a avenida Doutor Arnaldo e a rua Henrique Schaumann. Este bairro, também quadriculado, era Cerqueira César. Basta ver os mapas dessa época e os anúncios de terrenos e casas na região, como o que está acima, na rua Lisboa, anuncio de 1948.

Curioso – quem terá mudado o nome? E por que? O bairro original de Cerqueira Cesar hoje é chamado de Sumarezinho, ou mesmo de Pinheiros, embora esteja longe de Pinheiros: nem a rua de Pinheiros passa por ali, ela começa depois da rua Henrique Schaumann.

O fato é que o bairro migrou por alguma razão. Aliás, quem foi Cerqueira César? Pelo que sei, foi um dos acionistas originais do jornal O Estado de São Paulo. Eram vários. Cerqueira César, pelo que vi, era de — ou morava em — Rio Claro.

Seu genro era Julio de Mesquita que, com a morte de seu sogro, tornou-se acionista, um dos principais, já que vários outros deixaram a sociedade no início do século XX.

Por que o seu nome estava no bairro citado, não sei. Ainda não pesquisei para obter a resposta certa. Talvez possuísse terras naquele bairro. Ou não, já que a enorme quantidade de logradouros públicos em São Paulo e no Brasil nada tem a ver com as pessoas que lhes dão nome.

Um comentário:

  1. olá Sr.Ralph, boa noite.

    Descendo a Rua Pamplona, sentido Rua Estados Unidos, à esuerda, ainda se pode ver vilas de pequenas casas da déc de 50. Acho que tem pelo menos duas dessas vilas. Sobreviveram apenas porque se tornaram comerciais - escritórios ou consultórios.

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