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segunda-feira, 24 de julho de 2017

MUDANÇAS NO MAPA PAULISTANO: SUMARÉ, 1951

O Estado de S. Paulo, 24/7/1951
No ano de 1951 a Imobiliária Itaoca lançava no mercado um minúsculo loteamento entre o final da rua Amalia de Noronha e o da rua Henrique Schaumann, no bairro do Sumaré.

Na verdade, ali pode ser também Alto do Sumaré, Cerqueira César, Sumarezinho e até eventualmente Vila Madalena.

Passei durante minha vida muitas vezes por ali. Se venho da avenida Brasil, ou de Vila Madalena, e entro à esquerda na Henrique Schaumann, viro logo depois na rua Asia e em seguida à direita na Lisboa, para chegar à avenida Paulo VI e Sumaré.

Em 1951, seria possível fazer isso? Segundo um mapa da cidade nesse ano, a área do loteamento ainda não existia. Por ele, a rua Amalia de Noronha (que começava e ainda começa na avenida Doutor Arnaldo) seguia até fazer uma curva de 90 graus e encontrar o final da rua João Moura.

Hoje, a rua Asia é continuação da rua João Moura após essa junção (veja que no mapa do loteamento de 1951 o nome ainda está como rua Amalia de Noronha), e a João Moura segue até a rua Heitor Penteado.

O local do loteamento, bem como as atuais ruas Abegoaria, Patapio Silva (que no loteamento aparece em local bem diferente de onde está hoje), a continuação da rua João Moura e mais diversas outras ruas na região da rua Heitor Penteado (na época, estrada do Araçá) não apareciam no mapa, onde uma grande área vazia entre a Vila Madalena, a Vila Pompeia e o Jardim das Bandeiras era mostrada com o nome de Chácara dos Bispos.
Google Maps - mapa invertido, para comparação com o mapa de 1951, mais acima

Posso garantir que, no final dos anos 1960, tudo isso já estava loteado e já havia ruas asfaltadas com residências construídas. Eu mesmo presenciei tudo isso nessa época.

Outras coisas que podem ser vistas no mapa do loteamento, feito em 1951, é que a rua que é a segunda paralela à direita da rua Teodoro Sampaio era reta. Ela começava na Doutor Arnaldo e originalmente terminava na Pedroso de Moraes. Chamava-se Galeno de Almeida, nome dado no final do século XIX. Porém, ela foi seccionada várias vezes. A última vez foi nos anos 1970, quando se construiu a avenida Paulo VI, com a demolição de diversos prédios da região e o corte em duas da Galeno. Ela hoje termina na rua Lisboa. Sua continuação, no loteamento original dos anos 1890, é hoje a rua Inacio Pereira da Rocha, que começa na rua Fidalga (esta, realmente, é uma continuação da rua Mateus Grou, ligação cortada pela várzea do córrego Verde quase um século atrás, córrego hoje canalizado). e termina na Pedroso de Moraes.

O trecho ao lado do cemitério parece ter sido "empurrado" alguns metros além dos muros do Cemitério São Paulo, aberto em 1927 e que mais uma vez cortou a rua Galeno de Almeida, nessa época. No mapa de São Paulo de 1951, a rua Luiz Murat aparece, com seu nome de hoje, mas a Inacio da Rocha aparece ainda com o nome de Galeno de Almeida.

A outra rua do loteamento hoje é a rua Luiz Couty, aberta nessa época, junto com a rua Asia. A rua que sai sem nome no mapa do loteamento é hoje a rua Conde de Sousel, que termina, realmente, na Patapio Silva.

No canto esquerdo do mapa do loteamento, notem que a forma do cruzamento da Rebouças com a Henrique Schauman e Brasil era diferente da de hoje. E era mesmo, lembro-me bem disto. Vínhamos de carro, nos anos 1960, da Vila Mariana para o Sumaré, muitas vezes pela avenida Brasil, e havia mesmo essa curva na Brasil e a outra na Henrique Schauman (note que até hoje existe um prédio na esquina da H. Schauman com a rua de Pinheiros que é "torto" em relação ao leito da avenida). A Henrique Schauman era estreita e tinha mão única no sentido do Sumaré, afunilando o trânsito que vinha da Brasil. Quando alargaram a Henrique Schauman, alargaram também o final da Brasil e aquelas curvas desapareceram.

São lembranças da minha infância.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A CASA DE MEUS PAIS


Meus pais casaram-se em São Paulo em 1946 e durante quatro anos moraram em pelo menos quatro casas diferentes. Até que, em 1950, mudaram-se para a casa que construíram, na rua Teffé, no bairro do Sumaré, SP.
A casa novinha em 1951. Notar que havia na janela da direita em cima uma varanda. Em baixo, o jardim de inverno era aberto e tinha porta somente do lado da escada de acesso ao portão. Do outro lado havia uma abertura. O jardim não tinha árvores. O enorme muro de arrimo atrás era um matagal. O vizinho "de cá" não existia
.

Segundo minha mãe, o terreno era barato, mas lá era longe de tudo, as ruas não eram calçadas - nem a avenida Sumaré (o trecho de dois quarteirões que existia dela - o resto que existe hoje era um córrego intransitável) - e para chegar à faculdade de Medicina, na Doutor Arnaldo,onde minha mãe trabalhava, havia de se subir a pé a ladeira da rua Veríssimo Gloria e o final da rua Cardoso de Almeida e andar mais dois quarteirões pela avenida.
Ainda em 1951, a garagem era em cima e chegava-se a ela por uma rampa. No fundo, o portão para o automóvel. Ao fundo, atrás da casa da frente, o vale da avenida Sumaré
.

Eu nasci nessa casa, em 1951. Aliás, não: eu nasci mesmo foi no Pro-Matre, na Joaquim Eugenio de Lima, ao lado da avenida Paulista. Mas meus pais já moravam ali na Tefé havia pelo menos um ano.
Hoje, mal dá para se ver a casa e olhe que a quaresmeira foi aparada recentemente. O muro de pedras cobre a casa do vizinho e parte da nossa. A garagem ao nível da rua substituiu a rampa e a garagem original virou uma edícula de dois cômodos - já em 1959. (A edícula fica no quintal de trás).

Em 1959, a casa sofreu sua grande reforma, que gerou uma segunda, menor, em 1963.
De novo hoje, a casa vista de frente. O muro baixo continua baixo, mas as grades  enfeiam a casa. O jardim de inverno ganhou em 1959 uma janela e mais e uma porta, do lado esquerdo. Em cima, a antiga varanda foi desmanchada, aumentando o tamanho do quarto e ganhando uma janela
.

Fotos do aspecto dela original e do aspecto atual, espalhadas neste artigo, mostram as diferenças dela entre 1951 e 2014. Minha mãe e minha irmã ainda moram lá, uma deusa grega (Astrea, minha mãe) e uma fenícia (Astarté, minha irmã).

As modificações são citadas nas legendas das fotografias que têm, entre elas, uma diferença de sessenta e três anos. O tal arrimo atrás da casa - o vizinho de trás está na rua Macaé e a cerca de 20 metros de altura em relação ao nosso quintal traseiro. O muro de arrimo foi cimentado em 1959 até o topo, mas não é visível nas fotos. Uma modificação feita em 1959 e que não aparece nas fotos foi a da cozinha, que fica na parte de trás da casa e foi aumentada. Com isso, houve que se aumentar também um terraço todo aberto que existia sobre ela com porta saindo de um quarto ao fundo.

Só que a emenda da laje gerou um vazamento contínuo na cozinha. Sem conseguir encontrar alguém que resolvesse o problema, que aparecia em cada chuva que caía, meu pai fechou o terraço e transformou-o no quato quarto da casa - e o maior.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O TELEFONE FANTASMA


Eu e a Ana Maria compramos um terreno em Alphaville em 1979, no município de Santana de Parnaíba. Um ano depois, eu deixei a Shell e fui trabalhar na DuPont, que, na época, estava no início da rua da Consolação, em frente à Biblioteca Nacional.

Na época que eu entrei lá, nós já havíamos decidido construir uma casa no terreno. É a casa em que moramos até hoje. Entrar na DuPont foi coincidência: eu não sabia que eles também estavam construindo no mesmo bairro - só que no lado de Barueri.

Em julho de 1981, mudamos de escritório. Saímos do centro de São Paulo para trabalhar no isolado mundo de Alphaville, Barueri. Agora, eu, que já estava construindo desde o início do ano, poderia facilmente ir todos os dias à obra. Eu, nessa época, estava morando no bairro do Sumaré. Trânsito nas Marginais e na Castelo Branco? Nem pensar, nunca era problema nessa época. Para ir do escritório à obra, então, eram cinco minutos.

Eu havia comprado um telefone pelo plano de expansão da Telesp no final do ano anterior. Perspectiva de instalação? Sem informações. Garantiam apenas que em dois anos seria instalado. Porém, Santana de Parnaíba, na época, não tinha telefone de sete algarismos e muito menos DDD.

Em agosto, eu precisei verificar um probleminha da obra na prefeitura de Parnaíba. Porém, ir até lá pela Estrada dos Romeiros demorava cerca de meia hora a partir do escritório da DuPont. A estrada atual que liga Alphaville a Parnaíba era praticamente inexistente. Pedi para a telefonista da empresa que ligasse para lá, ao que ela me respondeu: "Parnaíba? É na Bahia, não é"? Respondi-lhe: "olhe pela janela para aquelas montanhas no fundo. Do outro lado é Parnaíba". Surpresa, ela me perguntou por que o eu não ligava pelo DDD? "É tudo 011, não é?" Respondi-lhe que não havia o sistema lá. "Passe o telefone", disse ela. Eu falei: "256". Ela disse: "e o resto?" Finalizei: "acabou". Incrédula, ela tentou a ligação. Cinco minutos depois, disse-me que a conexão demoraria meia hora e ela me chamaria.

Desisti. Peguei o carro e fui até a prefeitura. Afinal, não havia o trânsito de hoje. Resolvi o problema e voltei, uma hora e pouco depois.

Em setembro, a Telesp apareceu no terreno e instalou o telefone no barraco de obras. No residencial, deveria haver naquele momento cerca de nove obras apenas; nenhuma casa pronta ainda. Eles disseram que o telefone deveria funcionar apenas quando a central telefônica da cidade ficasse pronta, o que deveria ocorrer em novembro e levaria meu telefone e os da cidade a passar a utilizar da nova estação 424. Na semana seguinte, eu resolvi tentar telefonar do Sumaré para a obra, usando o telefone que eu já sabia qual era: 424-1261. Surpreendentemente, um dos pedreiros atendeu. Funcionava!

A conta não veio quando esperada. A cidade de Parnaíba continuava com seus telefones de três algarismos, mas o meu telefone funcionava. Liguei para a Telesp para perguntar quando viria a conta, ao que eles responderam que tal somente ocorreria quando o telefone funcionasse. Eu falei: "já funciona, estou falando dele". Responderam que isso não era possível e que eu deveria estar enganado. Deixei para lá. A primeira conta somente veio um mês depois da abertura da estação no final do ano. A cidade ganhava um telefone decente, mais de dez anos depois da implantação do DDD no estado.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

1958, O ANO QUE NUNCA TERMINOU

No hoje distante ano de 1958 eu tinha apenas seis anos de idade. Fiz sete em novembro. Ao mesmo tempo em que passei boa parte do ano (dois meses!) na cama, com febre reumática (a tal do sopro no coração), lembro-me muito desse ano.

Eu e meus pais havíamos retornado no final de 1957 depois de um ano nos Estados Unidos - de navio de linha, imaginem - e a vida no Brasil teria de recomeçar para todos nós.

O ano começou com quase um mês num apartamento no Embaré, em Santos, em frente à praia. Um pombalzão. Acho que o prédio ainda existe. Toda manhã íamos para a praia, já que o número de pessoas dentro do apartamento (pai, mãe, primos, primas, tios, tias, avó) era imenso. Dois quartos, quatro beliches, um sofá-cama e colchões no chão. Mas era legal.

Voltamos da praia no final de janeiro, e meu pai não conseguia encontrar vaga para mim no primeiro ano  primário em nenhuma boa escola. Um amigo do pai dele, dos tempos da E. F. São Paulo-Rio Grande lá no Paraná, conseguiu cavar uma vaga no Colégio Visconde de Porto Seguro, ainda na Praça Roosevelt.

E lá fui eu, com uma semana de atraso, começar minha vida escolar. Um monte de gente em volta, crianças de seis e sete anos como eu, falando entre alguns deles uma língua totalmente estranha para mim, o alemão. Professores que faziam piadas em alemão para as crianças, onde a maioria ria - eu não entendia nada, apesar de meu pai falá-lo fluentemente, embora não em casa. Algumas vezes, alguns contavam histórias de como viveram na Alemanha durante a guerra, não somente a Segunda, mas também a Primeira, no então não tão distante ano de 1914. A aula era de manhã. Eu ia e voltava da escola na perua do seu Zig - ou Herr Ziegfried, outro alemão.
 Durante a tarde, como meus pais trabalhavam fora (embora almoçassem todos os dias em casa), eu ficava com a empregada. Obviamente, ela mudava toda hora. Nesse ano, lembro-me bem, tinha uma que ficava ouvindo rádio na cozinha. Ouvia Caubi Peixoto (que eu detestava) e novelas. No fim, o que me lembro era dos anúncios cantados, como o "as flores desabrocham... com a luz do sol... e a beleza das mulheres... com o Creme Rugol... Creme Rugol... Creme Rugoo-ool!" A melodia está na minha cabeça até hoje. Bem brega, mesmo. Já o creme existe até hoje.

E tinha a música do "sua pele ficará maravilhosa... macia, suave, gostosa... com o Creme de Alface Brilhante!". Era assim, sem rimar, mesmo. Também lembro da melodia.

Televisão só depois das seis da tarde. Até às oito no máximo. Aliás, eram somente três canais: Record (o sete), Tupi (o três, que depois virou quatro) e o das Organizações Victor Costa (OVC), o canal cinco, que muitos anos depois, foi comprado pela Globo. Na Record tinha o Pullmann Jr., que passava desenhos do Picapau. A Tupi tinha o Pim Pam Pum. Os canais, aliás, começavam a programação ao meio-dia. A OVC, só às 6 da tarde. À meia-noite, acabavam.

Em maio e junho, sem ir à escola, pois estava proibido pelo médico, eu ficava lendo revistinha. O Pato Donald, Mickey, Mindinho, que tinha as histórias do Pernalonga, Papai Noel (era o nome da revista que publicava as histórias do Tom e Jerry), Luluzinha... Ou brincando em cima da cama. Eu ficava na cama dos meus pais, somente à noite passava para a minha. Da Copa do Mundo na Suécia, só me lembro dos fogos depois do jogo final vencido pelo Brasil. Isso foi por volta do meio-dia.

Voltei para a escola em agosto, mas com mil recomendações. Bem gordinho, por causa da cortisona. Passei de ano, apesar de faltar por um quarto do ano.

Era uma cidade tranquila, mas eu só conhecia o caminho do Sumaré, onde morava, até a Praça Roosevelt, e a volta. Também sabia o caminho para ir de casa até a casa da minha avó Maria, na Vila Mariana. Íamos de bonde - meu pai não tinha carro nessa época. Tínhamos de subir o ladeirão desde a rua Teffé até a avenida Doutor Arnaldo para tomar o bonde. Só em 1959 papai comprou um Studebaker e aí saíamos mais. Ele ia até a minha avó ou pela Paulista ou pela avenida Brasil.

Meus avós paternos moraram... bem, mudavam de casa a toda hora. Entre 1958 e 1961, quando meu avô Hugo faleceu, eu me lembro de tê-los visitado numa casa na rua Cardoso de Almeida, perto da rua Wanderley; em outra na rua Silva Jardim, no Alto da Boa Vista; num apartamento na avenida General Olimpio da Silveira, esquina com a rampa da avenida Pacaembu; e uma casa na avenida Itacira, em Indianópolis - nossa, era um deserto, era a casa deles e mais uma geminada e só isso no quarteirão deles. O vizinho era o Silvio Santos. Foi nessa casa que meu avô faleceu na noite de 8 de março, três anos depois de 1958. No dia seguinte, eles iriam se mudar novamente - desta vez, para uma pensão na rua Martim Francisco, perto da rua Jaguaribe.

O ano acabou com meu aniversário de sete anos em novembro e depois, claro, com o Natal na casa da minha avó Maria, como sempre. As lembranças, no entanto, ficaram mais fortes que qualquer outro ano em minha infância.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SÃO PAULO, 458 ANOS (OU 459?)

Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, hoje José Diniz, por volta de 1966

Neste novo aniversário da cidade de São Paulo, lembro-me da cidade da minha infância, com o bairro do Sumaré já cheio de casas (final dos anos 1950 - início dos 1960) e com ruas de paralelepípedos, uma avenida Sumaré ainda de terra a partir das ruas Atalaia e Grajaú, inúmeras ruas de terra nas Perdizes e na Pompéia, bondes na Paulista e na Domingos de Moraes - sendo que, a partir da Sena Madureira e por toda a av. Jabaquara, eles corriam no canteiro central - bondes numa rua da Consolação estreita e de paralelepípedos, trilhos já sem bondes na rua Augusta, a FFCL da USP ainda de pé e funcionando (alive and kicking, como dizem os americanos) na Glette...

De meus colegas indo embora para casa ao meio-dia pegando ônibus e bondes (até a alemãozada rica que morava no Brooklin!), das festas em casas de amigos (e não em salões de festas) onde meu pai me levava e buscava, do guarda civil que durante mais de dez anos permanecia rodando a pé em frente ao colégio Porto Seguro na Praça Roosevelt, das feiras-livres na mesma praça toda quarta e sábado, de passear na cidade a pé quando havia aula à tarde...

Da Vila Mariana onde morava minha avó, do córrego do Sapateiro ainda a céu aberto em boa parte de seu curso, da Chácara Conceição na rua Domingos de Moraes, da rua Iguatemi estreitinha (onde hoje passa boa parte da Faria Lima), do meu amigo que morava numa chácara na Oscar Freire, de outro que morava na Vila Nova Conceição tendo à frente de sua casinha um circo montado permanentemente num imenso terreno baldio, do mesmo bairro sem um edifício de apartamentos sequer, da avenida Ibirapuera com bondes em toda a extensão, seguindo pela Rodrigues Alves (hoje José Diniz) e só existindo um leito de bondes (somente havia pistas para automóveis também, entre a avenida República do Líbano e a avenida dos Eucaliptos)...

Tudo saudosismo, sim. Mas era legal pacas!

Quanto aos 458 anos, serão 459 se considerarmos que a fundação de Santo André da Borda do Campo como município se deu no ano anterior (1553) e em 1554 a sede desse município foi transferida para São Paulo, Se ainda lembramos que o município de São Paulo somente foi instituído oficialmente (como vila) em 1560, então poderiam ser só 452 anos... e como a vila foi promovida a cidade em 1711, seriam somente 301 anos... Aspectos técnicos que são hoje mera curiosidade.

Para mim, são 60 anos e 2 meses, idade que tenho, pois nasci em São Paulo. Moro desde 1982 em Santana de Parnaíba, mas meu coração está na velha Paulicéia, onde trabalho todos os dias.

quinta-feira, 24 de março de 2011

FESTA EM SÃO SIMÃO - ANOS 1930

Convite do festival - anos 1930
Em benefício da caixa escolar, o Grupo Escolar da cidade de São Simão organizou uma festa para as crianças. Segundo minha mãe, isto teria ocorrido em 1932, quando elas foram mandadas por minha avó para lá para fugirem à revolução. Se foi verdade, mal sabia minha avó que o perigo maior estava ali mesmo, muito próximo à fronteira mineira. A Vila Mariana, em São Paulo, esteve mais tranquila durante a crise.

Vale a pena ler o convite do festival, reproduzido acima. Quem é da cidade deve se lembrar de vários desses nomes ali citados.

Por isso, creio que isto pode ter sido um ano antes ou um ano depois. Enfim - nessa época. Pelo menos minha mãe Astrea e seu irmão Aécio participaram da festa e não eram da cidade. Iam sempre para lá pois minha tia-avó, Angelica de Carvalho Siqueira, era a diretora do grupo de lá - e o foi por muitos anos, antes de vir para São Paulo, em 1939. Tio Siqueira, dentista e farmacêutico, era de lá e eles viviam na cidade desde que se casaram em 1916. Ele foi prefeito em 1935.

Meu tio já se foi, há mais de vinte anos. Formou-se advogado e foi procurador geral do Estado até sua morte. Minha mãe está firme, com oitenta e sete anos, vivendo no bairro do Sumaré, em São Paulo.
Na casa de minha tia
Nas duas fotografias, minha mãe aparece, vestida de odalisca (deve ser o tal "sonho oriental", item 9 do festival), à esquerda, mas, segundo ela, a foto teria sido tirada na casa de sua tia Angélica. A casa com a amurada branca. Essa casa em que minha tia morava dava fundos para o córrego no vale - onde eu sei que hoje há uma avenida. Não sei se a casa ainda estaria de pé. Ela parece mais velha que na foto citada abaixo. Não deve ser 1932, nem mesmo 1933. A festa deve ter sido mais tarde.
No grupo escolar
A outra foto mostra minha mãe à direita, sentada, sem fantasia. Teria sido tirada no grupo. Seria no mesmo ano. Aliás, pela aparência de mamãe, ela teria no máximo dez anos aí.

Resta saber se as fotos estão citadas como sendo nos locais corretos. São em São Simão. E nos anos 1930. Alguém se habilita a confirmar ou a me desmentir?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O LARGUINHO DO SUMARÉ QUE NÃO EXISTIA

O larguinho que não existe mais, em foto de hoje. Atrás do último carro estacionado, o curto trecho de menos de 20 metros da rua Pombal que sobrou ali. Onde está o primeiro carro estacionado (escuro) é o final da Veríssimo Glória. Ao fundo da foto, para lá das árvores, o enorme leito da atual avenida Sumaré.

Hoje fui visitar minha mãe no bairro do Sumaré, em São Paulo. Ela mora desde 1950 na rua Teffé, na mesma casa. Foi lá que nasci e passei minha infância. Morei lá até os 22 anos, quando me casei. Fui lá de metrô. Peguei-o na estação Faria Lima, subi até a Paulista (são 3 minutos e meio) e de lá peguei o outro trem para a estação Sumaré. Desci na avenida Doutor Arnaldo e andei ladeira abaixo até a rua Teffé.

Parte do bairro do Sumaré em 1930 (Sara Brasil). O bairro foi criado dois anos antes. Havia pouquíssimas construções. O larguinho das 4 ruas já existia, pelo menos no mapa. Para quem conhece, duas curiosidades: o trecho entre essa rua Macaé e a rua Cardoso de Almeida não existe hoje (terá existido um dia? No meu tempo não existia). A outra: o segundo trecho dela, em "u", iniciando e terminando na Cardoso, é a atual Tácito de Almeida. Já era quando eu era criança.

Lembrei-me que ela saía de um larguinho que não tinha nome, quando eu era jovem. Quatro ruas se cruzavam nesse larguinho: a avenida Sumaré, ainda estreita (embora mais largas que as outras ruas), a rua Pombal, a rua Teffé e a rua Veríssimo Glória, que terminavam ali. Eu cruzava o largo de bicicleta quando ia visitar alguns amigos que moravam no Pacaembu. Eu prestava bastante atenção com o trânsito ali, mas a quantidade de automóveis que ali cruzava ainda era muito pequena.

Em 1966, a tal rua Macaé não mais existia no mapa, mas aparece a Veríssimo Glória. O larguinho das quatro ruas está ainda lá (embaixo do "2") e a Tácito de Almeida tem o nome trocado com a Cardoso (posso garantir que na prática não era assim).

Em meados dos anos 1970, passaram ali a ligação da rua Henrique Schaumann com a avenida Sumaré. Desapropriações mil, rasgaram a rua Pombal em duas, alargaram a Sumaré, derrubando todas as casas do lado par entre as ruas Grajaú e Pombal, do lado ímpar entre a Atalaia e a Teffé e, para fazer a Doutor Arnaldo, lá em cima, passar pelo buraco que se criou com a avenida em baixo (nomeada de Paulo VI, que morreu quando estavam terminando a obra em 1978), construíram um enorme viaduto. No final dos anos 1980, debaixo deste, passaram a linha do metrô para a Vila Madalena e construíram a estação Sumaré, ali pendurada.

Todos esses dados de datas e fatos tirei da minha memória.

1997 (hoje é igual): Já não há mais larguinho e uma enorme avenida com viaduto e estação de metrô corta o antigo lugar calmíssimo de outrora. A rua Pombal nem aparece mais no mapa, embora exista num trecho mínimo, junto à Veríssimo Glória.

O larguinho desapareceu. Mais ou menos no seu lugar, existe hoje um outro largo bem maior, com o nome de Marcia Mammana. Carros vêm com alta velocidade, um monte deles, só parando num semaforo que há em frente ao final da rua Teffé. Do lado de lá da avenida Sumaré, ou Paulo VI, sei lá, uma encosta enorme sem casas. Ainda existem restos de fundos de fundações de algumas ali. Da rua Pombal sobrou um pedacinho só. O trecho da Sumaré entre a Teffé e o seu final, na Tácito de Almeida, não foi alargado e passou a se chamar Olavo Freire, que, aliás, era o nome primitivo da rua Veríssimo Glória, ladeirão que continua ali inteira.

Tirei uma foto hoje ali, mas, do larguinho antigo que existiu até por volta de 1975, não tenho fotografia alguma, exceto lembranças na minha mente.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DILEMAS DO TRANSPORTE PÚBLICO SOBRE TRILHOS

Monotrilho em construção na Vila Prudente - foto Sérgio Neves, Agencia Estado, publicada hoje

Continuam saindo notícias nos jornais falando sobre o problema das superlotações dos trens da CPTM e do metrô, e também sobre as queixas de moradores sobre os monotrilhos elevados que serão construídos passando pela Vila Prudente e pelo Morumbi. Ao mesmo tempo, há reclamações de moradores de Higienópolis por causa da construção de uma estação na avenida Angélica.

A superlotação é um problema de difícil solução. Dizem que ela existe por causa de mau planejamento por parte das empresas na construção das linhas, mas será verdade? Quem consegue realmente prever o crescimento da demanda ao longo das linhas construídas? Quando a Light traçava suas linhas de bondes, ela já criava bairros nos anos 1900 a 1930. Antes ainda, quando a E. F. do Norte lançou sua linha para o Vale do Paraíba em 1875 e antes, a São Paulo Railway em 1867, já estavam criando bairros.

Só que antes era controlável, era menos gente, eram muitíssimo menos casas e depois apartamentos a construir, eram muitíssimo menos carros a circular! Mas, dos anos 1970 para cá... a verdade é que a destruição de imóveis na cidade somente diminuiu em termos proporcionais nos anos 1980 e 1990 porque a crise, a inflação, maus governos, pouca construção de metrôs causaram a baixa no mercado imobiliário.

Porém, da metade dos anos 1990 para cá, os carros ficaram ainda mais baratos, a construção civil arrumou seus próprios financiamentos, a inflação quase sumiu e a renda aumentou (pelo menos, dizem!). Aí, quanto mais linhas constroem de metrô, mais cheia ela fica... ela já nasce lotada. E fazer o que? Não construir?

E os monotrilhos REALMENTE degradam os locais por que passam. Tudo se acumula em volta dos pilares por falta de limpeza e fiscalização. Visualmente são tubulões de concreto horrorosos. Vão ser pichados, pois aqui ainda existe um monte de cretinos achando que pichação é arte, dizendo que é diferente de grafiti, etc. Dizem que é frescura de nouveaux-riches que não querem a "gentalha" por ali. Pode até ser, tem gente que é assim, infelizmente. De qualquer forma, como condenar alguém por não querer sujeira e pichação em volta?

Quanto às estações... quanto maior o movimento das estações, maior a degradação em volta. Exemplos? Bom, a estação Sumaré não degradou. Não degradou porque seu movimento é muito pequeno e não porque alguém cuida mais dela do que de outras. Já a estação Marechal Deodoro, por exemplo, mantém o seu entorno sujo. Há camelôs, etc. Não vou analisar uma por uma porque seria desgastante e inútil. Só conheço um caso de boa fiscalização no entorno: a estação de Barueri, onde tudo em volta está limpo. Aliás, não existe UM camelô na cidade toda. Com certeza, há fiscalização da Prefeitura. Já na cidade vizinha, Carapicuíba, é uma sujeira enorme em volta da estação e da cidade toda...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ERNESTO E A GLETTE

Palacete Jorge Street, em 1926, pouco antes das reformas que sofreu para abrigar a Faculdade.

Uma das ruas mais nobres da cidade de São Paulo na virada do século XX, a alameda Glette foi perdendo aos poucos seu casario e se transformando em rua de pequenas lojas de negócios e bares. Hoje, apenas algumas das construções que ela tinha ainda sobrevivem, algumas em más condições.

Começando na rua das Palmeiras, como continuação da rua Martim Francisco, a alameda Glette tem seu nome dado em homenagem ao alemão do mesmo nome, um dos loteadores do bairro de Higienópolis, este situado muito próximo ao início da rua. Termina em frente ao pátio da Sorocabana, na alameda Cleveland.
Era na Glette que ficava uma das garagens de bondes da Light e mais tarde da CMTC. A rua também abrigou os dois prédios da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo até o final dos anos 1960. Uma das casas, a mais antiga, era o Palacete Jorge Street. Estas construções não mais existem. Da última, sobrou apenas uma enorme figueira, esta tombada pelo patrimônio dentro do terreno - hoje um estacionamento - onde as construções existiram um dia, chamada hoje de "Figueira da Glette".

Ainda se preservam em pé algumas casas do final do século XIX, bem como o antigo Palácio do Governo, hoje sede de uma secretaria estadual, entre a rua Guaianases e a avenida Rio Branco. Um belo palacete também está ainda de pé na esquina da Rio Branco, do outro lado da avenida em relação ao ex-Palácio.

Meu pai, Ernesto Giesbrecht, morou, estudou e trabalhou na alameda Glette. Residiu ali numa casa dessas casas com janelas para a calçada, vários quartos, térrea, de mais ou menos 1940 até 1948, aqui, quando já estava casado. Ia estudar e depois trabalhar a pé, pois a Faculdade - ele fez Química - ficava no quarteirão ao lado. Também estudou, de 1934 a 1941, no Liceu Coração de Jesus - que também ficava na Glette, próxima ao seu final. Ernesto não era daqui, nasceu em Ponta Grossa e veio com os pais, aos treze anos de idade, no início de 1934.

Depois de 1967, quando a Faculdade foi transferida para a Cidade Universitária, ele, que já morava no Sumaré desde 1950, nunca mais voltou para a Glette, depois de trinta e três anos seguidos passados nela. Não havia mais nada a fazer ali. Sua antiga casa já havia sido demolida. O Liceu, ele havia terminado. O Liceu ainda está ali até hoje, sofrendo com os "nóias" que ficam vagando em volta dele, assustando alunos, professores e pais todos os dias. A Glette, quem diria, acabou no meio dos drogados.

segunda-feira, 22 de março de 2010

DO ALTO DESTA ESQUINA, 38 ANOS NOS SEPARAM

No centro da fotografia acima, em branco e preto, a foto que tirei há quase 38 anos. Na foto colorida, o mesmo local (rua Botucatu com Sena Madureira) na semana passada, em foto de Valéria Rodrigues (O Estado de S. Paulo, 21/3/2010).

Num sábado do mês de novembro de 1972, saímos eu e meu amigo Roberto de carro lá da casa do Sumaré, onde eu morava e minha mãe ainda mora, para fotografar alguns pontos de São Paulo escolhidos a esmo. A ideia era que anos depois essas fotografias pudessem servir de comparação para alguns locais na cidade. Eu tinha, então, 21 anos.

Eu não me lembro exatamente do porquê de ter fotografado a maioria dos lugares onde estive. O fato é que parávamos o carro e eu descia e tirava a fotografia. Já alguns lugares foram escolhidos por estarem em obras do metrô, como a rua Vergueiro e a Domingos de Moraes. Outros, por serem avenidas e viadutos novos, como pontos na avenida dos Bandeirantes, que tinha o nome recém-alterado do antigo, avenida da Traição, e no viaduto Antártica.

O ponto da rua Botucatu na esquina da rua Sena Madureira foi achado no caminho. Como não podíamos seguir pela rua Domingos de Moraes, que estava interrompida pela construção do metrô, descíamos e seguíamos por algumas ruas abaixo. Nesse dia, foi a Botucatu. Dali fomos para a rua Loefgren, de onde fotografei a avenida Domingos de Moraes no sentido do Arquidiocesano e da Igreja da Saúde. Era um buraco só.

Lembro-me que o Roberto não entendia por que eu estava fazendo tudo isso. Eu lhe disse exatamente o que citei acima: para efeito de comparação depois de alguns anos. Trinta e sete anos e meio se passaram. Ontem, num dia de março de 2010, a fotografia da rua Botucatu (acima) foi aproveitada pelo jornal O Estado de S. Paulo para uma das fotos publicadas na edição deste domingo 21.

As outras fotografias publicadas são do acervo do Douglas, que me indicou ao repórter Rodrigo. Na verdade, o Rodrigo já me conhecia, pois há alguns meses ele me entrevistou para uma reportagem sobre estações abandonadas que também foi publicada em um domingo. Um belo trabalho. Daria um livro. Um livro para se refletir sobre o que estamos fazendo com nossa cidade.

Pena que naquela época fotografia ainda era a papel. Ou seja, compra filme, tira a foto, revela, espera para ver se ficou boa ou se você perdeu tudo... hoje teria fotografado muito mais, claro. É mais fácil... Por outro lado, fotos demais banalizam os locais. A maioria das fotografias que tiro e que vejo hoje está no computador. Muitas nem têm o tamanho mínimo para uma boa impressão; por outro lado, eu imprimo pouquíssimas fotografias, porque, se imprimisse todas que tiro ou recebo, não há hoje local para guardar tudo. Se antes fotos eram não tão comuns de ser tomadas, hoje são em número grande demais.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O BAIRRO DE CERQUEIRA CÉSAR

Diário de São Paulo, 11/1/1948

Este bairro hoje aparece em todos os mapas como sendo aquele que fica ali logo abaixo da Paulista, entre esta avenida e a rua Estados Unidos e entre a avenida Rebouças e a Brigadeiro Luiz Antonio. É cortado pela rua Augusta e pela avenida Nove de Julho, por exemplo.

Pouca gente o chama assim. O mais normal é chamá-lo de “Jardins”, ou mesmo “Paulista”, visto que ele fica logo abaixo dela e encosta na própria. Tem uma sequência enorme de edifícios de apartamentos e de escritórios, hotéis, etc. Tem até casas, que em sua enorme maioria tornaram-se lojas ou escritórios, bares ou restaurantes.

É um dos bairros totalmente “quadriculados” de São Paulo, que, numa cidade de muitos morros, subidas e descidas, é raro. Até o final do século XIX, era, pelo menos em sua parte ao redor da rua Augusta, parte da Chácara do Capão, onde não havia ruas, apenas caminhos internos, e tinha até um pomar de jabuticabeiras, mais ou menos onde hoje estão as alamedas Lorena e Rocha Azevedo e ruas Oscar Freire e Padre João Manuel. Eu cheguei a ver uma delas, no quintal dos fundos de um amigo meu que morou numa casa na Rocha Azevedo, entre a Lorena e a Oscar Freire até os anos 1970. A casa foi demolida e a jabuticabeira, cortada.

O que pouca gente sabe é que o bairro não era ali. Até pelo menos o início dos anos 1950, o nome do bairro era Vila América. Cerqueira César era o bairro que ficava entre as avenidas Rebouças e Sumaré – na época, esta não existia – e a avenida Doutor Arnaldo e a rua Henrique Schaumann. Este bairro, também quadriculado, era Cerqueira César. Basta ver os mapas dessa época e os anúncios de terrenos e casas na região, como o que está acima, na rua Lisboa, anuncio de 1948.

Curioso – quem terá mudado o nome? E por que? O bairro original de Cerqueira Cesar hoje é chamado de Sumarezinho, ou mesmo de Pinheiros, embora esteja longe de Pinheiros: nem a rua de Pinheiros passa por ali, ela começa depois da rua Henrique Schaumann.

O fato é que o bairro migrou por alguma razão. Aliás, quem foi Cerqueira César? Pelo que sei, foi um dos acionistas originais do jornal O Estado de São Paulo. Eram vários. Cerqueira César, pelo que vi, era de — ou morava em — Rio Claro.

Seu genro era Julio de Mesquita que, com a morte de seu sogro, tornou-se acionista, um dos principais, já que vários outros deixaram a sociedade no início do século XX.

Por que o seu nome estava no bairro citado, não sei. Ainda não pesquisei para obter a resposta certa. Talvez possuísse terras naquele bairro. Ou não, já que a enorme quantidade de logradouros públicos em São Paulo e no Brasil nada tem a ver com as pessoas que lhes dão nome.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A CASA DOS TREZE IRMÃOS

Acervo Ralph Mennucci Giesbrecht / Sud Mennucci

Treze irmãos moraram nesta casa, a casa de Daniel de Oliveira Carvalho e de sua esposa Constança da Silva Oliveira, em Porto Ferreira. A casa não existe mais, infelizmente. Ficava na esquina das ruas Coronel Procópio Carvalho e Matias Cardoso e a cerca de 3 a 4 quarteiroes da estação ferroviária da cidade.Os treze filhos de Daniel moraram durante a infância e a adolescência ali; depois, com exceção dos dois que faleceram muito cedo, Madalena (1899-1900) e Lollio (1896-1921), todos eles saíram para São Paulo, alguns voltando para “o Porto” mais tarde, ou para outra cidade do interior paulista.

Doze deles foram meus tios-avôs. Uma foi minha avó, Maria, que, depois de deixar o Porto com seu marido Sud em 1920, foi para Campinas e Piracicaba, para terminar vivendo na Vila Mariana, em São Paulo, a partir de 1925. Morou também no Sumaré, entre 1966 e 1969, mas voltou para a Vila Mariana.

Os outros: Manoel (Maneco) casou-se e foi para São Paulo, onde morou na rua São Leopoldo, no Belém, depois na rua Margarida, na Barra Funda e tinha uma chácara onde passava as férias no Embu. Nos anos 1940 voltou para o Porto e foi Prefeito da cidade em 1948. Luisa, a segunda filha, viveu no Porto e em outras cidades, como Leme, pois seu marido era caixeiro-viajante. Abandonada por este, foi para São Paulo e viveu em diversas casas na Vila Mariana, além de ter morado também na chácara de Sud e Maria em Mogi das Cruzes.

Joaquim foi o terceiro dos irmãos, e o terceiro a falecer. Em São Paulo, morava nos Campos Elíseos e trabalhava na Praça da Sé. Maria foi a quarta filha. Lollio foi o quinto e Angélica a sexta. Esta casou-se com um dentista e farmacêutico de São Simão, Antonio Siqueira de Abreu, e foram morar por pelo menos 20 anos nessa cidade. De lá vieram, por volta de 1939, para a rua Guaicurus, na Lapa, na Capital, e dali mudaram-se para diversos endereços na Vila Mariana, entre os quais a casa da rua Vergueiro de número 2024, demolida pelo metrô.

Madalena morreu com dias de idade. Olímpia, a Lila, morou em São Paulo com seu marido em diversos locais, entre os quais a rua Sud Mennucci, na Vila Mariana. Mario morava na Vila Mariana também. Urbano, para dizer a verdade, não sei onde morava – mas não duvido que tenha sido na Vila Mariana também. Homero idem – mas mudou-se cedo para Piracicaba, onde faleceu. Esther, solteira, sempre morou com Maria ou com Angélica. Finalmente, Flávio, um dos historiadores de Porto Ferreira e trinta anos mais novo que seu irmão mais velho, era como se fosse um filho de Maria, com quem veio a morar depois da morte de seu pai em 1928 e de sua mãe em 1932. Morou um tempo na rua Senna Madureira... na Vila Mariana. Depois, voltou para o Porto, onde foi vereador.

São histórias que podem ser desenvolvidas muito mais. É interessante ter-se alguns dados das pessoas que conhecemos há tanto tempo – todas mortas hoje – para que elas tenham alguma vida, para que não se pareçam com fantasmas que jamais existiram. Alguns desses tios e tias eu conheci, incluindo maridos e esposas – outros não. Algumas das casas citadas eu visitei – outras tenho notícias apenas por cartas antigas.

Que descansem em paz.