O Estado de São Paulo, 28/2/2010
O Governo de nosso País não liga, realmente, para a opinião pública. Podemos enumerar alguns motivos? Se quisermos ser bonzinhos, podemos defender nossos governantes e dizer que “eles têm coisa demais para fazer, não podem ficar lendo cartas, e-mails e ouvindo reclamações de todo mundo”. E eu mesmo refuto: primeiro, eles têm assessores (até demais) exatamente para fazer isso, ajudá-los a ler e ouvir. Segundo, se as reclamações são demais, é por que há algo (ou, como diriam alguns, “algos”) de podre no reino da Dina... desculpe, na República do Brasil. Em um universo menor, no Estado de São Paulo.
Exemplos? Há alguns dias mandei um e-mail para todos os vereadores da cidede de São Paulo. Respostas? Duas. Duas que tentavam em suas explicações justificar o absurdo que aprovaram (e com uma rapidez inacreditável), ou seja, o absurdo aumento do IPTU paulistano (o da casa de minha mãe aumentou 700%, e o buraco em frente à casa dela continua aumentando faz já dois meses). Duas respostas em quase sessenta é falta de consideração, mesmo, para com os munícipes. Em troca, um dos que me respondeu segue mandando agora propaganda do que faz. O que ele diz? Que a cidade acaba de aprovar um projeto a favor da “diversidade”. Enquanto isso, a diversidade de lixo espalhado pela cidade continua aumentando. Só fazem coisa que não importa, coisa cosmética. E ainda ficam orgulhosos, pois isso sim eles espalham por seus e-mails.
Mais exemplos? O caso já citado aqui nos últimos 2-3 meses do material rodante da antiga FEPASA que foi mandado para ser destruído (não como sucata por alguém contratado pelo Governo, mas por ladrões, mesmo) no pátio de Triagem, em Bauru. Aliás, isso saiu em reportagem hoje mesmo, n'O Estado de S. Paulo. Eu já mandei duas mensagens (e-mails) sobre isso ao Ministério Público do Estado. Respostas? Nenhuma. Nem um “muito obrigado, vamos investigar”.
Mais exemplos? As cartas diárias mandadas na respectiva seção (2ª e 3ª páginas) do jornal O Estado de S. Paulo, que é o jornal que leio. Claro que existem cartas diferentes enviadas para outros jornais no Brasil inteiro. As reclamações, com as quais concordo quase que integralmente em geral, são óbvias e mereceriam no mínimo uma explicação por algum parlamentar ou mesmo assessoria de algum órgão governamental. A situação continua sempre a mesma e as reclamações, que às vezes são acusações claras e comprovadas, não dão em nada, tudo continua seguindo a mesma linha absurda de raciocínio por parte do nosso governo que tanto propaga inúmeras ações muitas vezes totalmente inócuas ou diferentes do que o povo pensa ou precisa. Eles se dizem representantes do povo. Há muito que não são. Realmente, admiro a paciência e a brasilidade desses escritores de cartas que não desistem. Eu já desisti. Fico com o meu blog. Ele é certamente muito menos lido que a seção de cartas dos jornais, mas o resultado é o mesmo: nenhuma providência é tomada.
Mais exemplos? Tenho um conhecido, Luiz Carlos, que escreve para a Prefeitura de São Paulo reclamando do acúmulo de lixo em diversas partes de São Paulo, pelo menos uma vez por semana, por e-mail, ao sujeito responsável por isso na Prefeitura. Melhorou alguma coisa? Nada. Eu recebo cópias de alguns desses e-mails. Certamente haverá muitos, mas muitos mais exemplos dos quais alguns eu não me lembro agora e alguns eu nem conheço. A prova, entretanto, de que nossos governos pouco se importam para a opinião pública está aí, clara, nessas linhas acima.
A única forma que conheço atualmente de se protestar e ter resultados é bloquear ruas, estradas e ferrovias, colocar fogo em pneus, invadir secretarias de governo... ou seja, fazer tudo “no pau”. Só que meus pais me deram uma educação que não condiz com esses atos. A esta altura, chego a me perguntar, depois de 58 anos de vida: foi esta a melhor educação que tinha eu para receber? Não sei. Talvez seja no Primeiro Mundo. Aqui no Terceiro, que nosso Presidente cisma de dizer que já estamos no Segundo e talvez batendo na porta do Primeiro, ela parece não funcionar.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
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Não sou pessimista, insisto dizer que as coisas já foram piores. Mas elas poderiam melhorar mais rapidamente com educação eficiente. O povo brasileiro sempre tem uma "desculpinha" e um "jeitinho" já tradicional pra burlar as regras, desde criança. Aqui em Araguari a BR-050 (pista simples) passa por um trecho de serra extremamente perigoso e os acidentes acontecem às dezenas. E assim, é comum ver caros parando. Mas nem sempre é pra ajudar os acidentados: em várias das vezes é pra surrupiar algo, "uma oportunidade e tanto". Enquanto nós brasileiros continuarmos não enxergando as coisas de forma coletiva, não acredito num quadro político diferente. Por outro lado, nas administrações públicas, percebo que existem mais (ir)responsáveis do que organização. E de acordo com o ditado popular, "cachorro que tem dois donos, morre de fome". No jogo do empurra, ninguém se sente pressionado a fazer nada.
ResponderExcluirSim, Glaucio, mas cuidado: essas coisas não ocorrem somente no Brasil. VEja no Chile, o país de maior índice de educação na América Latina, os saques em profusão após o terremoto. É questão de educação sim, mas a educação, como um todo, vem infelizmente piorando em escala mundial.
ResponderExcluirDe novo concordo contigo em gênero, número e grau: basta dizer que vários dos piores, tristes e vergonhosos capítulos da nossa História foram escritos por juízes, advogados, médicos, engenheiros, sociólogos e outras pessoas teoricamente bem instruídas. A escola hoje, pelo menos é o que vejo nas faculdades, ensina a competição (muitas vezes desleal), incentiva os chamados "Q.I" (Quem Indicou), não tolera muito as diversidades e cultua o individualismo. Elas promovem mais um "adestramento" do que ensinamento.
ResponderExcluirOlá Sr.Ralph, boa noite.
ResponderExcluirNo Brasil, Câmara de vereadores ou deputados, não é sinônimo de representação popular. representa, isso sim, interesses particulares.
Vivemos uma fase de demagogia, naquela forma corrompida da democracia.
Mas aqui uma crítica aos brasileiros: além de não votar bem, também não controla quem foi colocado lá.
A preocupação, nesse ano, não será com o que realmente importa. É com a copa do mundo que se aproxima.
Abçs
moro em bauru e faço parte da apffb em triagem ocorre uma veradeira briga de gato e rato assim que saimos de la os ladroes entrao em sua mairia menores os seguranças cansaram de pegar mas els voltao os mesmos pois o delegado solta nao resolve pra mim essas locomotivas teriam ques er leiloadas o mais rapido possivel.
ResponderExcluirMas é isso ai a cultura do brasileiro e carnaval e futebol este ano veremos as eleiçoes serem ofuscadas pela copa para maioria da população trem e coisa do passado " o avo a tia o pai viajava" e triste mas é assim que a população pensa mas isto nao e culpa da massa e sim do governo que sucateo a ferrovia hoje um criaça com seus 13anos de idade nem imagina o que é viajar de trem
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