
Nada tenho contra pedágios. Tenho é contra o fato de que aqui na Castelo Branco — infelizmente o caminho de casa — ele é cobrado de forma totalmente ilegal. O fato acontece há, sei lá, dez anos, e nada muda. Quilos de ações e liminares são impetradas contra um pedágio (a) que fica a menos de 30 km do centro de São Paulo e uma lei diz que ele não pode ser cobrado dentro dessa distancia; e (b) cujo valor é mais caro do que o acerto quilométrico do contrato.
Nem a concessionária nem o “seu” Serra ligam a mínima para isto. Vão lá e quebram as ações e liminares com a maior facilidade, no dia seguinte. Aliás, entre o momento em que a liminar ou ação é impetrada, eles não baixam o preço mesmo com a existência dela, então, no duro mesmo, eles não restauram o “velho” preço: apenas o mantêm, pois não o baixaram, nem mesmo por algumas horas.
Aliás, não só aqui na Castelo Branco, mas também no Rodoanel: neste caso, a ilegalidade se refere ao pedágio cobrado dentro do perímetro proibido.
Fazer o quê? O motivo alegado é sempre algo como “isso causaria prejuízos ao tesouro do Estado”. Ao meu bolso, pode. Ao tesouro, não. Por isso é que é um tesouro.
O fato é que ninguém gosta de pagar pedágio. Por acaso, fuçando em jornais velhos ontem, encontrei uma reportagem no Diário de São Paulo do dia 3 de fevereiro de 1948, que mostrava (com foto, ver acima) o antigo pedágio da via Anchieta, que ficava logo depois da ponte sobre a represa Billings, em Riacho Grande. Ele era muito próximo do local do atual pedágio da mesma rodovia. Eu me lembro deste velho pedágio.
A reportagem dizia que ele fora inaugurado no domingo anterior, dia 1º de fevereiro. E também era completada com diversas reclamações de usuários da estrada, que era relativamente nova, tinha sido aberta ao tráfego poucos anos antes (1944? 1945?). Houve ações contra o pedágio. Houve caminhões e carros que passaram a seguir pelo Caminho do Mar para evitar pagar o pedágio. E por aí afora.
Quando comecei a ir para a praia com meus pais, no início de 1958, tínhamos de pagá-lo. Sei que ele ainda existiu por um bom tempo e depois, não me lembro realmente quando, talvez nos anos 1970, ele foi fechado.
Porém, alguns anos depois, talvez em 1980, ele reabriu e lá está até hoje. Enfim, é certamente por causa desses pedágios caros que nós, paulistas, temos as melhores estradas do País, e de longe. Mas a que preço!