sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O VELHO JARDINS


Acima, bela mureta na esquina da av. Brasil com rua Guadalupe. Embaixo, casas na alameda Jaú.

Não, não há erro no título. Jardins é como é chamada aquela vasta área da Paulista até a avenida Faria Lima, ou, se estendermos, até a Marginal do Pinheiros, limitada lateralmente pelas avenidas Rebouças e Brigadeiro Luiz Antonio, e no pedaço mais ao sul, pelas avenidas Nove de Julho e Cidade Jardim.

Os bairros que hoje se chamam Jardins têm seus nomes originais: Jardim Europa, Jardim América, Jardim Paulista, Jardim Paulistano e Cerqueira César. Aliás, este último é que é chamado hoje de “miolo” dos Jardins, O nome praticamente se perdeu no tempo.

Não vou muito aos Jardins, ou melhor, a Cerqueira César. É a área que compreende uma muralha de prédios, na maioria de apartamentos residenciais, e pequenas casas que se transformaram quase todas em lojas. Lojas que, até o início dos anos 1960, estavam concentradas nas ruas Augusta e Pamplona, as mais largas – nem tanto assim – e que tinham as linhas de bondes até que eles acabaram. Aliás, os da rua Augusta acabaram nos anos 1950. Os da Pamplona, em 1966.

A partir dos anos 1970, chegaram as lojas, incluindo as da avenida Paulista. Cerqueira César vai da Paulista à rua Estados Unidos e da Rebouças até a Brigadeiro Luiz Antonio. Em boa parte dos jardins, fora essa área, prédios não são permitidos, com exceção da área próxima à Faria Lima, antiga rua Iguatemi, e, mais antigamente ainda, Estrada das Boiadas.

Repetindo, não vou muito a Cerqueira César hoje em dia. Antigamente, ia quase todos os dias. Hoje estive lá. Como o trânsito, como sempre, estava lento em todas as ruas por onde passei — Jaú, Oscar Freire, Padre João Manoel, Peixoto Gomide, Estados Unidos — deu para fotografar alguma coisa. Pouco, é verdade, pois fotografar de dentro do carro não é tão simples assim.

Uma fileira de sobrados de aluguel geminados (e com três andares e não dois) na alameda Jaú que começa na esquina com a alameda Campinas me chamou a atenção (foto acima). Há muita descaracterização, praticamente todos são lojas hoje, mas o terceiro andar ainda mantém as janelas típicas de São Paulo na primeira metade do século, com persianas de madeira abrindo para fora e dobrando no meio ou na quarta parte.

No mesmo quarteirão, mas do lado esquerdo, uma casa bem antiga e mal cuidada sobrevive ao tempo, meio escondida. E outras mais, que não fotografei. Também se vê o velho Jardins no Jardim América, na esquina da Brasil com a rua Guadalupe, uma casa, hoje um grande escritório mas muito bem conservada, com um muro baixo na frente, ainda original, tudo muito bonito.

E prédios, prédios, prédios tapando o sol. Onde sobra uma casa pode ser o local para um novo prédio. A qualidade de vida da cidade cai, mas ninguém parece se importar. Até que seja tarde demais. Já a casa da esquina da Brasil tem poucas possibilidades de ir para o vinagre, pois a lei que proíbe prédios ali vem da formação do bairro, em 1914.

3 comentários:

  1. Na Rua Pio XI, aqui na Bela Vista, ao lado da Padaria Nova Millenium (que fica em frente ao Hospital Paulistano), começaram a demolição de uma casa, que devia datar dos anos 1940 ou 1950. Provavelmente para subir um prédio. Não faz muito tempo, ainda havia gente morando lá.

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  2. E hoje saiu um artigo no Estadão sobre a Nova Luz, mostrando dois quarteirões totalmente demolidos na Cracolandia. Ora, com aquelas ruazinhas estreitas, construir prédios e prédios vai dar no que? É como diz o Simão... DEM quer dizer Deu Em Merda... Mas na verdade, qualquer prefeito age igual, ondepende do partido.

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  3. No Estadão de 24.02.1935, página 3, um anúncio de loteamento no Jardim América (até hoje as imobiliárias gostam de ampliar os limites dos bairros chiques). A rua Conde Matarazzo é a atual Ouro Branco. Todo esse quadrilátero entre a 9 de Julho e a Brigadeiro foi lançado com o nome de Nova Tupy (até a José Maria Lisboa já foi rua Nova Tupy), mas depois também adotou o nome de Cerqueira César. Mas no mapa de 1930 da Sara não aparece nenhuma construção nesse lançamento do Estadão:

    http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19350224-20048-nac-0003-999-3-not

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