domingo, 6 de dezembro de 2009

A GOSTOSA ARARAS

Prédios de Araras em 1918. Fotos Filemon Peres

Araras perdeu seus trens e trilhos, mas continua sendo uma cidade simpática. Eu a conheci treze anos atrás e depois disso passei a ir praticamente todo ano à cidade, às vezes mais de uma vez.

Como escrevi no meu artigo de ontem, fui lá de novo. Os motivos foram apresentados ontem. Também ontem, no entanto, aproveitei minha estada na cidade para visitar alguns conhecidos. Dormi na casa do meu amigo João de Mello, que me deixou no centro da cidade e foi trabalhar — ele é veterinário e a clínica abre aos sábados.

Passeei pela praça central, a Barão de Araras, antigo “Jardim Público”. É linda, com prédios antigos e bonitos, da mesma forma, por exemplo, que Botucatu. As ruas que cruzam a praça no sentido transversal morrem nos córregos — Araras de um lado e o outro (nunca lembro do nome, mas é um afluente do ribeirão das Araras) do outro lado e as que passam pela praça no sentido longitudinal e suas paralelas morrem na via Anhanguera.

Depois acabei indo para a Rodoviária a pé. O João falou “que era longe, que eu poderia telefonar para ele que ele me pegaria e levaria a ela”, mas ele está acostumado com cidade pequena. Para quem mora em São Paulo, a rodoviária é quase ao lado.

Fui andando e prestando atenção nas ruas por onde passei — isto quando eu conseguia achar placas nelas. Placa de rua é coisa rara em Araras. Uma das ruas: Júlio de Mesquita. O que será que o jornalista tinha a ver com Araras? Sei que ele morreu em 1927 e que foi o primeiro Mesquita do jornal O Estado de São Paulo. Era genro do Cerqueira César, um dos fundadores do jornal em 1875, e por isso ficou com o jornal, pois os outros sócios foram saindo aos poucos. Sei também que pelo menos um deles tinha interesses na cidade, grande produtora de café, mas terá sido o Mesquita? Ou o Cerqueira César? Tenho de pesquisar sobre isso.

Também existe a rua Barão de Arary, um dos fundadores da cidade, e Cronel André Ulson, outro deles. Faz sentido. Já a rua Silva Jardim não faz muito sentido. Afinal, ele era fluminense, provavelmente nunca foi a Araras. Mas como morreu quando caiu dentro do vulcão Vesúvio, em Nápoles, no final do século XIX, devem ter ficado com pena dele. Tem a rua Santa Cruz. Tem a Nunes Machado, que é também nome de uma rua em Curitiba. Seria o mesmo Nunes Machado? Teria ele algo a ver com a cidade?

O antigo Jardim Público, como já dito, tem diversos prédios magníficos, tanto nos jardins da praça quanto nas ruas que a costeiam. Outro edifício não tão antigo quanto esses, mas também imponente, é o do Clube Ararense. A estação ferroviária, por sua vez, fica onde era o limite da zona urbana da cidade no século XIX, aliás, era até longe dela na época. Como a linha passava pelo vale do ribeirão das Araras, a estação também era ali, o que obrigava os passageiros dos trens a uma longa viagem na época — de parcos transportes, como lentos carros de boi. Como era comum, muita gente ia a pé mesmo.

Já a estação rodoviária, bem mais nova, fica onde teria de ficar: na avenida que faz um “U” na cidade e contém a cidade velha em seu interior. Próxima à Anhanguera, é um dos poucos lugares da cidade que dão razão ao nome pela qual a cidade é chamada: “Cidade das Árvores”. Os jardins da rodoviária são bonitos e cheios de árvores com pássaros que cantam ali pelo dia inteiro. O prédio é bastante adequado para o movimento, apenas pecando por ter poucos assentos de espera e por ter uma limpeza não muito boa.

Mas é Araras. É no rico interior de São Paulo, mas sem nenhum hotel que possa ser chamado de bom. Eles têm de resolver isso.

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