Sim, São Paulo já teve disso um dia. Conversando com minha mãe hoje, ela contava que costumava ir com minha avó “à cidade”, como se dizia quando se ia ao atual Centro Velho de São Paulo. Lá, eram frequentes as visitas à Casa Allemã — que depois, segundo ela, virou Galeria Paulista e mais tarde se mudou para o final da rua Augusta —, às Lojas Americanas, às Lojas Brasileiras e a uma confeitaria que era “a única que existia do lado de lá do viaduto do Chá” — ela não se lembra o nome, mas ficava na rua de São Bento ou na Quintino Bocaiúva. Lado de lá, no caso, para ela, era o Centro Velho. Perguntei da Vienense, que ficava na Barão de Itapetininga, portanto, no “Centro Novo” — ela se lembrou, mas disse que era “muito para lá”.
Ela ia com a mãe, mas às vezes ela se encontrava com ela na Praça da Sé “debaixo do relógio”, pois ambas vinham de lugares diferentes. Debaixo do relógio? Sim, do relógio que ficava lá mais ou menos em frente (mas no meio da praça) de onde hoje está o prédio da Caixa Econômica Federal. Ali a rua fazia com que os bondes passassem colados ao relógio, despejando e coletando gente.
O relógio, segundo um amigo meu, era um dos únicos de São Paulo que tinham três faces. Com o final dos bondes, ou sei lá quando, ele foi removido e desapareceu. Quem terá feito este crime?
Reparem na foto acima, de autor desconhecido, como era a Praça da Sé em 1937. Vejam que o relógio está no canto direito e o que está passando atrás dele são ônibus e jardineiras. O bonde passava na frente; o relógio ficava numa “ilha”. Há uma foto que mostra os bondes na frente do relógio, mas eu não a encontrei.
Quem conhece a Praça da Sé sabe que o lado direito da fotografia, onde estão os prédios, não mudou muito, quase nada, de lá para cá. Isto é um milagre em São Paulo, mas também é consequencia da deterioração dessa região da cidade. Sabe também que a Igreja da Sé já está pronta, com suas torres. Que o Palacete Santa Helena, do lado esquerdo, já foi demolido no final dos anos 1960 para a construção da estação central do metrô naquele lugar.
Sabe também que os bondes não existem mais e que automóveis são difíceis de se encontrar na praça de hoje. Estacionados, então... nem pensar. Hoje passam por ela ônibus elétricos, mas não nesse local onde estava o relógio. O Marco Zero, que já existia e do qual falei outro dia, está difícil de localizar; está, de qualquer forma, no meio daqueles automóveis estacionados em frente à Catedral.
As memórias de minha mãe relembram essa praça que hoje está bastante diferente, exceto o canto que citei.
Ela ia com a mãe, mas às vezes ela se encontrava com ela na Praça da Sé “debaixo do relógio”, pois ambas vinham de lugares diferentes. Debaixo do relógio? Sim, do relógio que ficava lá mais ou menos em frente (mas no meio da praça) de onde hoje está o prédio da Caixa Econômica Federal. Ali a rua fazia com que os bondes passassem colados ao relógio, despejando e coletando gente.
O relógio, segundo um amigo meu, era um dos únicos de São Paulo que tinham três faces. Com o final dos bondes, ou sei lá quando, ele foi removido e desapareceu. Quem terá feito este crime?
Reparem na foto acima, de autor desconhecido, como era a Praça da Sé em 1937. Vejam que o relógio está no canto direito e o que está passando atrás dele são ônibus e jardineiras. O bonde passava na frente; o relógio ficava numa “ilha”. Há uma foto que mostra os bondes na frente do relógio, mas eu não a encontrei.
Quem conhece a Praça da Sé sabe que o lado direito da fotografia, onde estão os prédios, não mudou muito, quase nada, de lá para cá. Isto é um milagre em São Paulo, mas também é consequencia da deterioração dessa região da cidade. Sabe também que a Igreja da Sé já está pronta, com suas torres. Que o Palacete Santa Helena, do lado esquerdo, já foi demolido no final dos anos 1960 para a construção da estação central do metrô naquele lugar.
Sabe também que os bondes não existem mais e que automóveis são difíceis de se encontrar na praça de hoje. Estacionados, então... nem pensar. Hoje passam por ela ônibus elétricos, mas não nesse local onde estava o relógio. O Marco Zero, que já existia e do qual falei outro dia, está difícil de localizar; está, de qualquer forma, no meio daqueles automóveis estacionados em frente à Catedral.
As memórias de minha mãe relembram essa praça que hoje está bastante diferente, exceto o canto que citei.
Olá sr. Ralf, boa noite.
ResponderExcluirEsse relógio de três faces pode ser o mesmo comprado pelo Sr. Raful de Raful, um sujeito paulistano, irreverente e único: comprava de tudo que um dia poderia ser objeto de museu (por exemplo, o corpo mumificado de uma escrava do séc XVII). Na sua última entrevista ao Programa Goulart de Andrade, ele falou de um relógio de 3 faces, não sei se o meso. Entretanto, visitei o museu do Raful, e não vi esse objeto, que pode ter iso pro Museu Paulista, já que dizem que gde parte do acervo do Sr. Raful foi pra lá, depois de sua morte.