A fotografia de duas pessoas de minha família traz-me à lembrança memórias. Na foto estão meu bisavô, então já com 71 anos, em sua casa em Figueira do Rio Doce, nome tradicional e muito bonito de uma cidade mineira, nome que não existe mais por vontade de um político medíocre que quis perpetuar seu nome — Benedito Valadares. Como Governador Valadares, a cidade perdeu seu belo nome, esquecido no tempo, e hoje é famosa por ter muitos de seu povo trabalhando nos Estados Unidos.
Já meu bisavô, Guilherme Giesbrecht — um dos fundadores da cidade de Jaguariúna, em São Paulo, e também um dos primeiros habitantes da cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, onde esteve como chefe da construção da rodovia São Paulo-Belo Horizonte, nos idos de 1929 — fixou-se logo depois em Figueira, onde chegou a ser prefeito durante os anos 1930. Não mais deixou a cidade até sua morte em janeiro de 1957.
A criança que está com ele — vale ressaltar que a foto foi tirada em março de 1937 — é José Giesbrecht, primo de meu pai Ernesto. José morou na casa de meus avós em Ponta Grossa durante algum tempo, exatamente na época em que meu avô Hugo sofreu com acusações – que se revelaram falsas — contra ele na direção do fundo de pensões da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, em 1933. José presenciou a depredação da casa de vovô por paus-mandados do prefeito da cidade na época. O prefeito era também chefe das oficinas ferroviárias de Ponta Grossa, que ficavam ao lado da casa de meu avô. José contou o que meu pai jamais contou: que até as bicicletas das crianças foram destruídas.
Contou que ficou sozinho na casa com a governanta durante o tempo em que levaram meu avô, minha avó e seus três filhos para Curitiba para interrogatório — a força. Logo depois, José foi levado para encontrar-se com eles em Curitiba, não antes de presenciar o resto da casa ser destruída, com caminhões amarrando uma corda à varanda da casa de madeira e puxá-la, para que viesse abaixo.
José acabou ficando com meu tio Guilherme, outro filho de meu bisavô Guilherme, e mudou-se para o Rio de Janeiro. Meu avô e a família acabaram indo para São Paulo no início de 1934, depois de inocentado.
Meu pai se encontrou com José algumas vezes em Campinas, onde José acabou se fixando. Eu me encontrei com José três anos atrás, ele com 87 anos, quando me contou a trágica história acima.
José morreu no ano passado, em Campinas.
Já meu bisavô, Guilherme Giesbrecht — um dos fundadores da cidade de Jaguariúna, em São Paulo, e também um dos primeiros habitantes da cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, onde esteve como chefe da construção da rodovia São Paulo-Belo Horizonte, nos idos de 1929 — fixou-se logo depois em Figueira, onde chegou a ser prefeito durante os anos 1930. Não mais deixou a cidade até sua morte em janeiro de 1957.
A criança que está com ele — vale ressaltar que a foto foi tirada em março de 1937 — é José Giesbrecht, primo de meu pai Ernesto. José morou na casa de meus avós em Ponta Grossa durante algum tempo, exatamente na época em que meu avô Hugo sofreu com acusações – que se revelaram falsas — contra ele na direção do fundo de pensões da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, em 1933. José presenciou a depredação da casa de vovô por paus-mandados do prefeito da cidade na época. O prefeito era também chefe das oficinas ferroviárias de Ponta Grossa, que ficavam ao lado da casa de meu avô. José contou o que meu pai jamais contou: que até as bicicletas das crianças foram destruídas.
Contou que ficou sozinho na casa com a governanta durante o tempo em que levaram meu avô, minha avó e seus três filhos para Curitiba para interrogatório — a força. Logo depois, José foi levado para encontrar-se com eles em Curitiba, não antes de presenciar o resto da casa ser destruída, com caminhões amarrando uma corda à varanda da casa de madeira e puxá-la, para que viesse abaixo.
José acabou ficando com meu tio Guilherme, outro filho de meu bisavô Guilherme, e mudou-se para o Rio de Janeiro. Meu avô e a família acabaram indo para São Paulo no início de 1934, depois de inocentado.
Meu pai se encontrou com José algumas vezes em Campinas, onde José acabou se fixando. Eu me encontrei com José três anos atrás, ele com 87 anos, quando me contou a trágica história acima.
José morreu no ano passado, em Campinas.
Linda foto! História triste, mas bela a lembrança de quem dá valor ao passado, ter uma história, uma raíz, é maravilhoso o mover do tempo. Felicidades.
ResponderExcluirRalph. Sou Fátima, a sétima filha de José Giesbrecht. No final do seu post, voce diz que papai lhe passou estas informações com 87 anos,
ResponderExcluirmas papai faleceu em 2008 antes de completar 85.
Fico agradecida pelas palavras de carinho para com papai e o meu bisavô Guilherme. Um abraço e disponha, se precisar de algo mais.
Oi,Fátima. Na verdade, foi ele quem me falou que estava com 87 anos quando o visitei, uns 2 anos antes de ele falecer.Se ele morreu com 85 em 2008, então ele era na verdade mais novo que meu pai, que teria em 2008 87 anos. Obrigado pelo contato. V. mora em qual cidade? Abraços
ResponderExcluirque foto linda
ResponderExcluirque foto linda
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