terça-feira, 1 de dezembro de 2009

MAIS SOBRE A MARGINAL DO RIO PINHEIROS

A Marginal direita do rio Pinheiros, bem à esquerda na foto, do outro lado da estação Hebraica-Rebouças, em foto de 2006, tirada pelo autor do blog. Ao fundo, os prédios do bairro do Jardim Paulistano. A estrada entre o rio e a estação é uma estradinha de serviço.

Comentando o artigo sobre a Marginal Pinheiros, postado há três dias, o leitor Carlos Augusto Leite Pereira escreveu relatando suas lembranças. Ele conta que estudava na rua João Cachoeira na época e costumava jogar futebol no campo do Marechal Floriano, que ficava no final da rua do Porto, hoje Leopoldo Couto de Magalhães. Como o córrego do Sapateiro ficava à direita da entrada do campo, ele supõe que ele deveria ficar mais ou menos onde era até pouco tempo o esqueleto do prédio da Eletropaulo.

Numa manhã de 1966, ele ouviu barulho de máquinas de terraplanagem e foi olhar: estavam abrindo uma avenida. Desde então passou a acompanhar as obras com sua bicicleta. Andava pela estradinha de areia batida que existe até hoje entre a linha do trem e o rio Pinheiros. É essa estradinha que aparece na foto da Gazeta de 1958 e, a estradinha pode ser vista na foto de 1969 que aparece na "estação Pinheiros-velha" em meu site de estações ferroviárias.

O primeiro trecho da Marginal (direita) do Pinheiros, hoje Av. das Nações Unidas, foi construído pelo prefeito Faria Lima e inaugurado em 1968 e ia da Ponte do Jaguaré até a Ponte do Morumbi, com mão dupla. O prolongamento até a av. Interlagos foi feito pelo prefeito Paulo Maluf (por volta de 1970/71), mas entre as pontes do Socorro e a Interlagos já havia uma avenida que hoje fica no canteiro central da Nações Unidas e é utilizada como estacionamento.

A ligação da Nações Unidas com a Marginal Tietê só foi feita pelo prefeito Olavo Setúbal, quando o Governador Paulo Egydio Martins inaugurou o Cebolão, em 1978. Antes disso a ligação entre as duas marginais tinha de ser feita passando-se na frente do Ceasa, e as pontes dos Remédios e do Jaguaré eram utilizadas para ir da marginal Tiête para a Pinheiros.

Dessa parte acima que o Carlos conta eu me lembro bem: durante a construção do trecho, em 1979, havia uma parte pronta antes que ficava entre onde desaguava a rua Xavier Krauss e o Cebolão já funcionando. Para chegar nela, íamos pela avenida Jaguaré e entrávamos na Xavier, cruzando uma passagem de nível provisória sobre a linha da ex-Sorocabana.

O Carlos continuou a narrativa, escrevendo que do outro lado do rio Pinheiros, da Castelo Branco (o Cebolão não existia) até a ponte do Morumbi a Marginal foi construída pelo governo Abreu Sodré, na mesma época, pois é uma rodovia estadual (SP-12?) e sempre teve mão única. Só em 1982 o governo-tampão de José Maria Marin prolongou a avenida-estrada até a ponte da João Dias. O prolongamento dela, até a av. Guarapiranga, foi feito pelo prefeito Jânio Quadros (1988) e chama-se av. Guido Caloi.

Um fato curioso é que entre as pontes Cidade Jardim e Morumbi a avenida iria passar por dentro do terreno da usina da Traição. Pressões da Light fizeram com que um novo traçado fosse executado, que é o atual e que faz uma curva para desviar da usina. Mas há um trecho de mais de 1 km que chegou a ser construído e asfaltado entre a usina da Traição e o ponto onde a pista atual volta a margear o rio Pinheiros. Por algum tempo essa pista foi utilizada por auto-escolas e até como pista de decolagem de auto-giro (eu me lembro bem dessa pista). Depois, com a erosão a pista ficou encoberta. Será um achado dos arqueólogos do futuro!

Quanto ao trem da Sorocabana, a linha era métrica e eletrificada até a estação Cidade Dutra e por ela corria o "trenzinho japonês" (nota: são os Toshiba que até hoje andam na linha Itapevi-Amador Bueno), como eram chamados os subúrbios pintados de verde, cor da Sorocabana. Esses trens tinham banheiro, ao contrário dos subúrbios de hoje. Do outro lado do rio, no Jaguaré, havia uma linha de trens de carga que passava embaixo da ponte do Jaguaré e tinha um ramal que entrava no Museu de Tecnologia da USP. Ainda hoje há restos de trilhos com dormentes entre os prédios da Prefeitura que substituíram a favela da avenida Dracena e a ponte do Jaguaré.

Mais ou menos em frente do museu, a pista da Marginal (logo nos primeiros meses depois da inauguração) sofria um estreitamento e tinha uma depressão acentuada onde ficava a ponte de um córrego que vinha da Cidade Universitária e desaguava no Pinheiros (talvez fosse o dreno da raia olímpica). O Carlos acha que este trecho fazia parte daquela antiga Marginal que teria sido construída ainda na década de 1950 conforme a notícia da Gazeta.

A Marginal, além de ser pista dupla, não tinha a pista local, só a atual pista expressa. A pista local da Nações Unidas foi construída aos poucos, durante a década de 1970. Eu me lembro de ter ido a uma casa na rua Hungria por volta de 1968 e ela ainda não servia como pista local, pois a Marginal (pista expressa) ainda não estava pronta. Este trecho – rua Hungria – ainda hoje mantém o nome e numeração (naquele local, entre a ponte da Eusébio Matoso e da Cidade Jardim somente a pista expressa se chama Nações Unidas) e foi adaptada depois como pista local.

Depois, foi assinado um convênio entre o governo do estado e a Prefeitura para que esta administrasse e policiasse a pista que fica do outro lado do rio.

3 comentários:

  1. Olá Sr. ralph, boa noite.

    Ainda por esses dias constatei, da marginal, uns 300m desse ramo de carga, no miodo mato, ao que parece, em métrica. O trecho bifurcava seguindo uma parte à direita, outra parte paralela à marginal. Constatação possível graças ao anda e pára da marginal em horário de pico.

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  2. Ei, a foto não foi tirada pelo autor do blog; foi tirada por mim! :P (Na companhia do autor do blog.)

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  3. É verdade que na época de construção da Marginal Pinheiros, era comum ouvir a população falar que era uma obra (tipo elefante branco)? mais pela baixa quantidade de automóveis que circulavam x tamanho da obra?

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