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As notícias dos últimos dias são péssimas em termos de economia.
Quero deixar claro que meu texto se baseia nos conhecimentos que tenho sobre o assunto ferrovias, especialmente, e nas notícias de alguns jornais e portais lidos nos três dias que se passaram.
Folha de S. Paulo, sobre os projetos do metrô
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Todos (menos os petistas, claro, que são ou alienados, ignorantes ou ainda mentirosos) os brasileiros com razoável acesso às fontes de informação e com um mínimo de conhecimento sobre alguma coisa - e principalmente, que saibam ler - sabem que o país vai muito mal.
O motivo? os desmandos na economia nos últimos anos, causado por um governo fraco, corrupto e que se interessa apenas por favorecer os membros de seu próprio partido. O povo, a economia, que se danem. Parece que, desta vez, porém, foram longe demais.
As principais, maiores e melhores empreiteiras de obras no Brasil estão à beira da falência, pelo que dizem as notícias, por terem se enfronhado em um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que envolveu o governo (não somente petista, convenhamos) e elas próprias.
É certo que muitas das pessoas envolvidas podem até ser inocentes (meio difícil, mas, enfim...) ou tenham sido envoltas meio que sem querer (ou por não terem outra opção), mas o fato é que o desvio de dinheiro foi algo gigantesco e parece ter consumido boa parte da fortíssima (ou ex) Petrobrás. É também certo que "o melhor empreendimento do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e o segundo melhor investimento do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada", dizem os "especialistas", mas parece que, aqui, a segunda parte do ditado não está valendo. Tomara que não. O Brasil precisa da Petrobrás forte, seja ela estatal ou privada (como muitos querem).
Em São Paulo, o governador Alkmin encheu os jornais desta semana com declarações que afrimam que as ferrovias que ele está construindo - as que são tocadas pelo metrô e pela CPTM, especificamente, que, fora a Campos do Jordão, são as ferrovias do Estado (o resto se foi) - deverão ter as obras paradas ou no mínimo retardadas. As entregas previstas para os próximos três anos estão sendo empurradas para 2018, 2019, 2020... que dizer, então, do trem São Paulo-Americana, que no ano passado era considerado uma necessidade, graças à saturação das rodovias estaduais? (Que será da Campos do Jordão, que está(va) sendo revitalizada?)
Folha de S. Paulo, sobre os projetos do metrô
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Se não, vejamos: o jornal Folha de S. Paulo noticia hoje a manchete: "Orçado em R$ 7,1 bi(lhão), monotrilho de São Paulo opera só em 2,9 km; obras pararam". Ele funciona, é a linha 15 (prata) do metrô e terá, se um dia for completado, 18 estações. No Brasil sempre foi assim com as ferrovias e outras obras - você nunca pode ter certeza de que elas serão terminadas, nem que elas não serão sucateadas. Mas é um "trem fantasma", como o jornal afirma - a lotação é mínima, pouquíssimos passageiros dele se aproveitam. O fato é que descobriram uma falha no projeto que afetará o seu prolongamento e as outras estações, causadas porque o governo não sabia que havia córregos nas fundações do percurso (!!!!). Ou será desculpa para falta de dinheiro, mesmo?
Como a linha está em testes, o período de funcionamento é somente parte do dia - mas, em abril, vai passar a funcionar das 7 'as 19 horas. O jornal ainda afirma que mais três estações podem ser entregues em 2016.
Já a revista Exame afirma em reportagem do dia 30 que a linha 5 (lilás) do metrô vai atrasar um ano, de 2017, passa para 2018. Esta está em construção há anos. O seu primeiro trecho foi entregue em meados da década de 2000, entre Santo Amaro e o Capão Redondo. De lá para cá, avançou somente uma estação - para a de Adolfo Pinheiro. Alkmin afirma que a "questão do meio ambiente, desapropriações e interferências" é que está atrasando tudo. Ele pode ter razão, porque no Brasil estes órgãos são lentos e desinteressados mesmo. Mas com certeza falta dinheiro. A especulação com a diminuição de repasses por parte do governo federal, adversário de São Paulo, já começou. Afinal, este é um fato histórico.
Folha de S. Paulo, sobre os projetos do metrô - carro quase vazio no monotrilho, linha 15
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A linha 4 continua atrasada, e cada vez atrasa mais. Ela está pronta na maior parte do trecho, mas as quatro estações que faltam - duas no prolongamento até Vila Sônia - não saem nem a pau e o governo culpa a empreiteira, "que será multada". Agora, o prazo para tudo estar pronto é 2018.
Do outro lado, em Brasilia, pelo jornal Valor Econômico, sabe-se que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não quer comprometer bilhões de reais nas garantias para viabilizar o programa federal de concessões de ferrovias. Por isso, as ferrovias em obras vão atrasar mais ainda. Ou seja, o país está em crise, e, em vez de investir em infraestrutura o mais rápido possível, o ministro prefere cortar verbas e aumentar o desemprego. Não somente o desemprego como também a precária saúde financeira das empreiteiras causada por elas mesmas junto com o governo federal.
Várias ferrovias que estão em obras há trocentos anos, como Ferronorte, Oeste-Leste e Ferrovia da Soja - algumas, leia-se "obras" como "planos no papel", vão atrasar. Grande novidade. Estão muito mais atrasadas do que aquele puxadinho que o pedreiro prometeu fazer em um mês e fez em seis.
Linha Auxiliar não conseguiu sobreviver aos desmandos das concessionárias: aqui está ela na Serra do Mar, Rio de Janeiro, ex-Central do Brasil. Foto Dado Moreira
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E enquanto isto, o jornal O Estado de S. Paulo dá uma manchete que parece dizer o contrário da do Valor Econômico: "Levy traça plano para retomar crescimento". Vá entender.
E, para piorar, o que existia das ferrovias passadas, desde a privatização, em boa parte, já foi destruída.
Tirem suas conclusões. Chorem, ou fiquem indiferentes. Na verdade, não vai fazer diferença, pois a última coisa para quem os governos ligam é o povo, a "elite branca", que também é negra, amarela e índia.