Uma tristeza. Tirem suas conclusões.
"Sabemos disso há muito tempo
e, até para um leigo, a conclusão óbvia e inevitável é: precisamos de mais
ferrovias.
Contudo, a matéria abaixo não
mostra o lado nebuloso (para não dizer IMORAL) dessa novela logística:
apesar da adição de 913,7 km de trilhos na malha nacional nos
últimos quatro anos, cerca de 4.000 mil km - ou seja, metade da antiga malha da
Leopoldina e da Rede Mineira de Viação nos estados de Minas, Rio de Janeiro e
Bahia - serão erradicados com aval do Governo Federal baseado na nefasta
Resolução 4.131/2013 ANTT, um crime de lesa pátria, sob a alegação de
inviabilidade econômica pelo OPERADOR (a tal FCA da Vale) nesses trechos que
- acredite - FALTA CARGA, dizem!
Outra constatação óbvia: os
decisores das obras, públicos e privados, não simpatizam muito com obras tipo
"meia-sola" para modernizar /revitalizar esses antigos trechos,
cujo custo seria da ordem de R$ 1,5 milhão/km.
As obras
"zero-bala", que custam entre R$ 8 a 10 milhões/km, dão um bom...
"IBOPE" (para não usar uma outra palavra muito na moda nos
noticiários), e assim se "justifica" essa
"preferência", ora pois.
Ilações à vontade.
At//
Pastori"
Rodovias
transportam 3 vezes mais cargas que ferrovias, mas custo é 6 vezes maior
Segundo consultoria
logística, dependência das estradas aumenta ano a ano
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Diego
Junqueira, do R7*
Operários
trabalhavam intensamente em Anápolis (GO), uma semana antes da inauguração da
ferrovia Norte-Sul, no ano passado16.05.2014/DIDA SAMPAIO/Estadão
Conteúdo.
Os protestos de caminhoneiros no início do mês paralisaram estradas em mais de 10 Estados, comprometendo o transporte e o abastecimento de produtos em algumas cidades do País. Os bloqueios evidenciaram a dependência do Brasil do transporte rodoviário, que cresce a cada ano, apesar de ser seis vezes mais caro que as ferrovias.
Em 2012, 67% da carga transportada pelo
Brasil foi movimentada por rodovias (1.064 bilhões de toneladas por
quilômetro), enquanto 18% passaram por ferrovias (298 bilhões de toneladas por
quilômetro). Os dados são da pesquisa ‘Custos Logísticos no Brasil’, divulgada
em 2013 pela empresa de consultoria logística Ilos.
Em 2006, as rodovias respondiam por 65% do
transporte, enquanto as ferrovias tinham mais de 20%.
Segundo especialistas, a dependência das
rodovias é até maior do que os números mostram. “Se você tirar o minério de
ferro do total das cargas transportadas [por ferrovias], então o total
transportado via caminhão vai para 78%”, diz o economista Josef Barat,
ex-diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
— O Brasil é o único país onde predomina o
caminhão.
Dentre os países com dimensões continentais,
o Brasil é o único que decidiu “encurtar as distâncias” por meio das rodovias.
Os Estados Unidos, que, sem considerar o Estado do Alaska, é menor do que o
Brasil, têm uma malha ferroviária sete vezes maior: são 228 mil km contra 29
mil km.
França, Alemanha e Índia, cujas áreas são
menores que a do Brasil, também possuem malha mais desenvolvida. Hoje, o Brasil
tem a mesma quantidade de ferrovias que em 1922 (veja mais ao final).
O estudo do Ilos ainda mostra que, para
transportar mil toneladas de carga em uma ferrovia brasileira, é preciso gastar
R$ 43 por quilômetro. Já nas rodovias esse valor é de R$ 259 (seis vezes mais).
Com isso, os custos com transporte estão
aumentando no Brasil, alcançando 11,5% do PIB em 2012 — considerando gastos com
transporte, estoque, armazenamento e administrativo. Nos EUA, esses custos
equivalem a 8,7% do PIB.
Série de erros
Segundo o diretor-geral do Ilos e professor
aposentado da UFRJ Paulo Fleury, o crescimento da economia nas duas últimas
décadas ampliou os locais de produção, “aumentando o volume e as distâncias do
transporte”. Mas como a malha ferroviária não ampliou sua oferta, a tarefa de
escoar a produção coube ao transporte rodoviário.
— É muito mais fácil e barato construir rodovia
do que ferrovia. Foi o que aconteceu. As ferrovias foram minguando e as
rodovias foram crescendo sem concorrência. Não foi uma questão de escolha. Não
houve escolha nenhuma, foi má gestão.
Fleury lista uma sucessão de erros que
afastou a ferrovia da realidade brasileira, como as privatizações “sem
planejamento” da década de 1990.
— A rede ferroviária era federal [antes das
privatizações], mas dava R$ 1 bilhão de prejuízo. Então a ferrovia minguou com
a falta de investimentos. Em 1994 e 1995, eles quebraram a malha em seis
pedaços e privatizaram a rede. Mas foi uma decisão errada. A rede acabou
ficando sem conexão, se tornaram ilhas isoladas. Foi um erro do planejamento da
privatização.
Hoje, diz, o governo tem garantido
investimentos, mas as obras estão todas atrasadas por problemas de gestão, como
a troca de construtoras, alterações de projeto e dificuldades para se fazer
desapropriações.
— O investimento foi feito, mas foi mal
gerenciado. Atrasou tudo. A ferrovia Norte-Sul [que teve um trecho inaugurado
em 2014] era para ficar pronta há quatro anos. Outros projetos também estão
paralisados.
E daqui para frente?
Entre 2011 e 2014, foram concluídos 913,7 km
de ferrovias, segundo o Ministério dos Transportes. A principal entrega foi a
do trecho da FNS (Ferrovia Norte-Sul) que vai de Palmas (TO) a Anápolis (GO).
Esse pedaço ficou pronto em maio do ano passado, mas começou a operar
comercialmente no fim de fevereiro deste ano.
Iniciadas na década de 1980, as obras foram
retomadas só em 2007, durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. A promessa inicial era entregá-la até 2010.
O outro trecho em construção dessa ferrovia
vai de Ouro Verde (GO) a Estrela D’Oeste (SP), que deveria ter sido entregue no
ano passado, mas tem previsão agora para dezembro de 2015.
A outra ferrovia atualmente em construção é a
FIOL (Ferrovia Integração Oeste-Leste), que tem 1.527 km de extensão em três
trechos, saindo de Ilhéus (BA), passando por Caetité (BA) e Barreiras (BA) até
chegar a Figueirópolis (TO), onde vai se interligar com a FNS. A obra está
prevista para ser entregue até o fim de 2016.
Para o professor de engenharia mecânica da
UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) Fernando Marques, pelo tamanho do
Brasil, é preciso investir ainda mais.
— O governo tem feito alguns investimentos na
área, inclusive com a ferrovia Norte-Sul, a Oeste-Leste, mas ainda é pouco pelo
tamanho do País. Porque não adianta só ter malha, você tem que ter
infraestrutura. É preciso construir terminais adequados. É preciso ter estrutura
para a carga chegar adequadamente e que junte uma quantidade suficiente para o
trem levar.
Marques calcula que a construção de uma
ferrovia seja até 4 vezes mais cara que a de uma rodovia. No entanto, diz, o
investimento vale a pena.
— O custo é mais caro, já que a ferrovia é um
investimento do tipo industrial, os materiais são muito mais sofisticados. Mas
o custo operacional é bem mais barato, principalmente se considerarmos o custo
de cargas de alta densidade que são transportadas em longas distâncias.
* com Victor Labaki, estagiário do R7
Bem, quanto ao fato de o governo dar preferência as rodovias e não as ferrovias há uma explicação, o mesmo raciocínio que pode ser usado para a grande especulação imobiliária nesta época de crise hídrica: impostos! Quanto de imposto pagariam as concessionárias das linhas pela propriedades e uso de seus trens? E se eu fizer a mesma pergunta aos donos de automóveis, caminhões e companhias transportadoras pelo uso de seus veículos?
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