A clínica no anúncio do jornal
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Um anúncio publicado no jornal A Provincia de S. Paulo de 30 de abril de 1886 mostra a Clínica do Dr. Arruda Botelho nesse ano (seria a inauguração?) em belíssimo desenho a bico de pena, como hoje não se vê mais - pelo menos em jornais e revistas.
(Nota deste autor: O último jornal que publicou desenhos a bico de pena foi a Gazeta Mercantil, extinta nos anos 2000, mas que todos os dias tinha pelo menos um, representando pessoas. Fotos eram raras neste jornal, geralmente apareciam apenas nas propagandas.)
O anúncio inteiro
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Se considerarmos seu endereço - rua do Gazometro, número 1 - deveria ser a primeira casa do lado esquerdo da rua, mas, no sistema de numeração de ruas existentes na época (e que vigorou até cerca de 1938), contado por casa (a primeira casa do lado ímpar era a 1 e a primeira do lado para era a 2), a casa poderia tanto estar na esquina da rua da Figueira, quanto na esquina da rua 25 de Março (do outro lado da várzea), quanto depois do seu início, pois poderia haver locais vazios. No mapa de 1877, onde aparecem construções, a esquina com a rua da Figueira estava vazia. A primeira casa aparecia mais para a frente. Pelo desenho de 1886, a casa parece estar numa esquina - seria com a rua da Figueira? Se estava mesmo nesse local, o terreno vazio de 1877 ganhou essa construção. Como fizeram com o número 1, que teria sido o da casa mais afastada neste último mapa? Tornar-se-ia 1A (sim, isso existia) - ou terrenos também teriam um número reservado para eles, para evitar esse tipo de modificação?
Mapa da região em 1897 - vejam a rua e o aterrado
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Fica a dúvida: na época, a Várzea do Carmo era uma várzea mesmo, tornar-se-ia um parque, o Parque Dom Pedro II, no início dos anos 1920 e hoje, infelizmente, quase totalmente destruído (no final dos anos 1960). A dúvida fica, entretanto, onde seria esse primeiro prédio da esquerda na rua do Gazometro, que ganhou esse nome depois de 1872 (quando, exatamente? A rua do Gazometro já foi localizada, por exemplo, em um mapa de 1877), quando nela foi construído o Gasômetro (cujo prédio ainda existe).
A esquina (quase no centro da foto) da rua do Gazometro com a rua da Figueira em 1930 - a construção ali mostrada em diagonal seria ainda a mesma? (Sara Brasil)
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Se essa casa ainda estivesse ali hoje, sua numeração teria mudado para o sistema atual, métrico, que é utilizado na cidade de São Paulo. E poderia nem ser a número 1, pois, em princípio, o número obedece à metragem da entrada principal (que poderia estar em qualquer local, não está clara no desenho). Poderia ser 3, 5... sabe Deus,
Sobre a várzea, existia uma continuação dessa rua, chamada de Aterrado do Gazometro. O número 1 estaria no aterrado ou na rua, que, hoje e também naquela época, começava na rua da Figueira (que, pasmem, mantém esse nome até hoje). Afinal, mesmo havendo um sistema, os nomes de ruas nessa época não eram oficiais e suas denominações variavam de mapa para mapa, de anúncio para anúncio.
Mapa da região em 2015 (Google Maps)
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Finalmente, sabemos que na esquina da rua da Figueira com a rua do Gasômetro hoje existe um posto de gasolina, visto no Google Maps. E que o local fica não muito longe do Palácio das Indústrias (construção dos anos 1930 que ainda existe) e da estação original do Tramway da Cantareira (estação que foi demolida e transferida para a rua João Teodoro em 1918 - e que foi construída depois da clínica, em 1893).
Vale a pena mostrar o desenho e o anúncio, visto lá no topo da página, e também alguns mapas da região em diferentes épocas.
segunda-feira, 16 de março de 2015
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