Civilização Brasileira era o nome de uma editora (creio que não exista mais). O título que escolhi acaba sendo o mesmo, porque o artigo fala sobre o estado a que chegamos em termos de civilização.
Ontem estive com dois arquitetos em São José dos Campos. Passamos primeiro na Prefeitura e mais especificamente na Fundação Cassiano Ricardo, alojada nos prédios da antiga Tecelagem Paraíba, que por sua vez estão nos fundos do pátio ferroviário da estação central da cidade. A intenção era obter informações sobre as quatro estações que o município possui, embora eu particularmente já as conhecesse todas. A necessidade era deles, que me perguntaram se os queria acompanhar.
A Prefeitura tombou os quatro prédios (São José dos Campos, Limoeiro, Martins Guimarães e Eugenio de Melo) em termos municipais. Todos foram construídos praticamente ao mesmo tempo, entregues em 1925, juntamente com a variante construída na época. Nota-se nas três últimas edificações a mesma tipologia típica de várias estações construídas pela Central do Brasil nos anos 1920 em diferentes pontos – Jacareí, São Silvestre e Luiz Carlos, por exemplo, também a tem – com diferentes tamanhos. Somente a estação central da cidade destoa, embora seja também dessa época. A Prefeitura afirmou categoricamente que quer comprá-los – mas as negociações com a Rede Ferroviária Federal e agora com a sua inventariança estão paradas já há quase 15 anos por causa da burocracia.
Ainda segundo a Fundação, a Prefeitura não pode investir nos reparos e recuperação dos quatro imóveis porque não pode justificar gastos em algo que não é dela, ou que dela nem comodato consegue. Está certo. A preocupação maior, no entanto, é se daqui a pouco tempo ainda terão o que reformar. As quatro estações (como disse uma vez Vivaldi) estão em petição de miséria e nem de longe inspirariam aquela bela sinfonia. Mesmo porque Vivaldi considerou outro tipo de estação. Sorte dele, porque elas fazem parte da natureza. Já as estações ferroviárias, obras do homem, estão agora sendo destruídas pelo próprio homem - pela atual civilização brasileira. Afinal, que civilização é esta que não pode ver uma edificação vazia, que junta um grupo de desocupados e a picha, invade, depreda, arranca portas e janelas, quebra tudo o que exista internamente, suja, arranca tudo do chão e, depois, volta para fazer mais festas de depredação? Que tipo de gente é esta, que não fez isso somente nas três últimas estações citadas acima, colocando inclusive em risco de desabamento uma delas, mas também faz este tipo de coisas pelas mais variadas estações ferroviárias desativadas pelo Brasil inteiro, armazéns, casas ferroviárias, depósitos e também na área não-ferroviária? Este tipo de civilização é a que aspiramos?
Esta civilização, que parece cada vez aumentar mais, mete medo nas pessoas honestas que moram e trabalham no entorno dos prédios depredados, a ponto de que estas assistem a tudo sem reação, pois temem pelas próprias vidas suas e de sua família. Que exemplo estamos deixando para as próximas gerações? Não seria hora de reagirmos de alguma forma e impedir todo este descalabro, que atinge o País todo?
quarta-feira, 1 de abril de 2009
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eu já notei que os trilhos ficam sem uso por um bom tempo em determinados trechs ferroviarios, nunca um trem de passageiros iriam atrapalhar os cargueiros, mas creio que nunca mais teremos trens comuns de passageiros, pois a maioria dos carros foram cortados, tirei algumas fotos dos carros de aço inox em botucatu, cortados por ladroes, alguns pedaços dos carros estão dentro da estação de botucatu, em sorocaba ainda existe as filas da morte, em amador bueno tb, o que restaram dos carros não servem para reforma, de tantas peças roubadas, os trens turisticos são poucos e alguns preços salgados para uns 10 km de via, o trem turistico de pouso alegre abandonado com varios carros ao relento só não foram saqueados por causa que um guarda vive no local, mas com locomotiva e carros em estados lastimaveis, mas o que nos resta é mostrar a realidade para que pelo menos seja uma foto de recordação, em itatinga eu já vi ex-maquinistas montando lobas em ho, mas não entendia que eles tinham a alta sorocabana no sangue.
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