quarta-feira, 22 de abril de 2009

A CHÁCARA DE MOGI DAS CRUZES

Meu avô comprou uma chácara em Mogi das Cruzes em 1941, com uma casa velha à beira da rua, estilo anos 1920, 30. O terreno descia (a rua era mais alta que a base da casa) e em seguida subia até atingir a rua de trás, que se chamava (e ainda se chama) Coronel Cardoso Siqueira, já assinalada na certidão da casa em seu inventário de 1948, ano de sua morte. Eu conheci a chácara nos anos 1960, quando eu tinha 9, 10 anos de idade.

Meu avô tirou inúmeras fotografias da chácara. Da casa antiga, da casa nova, da sua construção, da piscina, que, na verdade, era um tanque redondo com um quiosque no centro, aonde se podia chegar por uma pequena ponte. Ali desembocava um riacho que vinha da parte alta do terreno. “A piscina era pequena, o fundo era de terra, somente as laterais eram de tijolos. Dentro dela havia sempre um barquinho, onde a gente montava e de tão pequeno que era o tanque, ele vivia batendo nas margens... mas era divertido”, relembra minha mãe. As fotografias mostram gente da família, gente que eu conheci, mas que já morreu há tempos, com exceção de minha mãe e uma de minhas tias. Tempo quando o mundo era sépia.

Sud morreu sete anos depois da compra da chácara. Ele pouco a aproveitou, mas muita gente ia lá, mesmo sem ele. Como localizar um lugar que não mais existe, 40 anos depois de minha última ida lá? Minha mãe se lembra de ir de trem para Mogi das Cruzes, ainda estudante, onde descia na estação e com uma amiga caminhavam “uns 15 ou 20 minutos” até chegar à chácara. Essa definição de tempo foi uma das poucas informações que eu tinha para localizar a chácara. Por volta de 1960 eu ainda ia com meus pais visitar minha tia Luiza, que morava na casa da frente – a tal casa velha, que sobreviveu às reformas feitas por meu avô. Ela ficava ali para tomar conta da chácara, já meio abandonada. A piscina, como eu me recordo, lembrava mais um tanque, mesmo – na época, sempre sujo, com água verde. A sala principal era tão pequena que foi construído um anexo atrás, uma espécie de varanda, para quando fosse mais gente visitar minha tia e pudessem comer todos juntos ali. Tia Luiza morava com o filho e sua segunda esposa, e o casal tinha um filho, Luiz Augusto, de uns 4 a 5 anos de idade. O filho morreu e minha tia se mudou para a casa de uma filha em São Paulo. Sua nora ficou na casa com seu filho e somente a víamos quando ela vinha eventualmente para São Paulo visitar minha avó na Vila Mariana. A casa e a chácara ficaram ainda mais abandonadas. Os herdeiros decidiram vendê-la. Separaram a casa velha, que ficava na beira da rua, do resto da chácara, pois esta seria loteada. Venderam a chácara, mas não a casa, que acabou ficando com a nora da Luiza. Isso ocorreu em meados dos anos 1960. Lembro-me de minha mãe comentar que “seria feita uma praça no local onde era a piscina”. Nunca mais fui para lá.

Visitei o local no final de 2006 e localizei a área com um mapa de ruas e a ajuda de um morador do bairro. A rua da entrada da chácara se chama rua dos Vicentinos, mas chamava-se Sud Mennucci, o nome de meu avô, na época em que ele tinha a casa lá. O morador havia estudado na casa “nova” da chácara, que no final dos anos 1950 havia sido transformada em escola – o Grupo Escolar Firmino Ladeira, fato que minha mãe confirmou. Com as medidas do inventário e várias fotos das casas e da piscina – da qual ele se lembrava – ele me mostrou o local. “Aqui havia um portão. Aqui era a casa, aqui o muro. Nós ficávamos na ponta dos pés para olhar a piscina com o quiosque. A piscina era exatamente aqui (e apontava o centro da praça Rotary). Era mais baixo – fizeram um aterro aqui para construir a praça e traçar as ruas mais baixas. Aqui nós subíamos para chegar à escola: a casa era ali no alto”. A escola e o córrego desapareceram. Tudo desapareceu. Tudo. Nem um só vestígio do que se vê nas fotografias ou do que se apaga aos poucos na minha memória. Casas e mais casas inundam os jardins e matas da chácara.

6 comentários:

  1. meu nome e sueli eu estudei 1959ate 1963 no firmino ladeira fiquei muito feliz em ver essas fotos eu morava na rua candido vieira esquina com cardoso siqueira quero encotrar foto de minha primeira professora D. maria pia um abraco suelicamara28@hotmail.com

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  2. Olá me chamo Durval...estudei nesta escola, que me traz boas recordações..lembro do tanque e do nome da rua Sud Menucci..de professoras de nome D. Lurdes e D.Vania...conhecia a escola como 5° grupo..se tiver mais algumas fotos da rua ou da casa da escola post prá gente.Grande abraço.

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  3. O colega,meu nome é jonas ,estudei nesta escola em 1969,conheço bem aquele bairro,pois minha mãe mora lá até hoje ,se tiver alguma foto da escola ,por favor poste aqui para gente

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  4. oi sou jonas ,tenho uma foto dos finais da década de 50 ,onde aparece uma boa parte dessa chagara ,esta foto esta no livro fotos antigas de mogi,qualquer duvida meu email é jonas.balanceamento@hotmail.com

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  5. Eu me lembro muito bem da escola estudri em 1959 até 1962 depois fui setudar no sesi da rua princesa. Isabel no centro tambem não esiste mais agira é. O predio onde e o Bradesco

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  6. Morei bem em frente dá chácara é estudei no grupo fermino ladeira pôr 3 anos 1969 até 1972.

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