sábado, 11 de abril de 2009

NOMES DESAPARECIDOS




Em um país que passou a trocar nomes de suas cidades e outros pontos tão frequentemente como no Brasil, torna-se até divertimento de colecionadores procurar por papéis de carta, carimbos de selos ou documentos oficiais que tenham o timbre de nomes que não existam mais, ou mesmo de correspondências que citem os nomes desses locais em seus escritos.

No meu caso, particularmente, isso não ocorre, o que não impede que em meu acervo, herdado de meu avô, eles existam. Acima, há quatro exemplos de cabeçalhos de carta ou de jornais com nomes que vigoraram até uma determinada época (às vezes por bem pouco tempo) para depois desaparecerem.

Referindo-me às reproduções acima, o Território Federal de Ponta Porã somente existiu por 3 anos de 1943 a 1946. Era e voltou a ser parte integrante do Estado do Mato Grosso original, e em 1978, do Mato Grosso do Sul. Monte Azul do Turvo é a cidade de Monte Azul, próxima a Bebedouro, uma das inúmeras cidades que tiveram o nome alterado em 1943 por determinação do Conselho Nacional de Geografia, pelo fato de já existir alguma outra cidade em algum ponto do Brasil que já tinha o nome de Monte Azul. Mesmo assim, eles conseguiram manter o nome, apenas acrescentando o “do Turvo”, que, não satisfeitos, alteraram para “Monte Azul Paulista” em pouco tempo. Já Valparaíba foi o nome por alguns anos da atual cidade de Cachoeira Paulista, no final dos anos 1940 e início dos 1950. O nome original era Cachoeira. Como curiosidade, até hoje a magnífica estação de Cachoeira Paulista, infelizmente tão em ruínas que está ameaçada de desabar, tem em seu dístico o nome apagado de Valparaíba e, por sobre ele, pintado, Cachoeira Paulista. Finalmente, nos exemplos acima, “Bahia, Brasil”, refere-se à cidade de Salvador, que, até os anos 1940, era conhecida por apenas Bahia, capital do Estado do mesmo nome, embora originalmente o seu nome fosse o mesmo de hoje, Salvador, e, mais longa ainda, São Salvador.

Há muitíssimos outros exemplos de cidades e outros pontos com nomes alterados. Tão grande é o número que, recentemente, estive visitando um órgão do Governo Paulista, em São Paulo, quando deparei com um grupo de pesquisadores com fotos anteriores a 1940 que citavam nomes antigos de cidades. Por meia hora, eu fiquei repassando a eles quais eram os nomes atuais, para que eles pudessem catalogar as fotografias. De todas as mais de cinquenta apresentadas, eu apenas não soube responder o de uma delas. Por que eu saberia mais do que eles? Ora, porque quem pesquisa ferrovias exaustivamente não escapa de descobrir todos esses nomes, pois, de outra forma, jamais poderia avançar na sua história.

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