Um amigo meu de Curitiba, também fanático por ferrovias, mandou-me alguns e-mails sobre os trilhos na cidade, ameaçados de extinção. Um plano para retirar os trilhos da área urbana da cidade está em curso. O principal inimigo é o ramal de Rio Branco do Sul, que cruza a cidade desde a estação rodoferroviária até o município que nomeia o ramal, passando por bairros como o Ahu, por exemplo, e cruzando ruas importantes em nível, como a Marechal Deodoro e a rua XV, além da avenida Paraná. O outro são os trilhos que cruzam a cidade desde a mesma estação até a divisa com Piraquara. Por esta linha passam hoje apenas o trem turístico Curitiba-Paranaguá e, num trecho menor, os cargueiros que seguem para Araucária e para as oficinas da ALL.
As passagens de ruas sobre os trilhos são diversas e praticamente no há viadutos sobre as duas linhas. Atrapalham tanto assim os cruzamentos? No meu modo de ver, não. Morei em Curitiba durante o ano de 2002 (que saudades dessa belíssima cidade!) e o tráfego de trens é realmente pequeno. Dois trens no ramal que vão e voltam por dia no ramal e um trem para Paranaguá diário – também ida e volta – não são realmente nada para uma cidade (graças a Deus) não tão grande assim quanto o é Curitiba.
Então, por que retirar os trilhos? Já se fez um erro enorme de se retirar os trilhos que ligavam a estação velha a Portão e a Barigui, que eram a linha original da E. F. Paraná. Principalmente se verificarmos que boa parte deles corriam pelo canteiro central de avenidas. Quando se abriu a variante para Araucária em 1977, eles foram abandonados. Poderiam hoje estar servindo a trens de subúrbio e VLTs. E mais: essa linha tinha um trem de subúrbio, eliminado nesse mesmo ano e que ligava Curitiba a Passaúna, uma estação além de Araucária.
Outro erro aconteceu em 12 de janeiro de 1991, quando, com o pretexto de "economizar combustível por causa da guerra dos Estados Unidos contra o Iraque”, acabaram com os trens de subúrbio entre Curitiba e Rio Branco do Sul e, na outra linha, com Roça Nova. Eles já eram apenas dois por dia (o que mostra o descaso da RFFSA e da cidade com o usuário) e mesmo assim, seu fim gerou reclamações, como contam os jornais da época.
Agora vão arrasar tudo e salgar a terra, como fizeram com Cartago? Saem os trilhos, quando a tendência atual é justamente a de se criarem linhas de passageiros urbanas, dado o caos de transito que tende a piorar? Onde estão aqueles prefeitos de Curitiba que form reverenciados pelo mundo todo por criar uma cidade modelo etc.? Onde está o prometido metrô de Curitiba, tantas vezes prometido e jamais implantado? Para que mudar o ramal de Rio Branco para fora da cidade, se os trens pouco atrapalham (lembro-me da carta de uma leitora para o jornal Gazeta do Povo, em 2002, dizendo não entender qual o grande problema dos trens vindos de Rio Branco que passavam em frente à sua casa, que até davam um ar bucólico à cidade)? E, se mudarem, para que retirar a linha, se é possível aproveitar-se o leito para instalar uma linha de VLT que certamente auxiliaria boa parte da população que mora nessa parte da cidade?
Para quê retirar a linha que chega à Rodoferroviária, se então os passageiros do trem turístico vão ter de se deslocar de alguma outra forma até a estação de Piraquara para tomá-los (o que certamente diminuirá o afluxo de pessoas que o querem tomar)? Meu Deus do Céu, gente, engenheiros, políticos! Tomem juízo! Os senhores já pensaram se São Paulo, que sofre muito mais do que Curitiba com a passagem de várias linhas dentro de sua área urbana (não no metrô, mas na atual CPTM) tivesse retirado suas linhas há anos atrás? Na verdade, todas as linhas que cruzam São Paulo hoje, da CPTM, são remanescentes de antigas linhas de trens de passageiros e de carga. Servem para trens de subúrbio desde o início do Século 20, além de transportar cargueiros e, até dez anos atrás, trens de passageiros de longo percurso. Mesmo a linha da Cantareira, retirada em 1965, foi substituída em grande parte por uma linha de metrô. Abram o olho, pessoal!
As passagens de ruas sobre os trilhos são diversas e praticamente no há viadutos sobre as duas linhas. Atrapalham tanto assim os cruzamentos? No meu modo de ver, não. Morei em Curitiba durante o ano de 2002 (que saudades dessa belíssima cidade!) e o tráfego de trens é realmente pequeno. Dois trens no ramal que vão e voltam por dia no ramal e um trem para Paranaguá diário – também ida e volta – não são realmente nada para uma cidade (graças a Deus) não tão grande assim quanto o é Curitiba.
Então, por que retirar os trilhos? Já se fez um erro enorme de se retirar os trilhos que ligavam a estação velha a Portão e a Barigui, que eram a linha original da E. F. Paraná. Principalmente se verificarmos que boa parte deles corriam pelo canteiro central de avenidas. Quando se abriu a variante para Araucária em 1977, eles foram abandonados. Poderiam hoje estar servindo a trens de subúrbio e VLTs. E mais: essa linha tinha um trem de subúrbio, eliminado nesse mesmo ano e que ligava Curitiba a Passaúna, uma estação além de Araucária.
Outro erro aconteceu em 12 de janeiro de 1991, quando, com o pretexto de "economizar combustível por causa da guerra dos Estados Unidos contra o Iraque”, acabaram com os trens de subúrbio entre Curitiba e Rio Branco do Sul e, na outra linha, com Roça Nova. Eles já eram apenas dois por dia (o que mostra o descaso da RFFSA e da cidade com o usuário) e mesmo assim, seu fim gerou reclamações, como contam os jornais da época.
Agora vão arrasar tudo e salgar a terra, como fizeram com Cartago? Saem os trilhos, quando a tendência atual é justamente a de se criarem linhas de passageiros urbanas, dado o caos de transito que tende a piorar? Onde estão aqueles prefeitos de Curitiba que form reverenciados pelo mundo todo por criar uma cidade modelo etc.? Onde está o prometido metrô de Curitiba, tantas vezes prometido e jamais implantado? Para que mudar o ramal de Rio Branco para fora da cidade, se os trens pouco atrapalham (lembro-me da carta de uma leitora para o jornal Gazeta do Povo, em 2002, dizendo não entender qual o grande problema dos trens vindos de Rio Branco que passavam em frente à sua casa, que até davam um ar bucólico à cidade)? E, se mudarem, para que retirar a linha, se é possível aproveitar-se o leito para instalar uma linha de VLT que certamente auxiliaria boa parte da população que mora nessa parte da cidade?
Para quê retirar a linha que chega à Rodoferroviária, se então os passageiros do trem turístico vão ter de se deslocar de alguma outra forma até a estação de Piraquara para tomá-los (o que certamente diminuirá o afluxo de pessoas que o querem tomar)? Meu Deus do Céu, gente, engenheiros, políticos! Tomem juízo! Os senhores já pensaram se São Paulo, que sofre muito mais do que Curitiba com a passagem de várias linhas dentro de sua área urbana (não no metrô, mas na atual CPTM) tivesse retirado suas linhas há anos atrás? Na verdade, todas as linhas que cruzam São Paulo hoje, da CPTM, são remanescentes de antigas linhas de trens de passageiros e de carga. Servem para trens de subúrbio desde o início do Século 20, além de transportar cargueiros e, até dez anos atrás, trens de passageiros de longo percurso. Mesmo a linha da Cantareira, retirada em 1965, foi substituída em grande parte por uma linha de metrô. Abram o olho, pessoal!
Prezado Ralph,
ResponderExcluirBelo texto este seu.... em resumo essa turma se acha "os entendidos".Realmente a sua comparação entre São Paulo-Curitiba ref a retirada dos trilhos na região central "mostrou a cobra e matou a pau" caso SP não tivesse uma CPTM da vida hoje eu queria só ver,mpois mesmo com ela o problema de deslocamento urbano e enorme.
Peço autorização para enviar esse seu comentário ao Gabinete do Prefeito e a imprensa em geral,com o objetivo de criar e fomentar conversas sobre este "polemico projeto" que aparece um ano antes das eleições..... já viu pois o custo de uns 400 milhões para fazer tudo e MUITO DINDIN...
Um abraço
Paulo Roberto -Curitiba
Paulo, pode enviar para eles. Quanto à foto que coloquei e não disse de onde era, digo agora: além de ser o futuro de Curitiba, ela foi tomada em 15/9/1997 por mim, em Pirassununga, SP, quando arrancaram o antigo ramal de bitola larga da CP naquela região... Triste, não? 120 anos de história acabaram ali.
ResponderExcluirOlá! Estava navegando pelo site das ferrovias, e gostaria de propor uma campanha. Trabalho em Louveira, na Rádio Comunitária da cidade, e temos um programa de jornalismo e prestação de serviços à população. Estamos lutando pela revitalização da Estação de Louveira e pela Subestação, pois ambas estão abandonadas. Água parada, sujeira, falta de segurança e inclusive virou moradia de mendigos. Confira em nosso site algumas fotos, e espero de coração que você se encante por essa causa nobre e possamos fazer algo pela nossa Estação. www.ntfm.com.br
ResponderExcluirRalph, o problema aqui em Curitiba é que a cidade cresceu acompanhando a linha de trem. Só que os atuais moradores se sentem incomodados por morarem em casas e regiões aonde o trem já passava décadas antes deles chegarem ali. Aí abraçam causas "nobres" como o contorno ferroviário, para resolver o problema do vizinho incômodo, quando na verdade eles mesmos se sujeitaram a isso. A linha de Rio Branco do Sul é o caso mais curioso, já que a maior parte das reclamações se dá por parte de moradores de condomínios fechados e prédios que foram construídos próximos a linha, não o contrário.
ResponderExcluirEsse tipo de reação não ocorre somente em Curitiba. E é lamentável. Mas já vi, mesmo em Curitiba, manifestações de apoio à manutenção dos trilhos onde eles estão, com cargueiros e tudo. Afinal, são poucos por dia. Como se caminhões, ônibus e automõveis não atrapalhassem (pela ótica dos oposicionistas, somente trens fazem barulho e sujeira).
ResponderExcluirRalph... estou lendo seu texto somente agora... na verdade os engenheiros e arquitetos que tanto fizeram por Curitiba, tbm fizeram para eles, existe propriedade intelectual do sistema de BRT´s, e eles a vendem, por isso da necessidade de se mantar qq coisa que possa significar concorrencia, portanto metro, VTL´s, trem, são concorrentes...
ResponderExcluirDepois, quando os caminhões atravancam dez vezes mais as ruas, reclamam cem vezes mais.
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