Há poucos dias, vários jornais e publicações comemoraram o centenário da descoberta do médico e cientista Carlos Chagas da doença que leva seu nome: o mal de Chagas, causado pelo Trypanosoma Cruzi, sendo o Cruzi uma homenagem a Osvaldo Cruz. O protozoário é transmitido por um mosquito que se tornou tristemente famoso, o barbeiro, existente em grande quantidade até hoje naquela região (e não somente lá) e de combate difícil em zonas rurais. Foi curioso ver que um dos jornais citava que a descoberta se deu em São Gonçalo das Tabocas, onde se construía uma ferrovia. Ora, em 1909, construíam-se diversas ferrovias pelo Brasil todo (incrível, não?) e São Gonçalo das Tabocas é inidentificável hoje em dia. O vilarejo tornou-se logo depois uma estação de Central do Brasil, no ramal de Pirapora, e, com a mania da Central (outras ferrovias também faziam isso, mas a Central era demais) de trocar nomes tradicionais de vilas por nomes de funcionários seus, às vezes ainda vivos, a estação e por tabela a vila tiveram de adotar o nome de Lassance, um engenheiro da ferrovia na época. Pelo menos não colocaram o seu nome completo, que tornaria mais difícil as coisas, e o nome até que é simpático.
Lassance virou município muitos anos depois. Isto não significa, porém, que seja um local rico. É bem pobrinho. A estação, sem trens de passageiros desde 1976, foi abandonada como tantas outras e uma tentativa recente de restauração parou no meio. Já algumas casas da ferrovia, construídas para os funcionários que lá residiam, sobreviveram exatamente como o que sempre foram – moradias, e são realmente muito bonitas. São um exemplo da arquitetura da Central nessa época. Não conheço Lassance, mas essas devem ser, ao lado da pequena estação, as casas mais bonitas de lá, por testemunhos de pessoas que a conhecem e me mandam fotos, como as que se vê acima, de autoria de Gutierrez Lhamas Coelho. O dístico E. F. C. B. ainda sobrevive nelas, um deles em forma de concha. Um dos prédios é hoje sede da polícia local.
Porém, o verdadeiro herói da história, Carlos Chagas, foi indicado duas vezes ao Premio Nobel, a última delas em 1921, e não ganhou. Alguns brasileiros já comentam que “os brasileiros sempre dizem que é alguém daqui que inventou isso, descobriu aquilo, mas quem recebe a fama são os outros – mania de brasileiro, mesmo”. Mania de brasileiro, por quê? Os americanos, supostamente o povo mais poderoso do mundo, fazem a mesma coisa. Sempre fizeram, e com mais competência do que nós, pois ganharam muitas vezes as láureas de coisas que muitas vezes pairam dúvida sobre as reais descobertas ou invenções. O fato é que Chagas não levou o prêmio e deveria, segundo alguns, pela importância da descoberta, considerada mais marcante do que outras que conseguiram a láurea.
Nem por isso Lassance se tornou algo melhor. É uma cidade pequena e meio esquecida no Sertão mineiro. Por ali passou a pobreza dos migrantes do Nordeste que desembarcavam no rio São Francisco, em Pirapora, e ali tomavam o Trem do Sertão que seguia diretamente para São Paulo trazendo a sua miséria e esperança, principalmente nos anos 1940 e 1950, quando esta migração se acelerou e as estradas ainda eram ruins demais para terem os “paus-de-arara”. Muitos morriam no caminho: nos barcos, nos trens e na espera em Pirapora.
Lassance virou município muitos anos depois. Isto não significa, porém, que seja um local rico. É bem pobrinho. A estação, sem trens de passageiros desde 1976, foi abandonada como tantas outras e uma tentativa recente de restauração parou no meio. Já algumas casas da ferrovia, construídas para os funcionários que lá residiam, sobreviveram exatamente como o que sempre foram – moradias, e são realmente muito bonitas. São um exemplo da arquitetura da Central nessa época. Não conheço Lassance, mas essas devem ser, ao lado da pequena estação, as casas mais bonitas de lá, por testemunhos de pessoas que a conhecem e me mandam fotos, como as que se vê acima, de autoria de Gutierrez Lhamas Coelho. O dístico E. F. C. B. ainda sobrevive nelas, um deles em forma de concha. Um dos prédios é hoje sede da polícia local.
Porém, o verdadeiro herói da história, Carlos Chagas, foi indicado duas vezes ao Premio Nobel, a última delas em 1921, e não ganhou. Alguns brasileiros já comentam que “os brasileiros sempre dizem que é alguém daqui que inventou isso, descobriu aquilo, mas quem recebe a fama são os outros – mania de brasileiro, mesmo”. Mania de brasileiro, por quê? Os americanos, supostamente o povo mais poderoso do mundo, fazem a mesma coisa. Sempre fizeram, e com mais competência do que nós, pois ganharam muitas vezes as láureas de coisas que muitas vezes pairam dúvida sobre as reais descobertas ou invenções. O fato é que Chagas não levou o prêmio e deveria, segundo alguns, pela importância da descoberta, considerada mais marcante do que outras que conseguiram a láurea.
Nem por isso Lassance se tornou algo melhor. É uma cidade pequena e meio esquecida no Sertão mineiro. Por ali passou a pobreza dos migrantes do Nordeste que desembarcavam no rio São Francisco, em Pirapora, e ali tomavam o Trem do Sertão que seguia diretamente para São Paulo trazendo a sua miséria e esperança, principalmente nos anos 1940 e 1950, quando esta migração se acelerou e as estradas ainda eram ruins demais para terem os “paus-de-arara”. Muitos morriam no caminho: nos barcos, nos trens e na espera em Pirapora.
Olá, em primeiro lugar gostria de parabenizar por abordar o assunto do centenário da descoberta da doença de Chagas, uma doença ainda tao importantena na sociedade brasileira e também tão esquecida. Seu esquecimento se deve a atingir na maior parte a população pobre e, sendo assim, sem visibilidade politica e social. Gostaria, porém, de indicar pequenas coisas no texto como a espécie "Trypanosoma Cruzi", o cruzi sempre inicia com letra minuscúla segunda as regras de nomenclatura cietifica. O vetor da doença de Chagas é o barbeiro (que nao é mosquito) e o grande feito de Carlos Chagas foi desvendar o parasito , os hospedeiros naturais, os sintomas e as formas clínicas e o vetor da doença de Chagas em alguns meses. Em grande parte das doenças parasitárias foram nescessários décadas para o descobrimento detodoo seu ciclo. Assim Carlos Chagas por ter apenas 22 anos quando descobriu a doença foi muito desacreditado na época, demorando duas décadas para ser realmente aceito pela academia da ciencia seu feito. na minha opinião ele realmente deveria ter ganhado os prêmios nobeis. Grande abraço. José - doutorando em doenças iinfecciosas parasitarias
ResponderExcluirNa verdade, talvez nem tão esquecido assim, já que pelo menos aqui em São Paulo dois jornais publicaram artigos sobre o assunto. Quanto ao nome, obrigado pela correção. Quanto aos prêmios Nobel, ganha quem faz lobby e seja de preferência americano. Ou seja, nem sempre é o sujeito que merece quem ganha. Uma penas, essas coisas não deviam ter inferferencia política, embora mesmo sem ela sempre vai haver injustiças. Abraços
ResponderExcluirolá,
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa de falar de lassance.
Como Tuismóloga fico muito triste em ver a história morta e deteriorada deste jeito.
fico grata por tal declaração que nos faz acordar, neste momento, para preservar a história. Vou conhecer a cidade e ver oq ue posso fazer com meus conhecimentos. Abraços
Parabéns por seu blog e pelos assuntos interessantes postados. Sobre Carlos Chagas e sua descoberta complementou a minha postagem sobre seu aniversário.Ainda encontramos muitos pacientes portadores do Mal de Chagas com cardiomegalias incriveis...
ResponderExcluirParabens por seu blog. Assuntos interessantes sempre... uma homenagem a Carlos Chagas mais do que merecida, coincidindo com seu aniversário. Ainda encontramos muitos pacientes com cardiopatia chagasica ainda hoje...
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