Acabo de receber um e-mail de Daniel Gentili mostrando fotos da família dele tomadas na estação de George Oetterer, em Iperó, há exatos 56 anos. O nome pode ser estranho, mas foi adotado em 1908 em homenagem a um engenheiro que trabalhou na saudosa Sorocabana. O nome original era mais bonitinho: Villeta. Mas nem é isso que importa aqui. O que me impressionou foram as fotografias. São tomadas de uma forma em que, mesmo branco e preto, parecia que o mundo era todo azul. Pareciam todos felizes. São um retrato dos famosos “bons tempos” que não voltam mais, “bons tempos” em que tudo era bom e não havia problemas. Pelo menos naquele momento.
Fotografias são uma visão do passado. Aquele microssegundo de tempo ficou congelado ali. O nome que citei acima, “belezas perdidas”, foi a palavra que de repente saiu de minha mente para responder o e-mail e agradecer. Foi o título do e-mail e acabou virando o título deste artigo. Pelo menos neste caso, a beleza está realmente perdida fora dessa fotografia, como pode mostrar a outra fotografia, colorida, mas que nem de longe nos dá alguma satisfação.
Ao mesmo tempo, chegaram-me e-mails relatando e trazendo fotografias da inauguração do trem São Paulo-Jundiaí, da CPTM. Foi ontem. Um dos comentários foi que a paisagem não é muito bonita, haveria outros trechos que fariam mais sucesso. Mas, para mim, o importante é que o trem dure muitos sábados – é um trem turístico e somente andará aos sábados – e, cá entre nós, discordo do comentário de que a paisagem não é lá essas coisas. Afinal, quando andamos de trem nesse mesmo trecho – pois há vários trens diários de linha, metropolitanos da CPTM, que o percorrem, embora tendo que, nesse caso, se baldear em Francisco Morato – vemos paisagens rurais. Talvez a expressão correta seja “ainda” vemos paisagens rurais, tão perto de São Paulo. É praticamente a única linha de trens metropolitanos da Grande São Paulo em que isso ocorre. Apesar de certa degradação, ainda nos dá uma ideia de como era viajar de trem pelo interior. Há alguns relatos dessas paisagens no meu livro Um dia o Trem Passou por Aqui (2001): “(...) eu me punha a olhar as paisagens que se sucediam rápidas, como nas fitas dos cinematógrafos, ora no sublevamento das colinas, ponteadas de cafeeiros, ora nos abaixamentos dos vales, onde se alinhavam filas de bananeiras ou emergiam do fundo, branquejando, casinhas miúdas pela distância (...)”; “Eu me lembro das emas correndo pelos campos – havia muitas, por onde essa linha passava (...)”. Belezas perdidas, que hoje, se ainda podem ser vistas, somente o são pelos solitários maquinistas da ferrovia cargueira além de Jundiaí.
Fotografias são uma visão do passado. Aquele microssegundo de tempo ficou congelado ali. O nome que citei acima, “belezas perdidas”, foi a palavra que de repente saiu de minha mente para responder o e-mail e agradecer. Foi o título do e-mail e acabou virando o título deste artigo. Pelo menos neste caso, a beleza está realmente perdida fora dessa fotografia, como pode mostrar a outra fotografia, colorida, mas que nem de longe nos dá alguma satisfação.
Ao mesmo tempo, chegaram-me e-mails relatando e trazendo fotografias da inauguração do trem São Paulo-Jundiaí, da CPTM. Foi ontem. Um dos comentários foi que a paisagem não é muito bonita, haveria outros trechos que fariam mais sucesso. Mas, para mim, o importante é que o trem dure muitos sábados – é um trem turístico e somente andará aos sábados – e, cá entre nós, discordo do comentário de que a paisagem não é lá essas coisas. Afinal, quando andamos de trem nesse mesmo trecho – pois há vários trens diários de linha, metropolitanos da CPTM, que o percorrem, embora tendo que, nesse caso, se baldear em Francisco Morato – vemos paisagens rurais. Talvez a expressão correta seja “ainda” vemos paisagens rurais, tão perto de São Paulo. É praticamente a única linha de trens metropolitanos da Grande São Paulo em que isso ocorre. Apesar de certa degradação, ainda nos dá uma ideia de como era viajar de trem pelo interior. Há alguns relatos dessas paisagens no meu livro Um dia o Trem Passou por Aqui (2001): “(...) eu me punha a olhar as paisagens que se sucediam rápidas, como nas fitas dos cinematógrafos, ora no sublevamento das colinas, ponteadas de cafeeiros, ora nos abaixamentos dos vales, onde se alinhavam filas de bananeiras ou emergiam do fundo, branquejando, casinhas miúdas pela distância (...)”; “Eu me lembro das emas correndo pelos campos – havia muitas, por onde essa linha passava (...)”. Belezas perdidas, que hoje, se ainda podem ser vistas, somente o são pelos solitários maquinistas da ferrovia cargueira além de Jundiaí.
Numa época em que as paisagens eram mais bonitas e as pessoas adoravam posar com a locomotiva ou ao lado da estação... as fotos eram muito mais raras do que hoje, pois eram caras... e vem o círculo vicioso, por isso aparecer em fotos era uma satisfação maior do que é hoje. Mas não sejamos tão pessimistas: ainda há muitas paisagens e fotografias hoje que valem a pena. Mas que o fim chegou para a estação de George Oetterer, esse chegou. Infelizmente.
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