Suzana Dias é considerada, ao lado de seu filho, fundadora de Santana de Parnaíba, aqui na Grande São Paulo. Este foi o primeiro município a se desmembrar de outro (São Paulo) no Planalto, em 1625, mas a povoação fora fundada por volta de 1580, com a construção de uma igreja.
Suzana Dias era filha e neta de índios – Tibiriçá era seu avô e seu pai era português – e nascida por volta de 1553. Casou-se com um português e teve vários filhos: o mais velho, André Fernandes, é considerado co-fundador da cidade (embora calcule-se que ele tinha dois anos em 1580). É verdade, porém, que o município foi instalado por sua influência, 45 anos mais tarde. Ele foi um dos primeiros bandeirantes, embora não seja dos mais citados. Dois irmãos seus, Baltazar e Domingos, fundaram respectivamente Sorocaba e Itu, cerca de 30 anos mais tarde instalados também como municípios.
Mas no título, pergunto: que língua falava esse pessoal? Se tivessem suas vidas retratadas num filme, falariam, naturalmente, português com sotaque de hoje. Ou inglês, se o filme fosse feito em Hollywood. Mas não é bem assim. Esta pergunta me veio à cabeça quando fiquei imaginando, ao passar por obras de construção de um trevo na avenida Alphaville, em frente ao residencial chamado de 18 do Forte, o que aconteceria se a escavadeira, ao cavar ali para a obra, desse de cara com uma ossada. Seria mais ou menos desta forma? “Obras em Alphaville desenterram ossada do bandeirante André Fernandes. Este, falecido segundo alguns no ano de 1651, era dado como tendo morrido em local ignorado. Agora, graças a outras descobertas neste ponto, sabe-se que ele morreu perto de casa, em terreno que hoje está no miolo do residencial Alphaville. Foi até possível saber-se a causa-mortis: foi morto por um meteoro que caiu sobre ele, provado pelos resquícios de minerais de ferro e outros metais típicos de composição destes bólidos ao seu redor, e pelo fato de seu crânio estar esmagado. Também foi achada ao seu lado uma carteira de identidade com o seu nome e uma medalha de ouro grafada: Saudades da mamãe, Suzana. Por fim, uma carta em suas mãos mostrava um recado de um amigo, recomendando que ele fosse comprar terras 'na estrada que segue para a aldeia de Baruery, pois devem se valoryzar muyto no phuturo'. Agora os seus restos mortais vão ser transportados para a Igreja Matriz de Santana de Parnaíba, onde ficarão pela posteridade”. Bonito, mas altamente improvável. Porém, afinal, em que língua estaria escrita a carta? Português? Latim? Guarani?
Suzana Dias e seus filhos falavam, afinal, que língua? Possivelmente eles falavam duas: português e guarani, sendo mais provável que esta última fosse a que predominasse nas conversas. Com o tempo, foi criada uma terceira língua, a “língua geral”, que era uma mistura das duas. Mas nessa época de inicio de colonização, Suzana, pelo menos, deveria falar mesmo era guarani, sua língua materna, mas como tinha de se comunicar com seu pai e marido, talvez falasse português – afinal, eles já deveriam saber falar guarani, bem ou mal. Diz-se que, até a proibição da língua geral pelo Marquês de Pombal em 1767, os paulistas falavam mesmo era esta; o português seria quase que apenas a língua em que cartas, documentos e atas eram escritos.
A foto é do busto de Suzana Dias em Santana de Parnaíba, obra de autoria do artista Murilo.
terça-feira, 28 de abril de 2009
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Importantíssima informação,sou natural de Santana de Parnaíba com muito orgulho.
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