segunda-feira, 22 de março de 2010

DO ALTO DESTA ESQUINA, 38 ANOS NOS SEPARAM

No centro da fotografia acima, em branco e preto, a foto que tirei há quase 38 anos. Na foto colorida, o mesmo local (rua Botucatu com Sena Madureira) na semana passada, em foto de Valéria Rodrigues (O Estado de S. Paulo, 21/3/2010).

Num sábado do mês de novembro de 1972, saímos eu e meu amigo Roberto de carro lá da casa do Sumaré, onde eu morava e minha mãe ainda mora, para fotografar alguns pontos de São Paulo escolhidos a esmo. A ideia era que anos depois essas fotografias pudessem servir de comparação para alguns locais na cidade. Eu tinha, então, 21 anos.

Eu não me lembro exatamente do porquê de ter fotografado a maioria dos lugares onde estive. O fato é que parávamos o carro e eu descia e tirava a fotografia. Já alguns lugares foram escolhidos por estarem em obras do metrô, como a rua Vergueiro e a Domingos de Moraes. Outros, por serem avenidas e viadutos novos, como pontos na avenida dos Bandeirantes, que tinha o nome recém-alterado do antigo, avenida da Traição, e no viaduto Antártica.

O ponto da rua Botucatu na esquina da rua Sena Madureira foi achado no caminho. Como não podíamos seguir pela rua Domingos de Moraes, que estava interrompida pela construção do metrô, descíamos e seguíamos por algumas ruas abaixo. Nesse dia, foi a Botucatu. Dali fomos para a rua Loefgren, de onde fotografei a avenida Domingos de Moraes no sentido do Arquidiocesano e da Igreja da Saúde. Era um buraco só.

Lembro-me que o Roberto não entendia por que eu estava fazendo tudo isso. Eu lhe disse exatamente o que citei acima: para efeito de comparação depois de alguns anos. Trinta e sete anos e meio se passaram. Ontem, num dia de março de 2010, a fotografia da rua Botucatu (acima) foi aproveitada pelo jornal O Estado de S. Paulo para uma das fotos publicadas na edição deste domingo 21.

As outras fotografias publicadas são do acervo do Douglas, que me indicou ao repórter Rodrigo. Na verdade, o Rodrigo já me conhecia, pois há alguns meses ele me entrevistou para uma reportagem sobre estações abandonadas que também foi publicada em um domingo. Um belo trabalho. Daria um livro. Um livro para se refletir sobre o que estamos fazendo com nossa cidade.

Pena que naquela época fotografia ainda era a papel. Ou seja, compra filme, tira a foto, revela, espera para ver se ficou boa ou se você perdeu tudo... hoje teria fotografado muito mais, claro. É mais fácil... Por outro lado, fotos demais banalizam os locais. A maioria das fotografias que tiro e que vejo hoje está no computador. Muitas nem têm o tamanho mínimo para uma boa impressão; por outro lado, eu imprimo pouquíssimas fotografias, porque, se imprimisse todas que tiro ou recebo, não há hoje local para guardar tudo. Se antes fotos eram não tão comuns de ser tomadas, hoje são em número grande demais.

2 comentários:

  1. Aos 21 já pensando na memória da cidade!
    Ótimo encaixe da foto acima, recentemente recebi um ppt desse tipo só que dos EUA, poderiam fazer um de São Paulo e fazer circular pela internet.

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