quarta-feira, 10 de março de 2010
EXPRESSÕES D`ANTANHO
Ontem à noite minha filha apagou as luzes da sala que eu já havia deixado e perguntou-me se eu era "sócio da Light". O interessante é que, quando ela nasceu, a Light de SP já era Eletropaulo. Por que essa expressão ainda se mantém? Aliás, ainda há gente que pergunta: "E eu com a Light?" Ou seja, "E eu com isso?", outra expressão que sobreviveu ao tempo. Talvez no Rio, se é que essas expressões também eram usadas, fale-se mais assim: afinal, o nome Light sobrevive até hoje lá, pois a empresa manteve o nome na parte carioca e fluminense.
Também ontem alguém falou em "45 contos" no lugar de "45 reais". A expressão "contos" ou "contos de réis", significando um milhão de réis, que em 1943 se tornaram mil cruzeiros e que depois, com os diversos cortes de zeros que vieram nos anos seguintes até a chegada do real em 1994, hoje tem um valor infinesimal desta última moeda. Porém, até hoje é usada! E não só por gente tão velha assim, que usa também a expressão "mil-réis" ou "merréis", de onde veio também "merreca", expressão de hoje que significa pouco dinheiro.
A linguagem popular altera-se constantemente, e mesmo palavras ou expressões utilizadas dez anos atrás em alguns casos não o são mais. Minha mãe usa a expressão "do tempo da zagaia de gancho" ou somente "do tempo da zagaia" e me afirma que mesmo quando ela era pequena a zagaia já era uma palavra que estava desaparecendo — pois zagaia é um tipo de arame que facilitava a amarração e a colocação de botões nas botinas, e estas também já estavam saindo da moda nos anos 1920. Outra expressão que existia era "no tempo dos afonsinhos", que também mal se usa hoje e é bem velha — teve origem nos dois filhos homens do Imperador Dom Pedro II, que morreram ainda pequenos e receberam o mesmo nome — Afonso —, embora tenham nascido em anos diferentes nos anos 1840.
A história de um povo e de uma nação se faz também no conhecimento dessas expressões que se tornaram famosas por algum tempo e que sempre tinham algum motivo para existir. E chega de escrever sobre isso hoje, antes que eu me torne alvo de pândegas e chacotas.
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Uma expressão que sempre me seduziu :
ResponderExcluir"Para quem é, bacalhau basta", significando coisa pouca para quem vale pouco. E a distante lembrança que nos anos 30/40 , bacalhau era comida de pobre.
Esse artigo está um pouco "boco moco! hahaha
ResponderExcluirE aqui venho dar meu pitaco e versões paralelas: aqui no Triângulo Mineiro, a expressão "do tempo da Zagaia" refere-se também à um "pouso de tropeiros" que havia nas imediações da Serra da Canastra. Neste pouso (cujas ruínas ainda existem no município de Sacramento-MG) havia currais para que o tropeiro recolhesse seu gado durante aquela noite. Se fosse alguém de posses ou que estava levando um gado de mais valor, lhe era oferecido um quarto melhor, pelo preço do normal. E então, de madrugada, o dono do pouso, de dentro do seu quarto puxava uma corda que desarmava a zagaia. Esta era uma tora imensa, cheia de pregos e espetos, que ficava escondida no forro e caía sobre a cama do viajante. Dizem que os corpos eram jogados de qualquer jeito no mato e o dono do pouso ficava com todos os seus bens. Como esse lugar fica "perdido" no meio do sertão, ninguém ficava sabendo e nenhum policiamento passava por lá. Procurando no Google pelas palavras Canastra e Zagaia, aparecem as inúmeras versões dessa história.
ResponderExcluirMineiros bonzinhos esses.
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