terça-feira, 23 de março de 2010
DA PONTE METÁLICA AO CIRCUITO DE ITAPECERICA
Depois de falar há algum tempo sobre o misterioso (para mim) Circuito da Gávea, agora é hora de outro: o Circuito de Itapecerica. Há um livro escrito sobre ele, e – pasmem – até um filme da época, hoje desaparecido. Que época? Parece que houve apenas uma corrida nesse circuito, mas em 1908!
Na verdade, eu já havia ouvido falar desse circuito de rua: num tempo em que rua pavimentada praticamente não existia em São Paulo, ricaços playboys da época decidiram promover uma corrida que teria início e fim no Parque Antártica, local que não é o estádio de hoje, mas que, no mesmo lugar, deu o nome popular ao atual estádio da S. E. Palmeiras, na Água Branca.
A corrida ganhou tanta fama que até relativamente pouco tempo, havia placas e mapas de ruas de São Paulo que chamavam a atual Estrada de Itapecerica (vejam, ainda se chama Estrada de Itapecerica) de Estrada Circuito de Itapecerica ou de Circuito de Itapecerica. Eu mesmo cheguei a ver uma dessas placas uns 30 anos atrás.
Para se conseguir disputar a corrida, os próprios corredores patrocinaram o conserto de alguns trechos em que ela seria disputada para que ela se tornasse possível. Saindo do Parque Antártica, os automóveis seguiram pela avenida Antártica, rua Cardoso de Almeida, Doutor Arnaldo, Teodoro Sampaio, rua Butantan, avenida Francisco Morato até Embu, depois Itapecerica da Serra, voltando pela Estrada de Itapecerica, trechos do Tramway de Santo Amaro, Avenida Santo Amaro, Brigadeiro Luiz Antonio e Avenida Paulista, retornando para a Doutor Arnaldo e fazendo o percurso inverso até o Parque Antártica. Várias das ruas citadas ainda tinham outros nomes em 1908.
Fotos e dados mais concisos no blog de Luiz Cesar e mais alguma coisa no site da bandeira quadriculada. Toda esta curiosidade surgiu do fato de eu ter lido sobre a ponte metálica sobre o rio Pinheiros num livro que adquiri e queria saber sobre onde ela ficava (era a ponte de Pinheiros, que ligava as atuais ruas Butantan e Lemos Monteiro até o ano de 1943).
Da discussão que se seguiu entre vários participantes de uma lista de trens (!!!) surgiu a informação que corroborava e dava a posição da ponte mencionada no Circuito de Itapecerica.
Curioso – é comum se ver menções à ponte do rio Pinheiros, mas quase nunca se escreve se ela era de madeira ou de ferro. Ontem minha dúvida foi esclarecida. Outro ponto interessante foi que em boa parte do percurso os corredores passaram junto aos trilhos do hoje extinto Tramway de Santo Amaro. Há até fotos. Eram um risco aos corredores, pois, ao contrário dos trilhos do bonde, não eram eles inseridos no pavimento ou na terra, mas sim bastante aparentes em desnível com o piso, como se pode ver em algumas fotos dos sites mencionados.
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