Propaganda da Escola para corredores de motocicleta. Não temos palavras para colocar isso em português? A escola é no Brasil. Alex Barros é brasileiro.
Recebi ontem em minha casa uma revista dessas gratuitas que circulam em Alphaville. Aliás, por aqui somente circulam revistas e jornais gratuitos, entregues em minha casa. São cerca de doze por mês, incluindo os jornais, creio. Dessas, somente duas (o Jornal de Alphaville e a revista Alphanews) valem a pena. O resto, pode-se jogar direto na cesta de lixo.
A que vi hoje é uma revista sobre imóveis, principalmente para venda. Parece que em Alphaville as revistas somente servem para dar dinheiro para quem vende seus anúncios (nenhum problema nisso). Só que ninguém as lê. Enfim, a revista que recebi ontem tinha na capa expressões como "Practical Life Brooklyn" e "Real Estate". Dentro, folheei rapidamente, e de cara encontrei "Casa Living Solutions da Alphaville Urbanismo". Parece que as expressões em inglês são uma sensação por aqui no Brasil.
Antigamente, colocar nome americano em um negócio, em um empreendimento, numa loja, num prédio, num produto, era símbolo de status. Já faz muitos anos, porém, que não querem dizer nada, pois muita gente — gente demais — as usa. O que há de prédios com nomes americanos e de outros negócios é assombroso. Para quê? É claro que uma loja do McDonald's, por exemplo, terá seu nome como o é na sua matriz, ou seja, um nome americano (se bem que McDonald's é um nome de pessoa, possivelmente o sujeito que começou o negócio ou alguém que ele quis homenagear). E por aí vai.
Mas colocar nomes estrangeiros em produtos nacionais? Por quê? A impressão de status já desapareceu há tempos, ficou comum e vulgar. Talvez queiram com isso dizer que nossa população é culta, muita gente fala inglês. Muita gente? Sei.
Sempre que preciso contratar alguém que fale inglês — minha esposa tem uma empresa em que falar inglês é essencial —, temos dificuldade para achar alguém que fale. E não é questão de salário, não. A maior parte das pessoas diz que fala inglês, mas na hora de testar, não sabe nada. É incrível. Portanto, dizer que brasileiro em geral fala inglês é não ter ideia da realidade do país.
Será que as pessoas que veem anúncios em inglês na televisão entendem tudo? Entendem é nada! E há diversos anúncios desses hoje em dia. Perfumes, carros... muitas empresas colocam seu lema em inglês. Pouca gente entende. Acho isso um desaforo, um tapa na cara para um país que fala uma língua que é a quinta ou sexta mais falada no mundo.
Não sou xenófobo de forma alguma, mas tenham paciência — as coisas estão passando dos limites. Ou então, que se admita que aqui existem duas línguas oficiais e pronto — façam como na Índia, onde se fala a língua nativa e o inglês. Assumam.
Eu tenho nome estrangeiro. Um inglês, outro italiano e outro alemão, pela ordem. Foi escolha de meus pais. É certo que nos sobrenomes, só se os aportuguesassem (aí já acho besteira, pois são nomes, e não traduzíveis, inclusive). Por que o nome Ralph? Por que acharam bonito. Eu me acostumei a ele, mas meus filhos e meu neto têm nomes — digamos — portugueses. E razoavelmente comuns. Sorte deles. Pouca gente acerta falar meu nome e não muita gente entende meus nomes — todos os três.
A presença de tantos nomes e fonemas ingleses nas publicações me irrita já há anos. Diversas palavras foram introduzidas aqui vindas do inglês mesmo quando já tinham seu equivalente nacional! Palavras como liquidação, que hoje chamam de sale, mascote, que virou pet (!!!), cachorro-quente, que virou hot-dog... em compensação, adoro quando vejo escrito "X-burguer": vejo que o brasileiro não perdeu o jeito simples de se escrever as palavras, mesmo do inglês (no caso, hamburger não tinha uma palavra portuguesa equivalente, então foi mais fácil).
Em compensação, informática não é uma palavra que foi gerada do inglês. Um milagre, no ramo dos computadores, onde não acharam uma palavra para traduzir delete, que virou deletar — não pensaram em excluir, existente há mil anos na língua portuguesa? Há muitíssimos exemplos. Não há por que ficar colocando todos aqui. Há deputados que querem proibir os termos estrangeiros — adianta?
Mais fácil, mas mais demorado, seria educar melhor os brasileiros e fazê-los ter orgulho do país. Os anglicismos rapidamente desapareceriam, sem leis.
quinta-feira, 25 de março de 2010
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Esse assunto parece ser algo que muita gente pensa inofensivo. Mas, sem querer dar uma de Policarpo Quaresma, também acho que está havendo exagero no uso de línguas estrangeiras, principalmente quando há palavras vivas e correntes no nosso idioma que expressam bem o que as estrangeiras querem dizer. Parece que existe algum valor agregado ao produto quando o nome não é comum. Existem alguns amigos que brincam que quanto mais o fotógrafo se "retorce" para tirar uma foto, mais ela tende a ser melhor. Acho que a mesma lógica é usada pela mentalidade das palavras estrangeiras: quanto mais entortar a língua, melhor é o produto em questão.
ResponderExcluirEstive em Caldas Novas-GO esses dias, uma Meca dos empreendimentos imobiliários. E acho que não vi nenhum empreendimento com nome nacional. Lá abundam os Villagios, Piazzas, Hot Springs, Privés, Towers, Goldens, Dolphins, Countrys e etc. E a parte nova é bem pior, um arremedo da Barra da Tijuca carioca, com empreendimentos de classe média alta e classe alta, vários com nomes quase impronunciáveis. Acho que valoziram isso, tanto quanto às aberrações arquitetônicas. Eu acho que daria uma bela comédia pastelão, no estilo do "Jambalaya Ocean Drive".