terça-feira, 30 de março de 2010

RESENDE, RIO DE JANEIRO

Estação de Rezende, ao fundo (Também chamada de Rezende-Agulhas Negras) e o armazém (à direita), já no abandono nesta fotografia de Bruno Castilho há quatro anos atrás, em junho de 2006.

Estive em Rezende, cidade fluminense do Estado do Rio. Fui ontem de carro, lá cheguei no final da tarde e saí de lá hoje por volta de uma da tarde, depois de uma reunião de trabalho durante a manhã. Nada de trens. Nem fui à estação: como ela encosta na estrada (a Dutra) junto com seu belo armazém, este mais antigo do que a estação em art-noveau (ou será decô? Nunca sei a diferença...) e de lá eu vi que nada mudou, ou seja, o abandono está cada vez pior, nem perdi meu tempo. Ou seja, se estiverem curiosos, basta olhar meu site e imaginar os dois prédios pior.

Fiquei num hotel no bairro do Manejo, na avenida da entrada principal da cidade para quem vem da Dutra (ou seja, praticamente todo mundo). Bom hotel. Só falta eles trocarem as esquadrias das portas do quarto. Olhando do corredor dos quartos, estão sujas e com muitos riscos. Curioso que tudo o mais no hotel, corredores, interior dos quartos, dos banheiros, recepção e aspecto externo está ótimo — menos isso e a garagem.

Agora, a cidade, em si, nada tem de especial. Eu já havia estado em Rezende (com s ou z?), mas há cerca de dez anos. Pouco me lembrava de lá. Cortada pelo rio Paraíba do Sul, só tem duas pontes não muito largas sobre ele. Uma vai e outra vem. Não dão conta do tráfego local na hora de pico. As ruas são espalhadas, sem ser quadriculadas, o que torna a cidade confusa. A confusão é maior ainda, pois nem procure um mapa de ruas — ele aparentemente não existe — nem placas com os nomes — estas quase não existem também.

Hoje pela manhã não consegui achar o prédio da reunião. Eu tinha a referência: o endereço era de uma praça (Ary Santos), que ficava junto a uma rua (Abel Rodrigues) e junto à parte sul da ponte (cujo nome não me lembro agora). Pelos três nomes que eu tinha, não consegui achar. E eu estava com o carro praticamente ao lado. Ninguém conhecia nenhum dos três logradouros pelo nome e eles não tinham placa. Nem o nome da ponte alguém conhecia. Tive de telefonar para a pessoa com a qual iria me reunir e aí ele me encontrou em frente ao Shopping (que era ao lado do prédio) e foi comigo a pé até lá. Depois, voltei a prestar atenção: achei pouquíssimas placas nas ruas em geral.

O rio está barrento. Pode ser das chuvas, mas o mais provável é que o barro venha das obras de 20 a 30 quilômetros a montante, da Usina Paulista de Energia em Lavrinhas e Queluz. As margens nas obras, que podem facilmente ser vistas da Dutra, estão totalmente devastadas pelas obras. Qualquer chuva leva a terra toda para o rio. Certamente, isso não é nada bom.

Enfim, nada de interessante em Rezende, infelizmente. Pelo menos na zona urbana. Deve ter algo em volta, como fazendas do tempo do café. Trem, o último de passageiros que parou por ali talvez o tenha feito em janeiro de 1991, quando surpimiram o Santa Cruz (Rio-São Paulo). E nem sei se, a essa altura, ainda parava na estação de Rezende, que, por sinal, fica longe da cidade — atendia mais aos militares da AMAN, Academia Militar das Agulhas Negras, que fica em frente à estação, do outro lado da via Dutra.

Em Rezende, bem como em diversas outras cidades, é que se vê como a publicidade de painéis de lojas e de outdoors faz mal às cidades: algumas casas que ainda têm belas fachadas — ou restos delas — têm-nas sempre tapando pelo menos parte de suas belas arquiteturas. Em realidade, somente vi três ali no Manejo. Sei que há mais no centro, mas não tive tempo de ir até lá. Reparei e gostei de uma casa numa rua comercial no Manejo, hoje ocupada por uma loja da Cacau Show: aparecendo acima do painel da loja, um desenho muito bonito na fachada, possivelmente dos anos 1920 ou 1930. Sem máquina fotográfica desta vez, não pude fotografar.

Mais longe da cidade, mas, até onde saiba, ainda no município de Rezende, outra estação ferroviária, a de Engenheiro Passos, também está no mais completo abandono. Esta é uma das mais conhecidas do Brasil, pelo motivo de estar ao lado da rodovia com maior movimento do Brasil. Nem isso a salva.

Rezende não me impressionou nem um pouco. Pena.

3 comentários:

  1. Lamentável essa "tradição" de ausência de placas com o nome das ruas em algumas cidades. Isso é terrível para o forasteiro desavisado - e toca a pedir informações aos nativos quando não haveria a menor necessidade de importunar ninguém. Quando me mudei para São Vicente, há 17 anos atrás, não havia placa de rua nem pra remédio, o que me causava enorme espanto - para o ex-morador da capital paulistana essa deficiência era algo inimaginável. Hoje a situação melhorou bem. Mas, em Santos, mesmo hoje não é raro você encontrar esquinas seguidas sem a menor indicação da rua em que você está.

    ResponderExcluir
  2. Aliás, o "caso" de São Vicente sem placas era conhecido... já esra assim nos anos 1960, quando, criança ainda, eu ia muito para Santos e, quando ia com minha mãe para S"ao Vicente, ela mostrava as ruas sem placa. E ela já comentava que em 1940, quando ela ia sempre para lá, já era assim!!!

    ResponderExcluir
  3. Por falar em Cacau Show, agora Santa Cruz das Palmeiras tem a sua!

    ResponderExcluir