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Embora Morgado de Mateus (1765-1775) e alguns de seus sucessores na Presidência de São Paulo tenham se preocupado com esta situação de baixo povoamento com bons ou não tão bons resultados, os bons resultados somente conseguiram ser cristalizados com o que Saldanha conseguiu: o estabelecimento de uma rede ferroviária a partir de Jundiaí, com a criação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em 1868, um ano depois de a São Paulo Railway (depois E. F. Santos a Jundiaí), construída e operada por ingleses, a partir de sua ação catalisadora junto aos fazendeiros de café do chamado então Oeste Paulista (região de Campinas, Jaú, Araras, Descalvado e outras cidades). Nesta ação, “peitou” os ingleses, que tinham a concessão para seguir de Rio Claro a Jundiaí mas não estavam nem um pouco dispostos a dela se utilizar. Os motivos eram: na época já estavam satisfeitos com a condição de “funil” (para o porto de Santos) dos carregamentos de café que chegavam até a ponta da linha em Jundiaí (com enormes dificuldades de transporte, diga-se de passagem) e também bastante receosos com os resultados que poderiam advir da Guerra do Paraguai, então em curso.
Conseguiu forçá-los a repassar a concessão para a empresa que ele havia ajudado a criar para os fazendeiros (gente de dinheiro como os Prado e os Souza Queiroz, por exemplo) e não sossegou enquanto a ata de constituição da empresa não estivesse assinada. Não quis ser acionista no empreendimento. Considerado pela diretoria da antiga Paulista como o fundador da empresa, ele retirou-se de São Paulo quando o novo Governador assumiu o cargo em abril de 1868. A Companhia Paulista foi uma das ferrovias mais rentáveis do País e considerada no seu apogeu como uma das melhores e mais eficientes ferrovias do mundo. Foi a última ferrovia privada a desaparecer no País, em 1961, estatizada à força pelo Governador Carvalho Pinto.
É possível que se Saldanha não tivesse conseguido o empreendimento ele viesse depois com os próprios ingleses, que precisariam expandir os trilhos para conseguir mais café. Mas muito tempo teria sido perdido. Saldanha teve a visão de que não se poderia esperar. Todos sabemos que o desenvolvimento das ferrovias no Estado, muito rápido a partir da Paulista (Ituana em 1870, Sorocabana em 1871 e Mogiana em 1872) e do lado leste (E. F. São Paulo-Rio em 1869 e Central do Brasil a partir do Rio de Janeiro no mesmo ano), levou à riqueza do Estado transportando café e outros produtos e possibilitando direta ou indiretamente o povoamento do oeste paulista de uma forma muitíssimo mais rápida do que vinha ocorrendo desde Morgado de Mateus. Em São Paulo, Saldanha Marinho foi nome de uma estação da Paulista, em Dois Córregos (Estação desaparecida em 1941) e nomeou o edifício-sede da Companhia Paulista na rua Libero Badaró, em São Paulo. É nome de algumas ruas no Estado e também fora dele. Muitos de seus antecessores e sucessores em São Paulo também são nomes de ruas, sendo que da maioria destes, isto é tudo que se deve lembrar, pois pouco representaram para o desenvolvimento do hoje mais rico Estado do País.
Saldanha Marinho foi também escritor e um dos constituintes de 1891. Morreu no Rio de Janeiro em 1895, aos 79 anos de idade.
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