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E, para mim, um deles é Marcelino Ramos. Lugar e nome que poucos conhecem, este local se situa na beira do rio Uruguai, alguns quilômetros antes da Usina Hidrelétrica de Itá. Ali é também a divisa dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Marcelino Ramos fica neste último. Do lado de Santa Catarina não há cidade alguma aparente, onde deságua o rio do Peixe, vindo do alto das montanhas de mais de 1.200 metros de altura onde estão as cidadezinhas de Mattos Costa e de Calmon, bem como a de Caçador, montanha abaixo.
A partir deste ponto, o rio do Peixe segue seu caminho, cada vez mais volumoso, no sentido do rio Uruguai, passando por cidades como Rio das Natas, Videira, Herval do Sul, Joaçaba, Pinheiro Preto, Piratuba e mais algumas. Por todo o seu percurso, acompanha-o pela margem esquerda (a leste do rio) a linha da antiga Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, construída durante os anos 1900, terminada em 1910 quando chegou ao rio Uruguai, cruzando-o pela ponte em Marcelino Ramos, onde se encontra com a linha do lado gaúcho que vinha de Santa Maria.
Após cruzar o rio, imediatamente após a saída da ponte, uma curva de noventa graus fazia os antigos trens estacionar na estação de Marcelino Ramos entre o barranco sobre o qual estão a cidade e o rio Uruguai. A partir daí acompanha o rio Uruguai e a seguir entra Rio Grande do Sul adentro em demanda de cidades como Erechim, Passo Fundo, Cruz Alta e Santa Maria.
O problema é que essas linhas estão quase todas em semiabandono. Raros trens passam por ali durante o ano, basicamente um ou dois de capina da ALL e um ou outro da ABPF, que usa o trecho de Piratuba até a ponte e a estação de Marcelino, do outro lado do rio, para um trem turístico que funciona em fins de semanas e feriados. É um trecho muito bonito, que acompanha a margem do rio do Peixe por quase todo o percurso (menos no trecho chamado de Volta Grande) e termina com a passagem sobre a maravilhosa ponte quase centenária (sê-lo-á em 2013) sobre o Uruguai. Às vezes um desses trens percorre a linha toda até Porto União e dali até Rio Negrinho, onde está localizado o material rodante da ABPF para manutenção ou troca de equipamento. Essas são as raras chances de se percorrer a linha toda.
Estive apenas uma vez em Marcelino Ramos, há quase quatro anos (2005). Valeu a pena sob todos os sentidos. As cinco fotografias acima foram tiradas por mim nessa ocasião, todas no lado gaúcho, e mostram a estação, a ponte, a cidade (lá no alto) e a locomotiva a vapor. Gostaria de voltar sempre. Para mim, infelizmente, pela distância, é um local que não dá para se visitar todos os dias. Não dá para descrever a emoção de se atravessar a magnífica ponte de ferro construída em 1913. A entrada na ponte já é sensacional, pelas figuras geométricas que vão se alternando devido à visão que se altera constantemente à medida que o trem vai avançando por ela. A saída em curva também é indescritível. Enfim, é ir para ver. É paisagem para ninguém no mundo colocar defeito.
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