Cheguei em casa há pouco e cruzei com um carteiro. Sim, no sábado. É verdade que não parecia um, mas tinha diversos envelopes na mão e os estava distribuindo nas casas, com a camisa amarela com o logotipo do correio... e também com calças de jogging e tênis. Realmente, parecia um corredor de maratona, com a diferença que não corria e nem distribuía cartas.
Como mudaram os carteiros e os correios! Sempre existiram, oficiais ou não, mas antes tinham uma responsabilidade maior, creio, de dar notícias. Hoje, parece que a maior parte do que distribuem são contas (argh!!), propaganda e informativos. Cartas mesmo, aquela em que chegavam as notícias dos parentes distantes, estas tornaram-se raridades. Estão levando de lavada dos e-mails dos computadores.
Pena, pois essas cartas eram diversas vezes guardadas em gavetas e arquivos de forma que, anos depois – muitos anos –, podiam ser lidas por gente que se interessasse em saber o que diziam as pessoas, como elas se expressavam, em uma determinada época. Com o baixo volume dessas cartas hoje, vai ser difícil termos essas informações de hoje daqui a cinquenta anos. Talvez mesmo daqui a dez. Quem guarda e-mails? Eu guardo, mas eu... bom, eu sou meio maluco. Mesmo assim, guardo-os de forma virtual, o que podem (apesar dos back-ups) sendo vitima de algum problema e literalmente desaparecerem.
Eu não acho que carteiros e correios reais (não correios eletrônicos, que são virtuais) vão deixar de existir um dia. Sempre estarão ali para emergências, no mínimo. Porém, e os computadores? Cinquenta anos atrás, eram chamados de “cérebros eletrônicos”, enormes, pesados, quentes, cheios de fios, de forma que ninguém precisaria de um deles em casa. Primeiro, porque não haveria lugar para eles (a não ser que você morasse em uma enorme mansão); segundo, porque não teria dinheiro para pagar a energia que eles consumiriam; depois, porque não teria dinheiro para comprar um; finalmente, porque o que você iria fazer com um cérebro eletrônico dentro de sua casa?
Em suma, no duro mesmo, computadores pessoas não são itens de primeira necessidade, mesmo hoje. O problema é que hoje você pode comprar um ou mais deles, terá espaço em sua casa e o consumo de eletricidade é baixo. A partir da hora em que o compra, passará a dizer que não pode viver sem ele. Mas, pense bem: ele é mesmo imprescindível para a sua vida? Ah, mas eu posso jogar joguinhos com ele, ou posso fuçar na Internet sobre todos os assuntos. Está bem, mas para isso ainda existem jogos “reais” e bibliotecas. Ah, mas as bibliotecas estão longe de casa e jogos ocupam espaço. Está bem, mas sempre foi assim e continuará sendo. Porém, acho que há algo que hoje o obrigue a comprar um computador: será para enviar e receber e-mails. Afinal, como pouca gente hoje escreve cartas e a tendência é diminuir ainda mais, as pessoas escrevem e-mails. A vantagem dos e-mails cobre as cartas “reais” é que eles chegam na hora – embora os destinatários nem sempre os leiam na hora e às vezes demoram dias ou semanas para abrir sua caixa de e-mails. Além do mais, você não precisa levar a carta em uma agência dos correios ou sair para procurar uma caixa de cartas. Claro, nem esperar no mínimo dois dias para que ela seja recebida e lida. A desvantagem dos e-mails é que você recebe muitos mais do que desejaria e em alguns casos do que tem condições de ler e responder. Então, fatalmente você será chamado de “mal-educado” ou de “incompetente” porque recebeu um e-mail de alguém e não respondeu porque não conseguiu.
Compre então seu computador, se você ainda não tem um, e use-o somente para receber, enviar e responder e-mails. De outra forma, o computador dominará você – pode crer (O bilhete postal foi enviado nos anos 1920 por Amadeu Amaral a meu avô Sud, que estava em Porto Ferreira).
sábado, 9 de maio de 2009
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