quarta-feira, 27 de maio de 2009

MILAGRE EM PIRAJU


O ex-Presidente Theodore Roosevelt (primeiro à esquerda sentado no automóvel) desembarca na estação ferroviária de Piraju em 1913. Dali desceria para Buenos Aires e subiria pelo rio Paraná e Paraguai para encontrar o General Rondon no Mato Grosso. Autor desconhecido

A restauração de bens imóveis no Estado de São Paulo e no Brasil vem sendo feita de forma totalmente errática nos últimos 30 anos. Como ela depende na quase totalidade das vezes de dinheiro público por meio de leis de incentivo que são geralmente aproveitadas por empresas ou mesmo pelos Governos (Prefeituras, Governos Estaduais e Governo Federal), a captação de dinheiro é em boa parte das vezes demorada por falta de interesse das instituições e nos imóveis.

Mesmo assim, é claro que a preocupação com a manutenção de velhos imóveis aumentou durante os anos 1970, quando finalmente a sociedade começou a olhar para os velhos casarões. Nessa mesma época, começava o abandono dos pátios ferroviários, com a decadência cada vez maior das ferrovias no País.

Algumas delas foram derrubadas pela própria ferrovia. Algumas foram conservadas por diversos motivos – em alguns casos, até pela invasão de gente necessitada, que mantinham o imóvel da forma que podiam. Infelizmente houve nesse processo algumas descaracterizações que depois tornaram inviável a recuperação dos imóveis. Houve também reformas indevidas por parte de prefeituras que adquiriam ou desapropriavam prédios de estações.

A estação de Piraju passou por um largo processo de abandono desde a sua desativação em 1966. Em 1971, todo o curto ramal que ligava a cidade a Manduri passou do acervo da Sorocabana para o Governo do Estado. Mesmo assim, a simpática estação, um prédio de dois andares, foi esquecida até que nos anos 1990 começou a se divulgar o que poucos sabiam: era uma estação construída pelo famoso arquiteto Ramos de Azevedo, em 1908.

A partir daí, tentou-se diversas vezes levantar fundos para a restauração da estação, que, além de ter servido à ferrovia de 1906 a 1966, ainda serviu, de 1915 a 1937, de ponto de saída de um bonde elétrico que a ligava ao distrito (hoje município) de Sarutaiá, além de levar quem desembarcava na estação ao centro da própria Piraju.

Foram muitos anos de propaganda, mas a estação, talvez do interior a mais divulgada pela mídia por seu abandono e sua beleza nesse período, não conseguia que tivesse a restauração iniciada, enquanto sua degradação aumentava. Até um livro foi escrito sobre a sua história, publicado em 2007: Arqueologia da Arquitetura: Estação Ferroviária de Piraju — Ensaio de Arqueologia da Arquitetura de Ramos de Azevedo, por Daisy de Morais, Editora Habilis, 2007.

Finalmente, eis que há uma semana atrás o proprietário de uma rádio da cidade de nome Reinaldo Bernardes Rodrigues informou-me que a restauração começara, sob os auspícios do Governo do Estado de São Paulo. Mandou-me fotografias, que mostram que efetivamente, “desta vez vamos”. Espero que agora a simpática cidade de Piraju tenha seu monumento devidamente recuperado, já que a ferrovia, bem, essa nunca mais passará por ali como nos tempos em que levava e trazia a riqueza do Estado de São Paulo.

Talvez a palavra “milagre” do título seja mesmo um exagero, mas que as esperanças estavam se desvanescendo em meio à deterioração cada vez maior do prédio, isso estavam.

Um comentário:

  1. OLÁ BOM DIA, GOSTARIA DE COMUNICALO QUE, COLOCARAM ALGUMS METROS DE TRILHOS QUE DÁ UM A VOLTA ENTRE ESTAÇÃO, ARMAZEM, CASAS DA ANTINGA VILA FERROVIARIA E VOLTA PRA ESTAÇÃO, A IDEIA É INSTALAR UM TRENZINHO DE PASSEIO ASS:REINALDO RODRIGUES (radilaista) DIFUSORA WEB.COM

    ResponderExcluir