Houve um tempo em que casa que se prezasse tinha varanda. Até as casas que tinham a fachada junto à calçada tinham varandas laterais dando para a passagem que levava ao quintal do fundo. Ainda se vê casas desse tipo em São Paulo e no interior.
A varanda era um local agradável de onde se podia ver a rua e falar com as pessoas, que muitas vezes entravam e se sentavam para conversar. Isso ainda existe em cidades pequenas do interior.
Um amigo meu tem duas varandas em casa: uma na frente, onde as pessoas, principalmente nos sábados e nos domingos e até à noite, entram e se sentam para jogar conversa fora. A outra fica atrás, junto à cozinha, dando frente para o quintal de trás: as refeições são feitas ali. Uma delícia.
A casa de meu avô na Vila Mariana, construída em 1929, tinha uma varanda na frente. O aspecto da rua naquela época era bem rural, pela fotografia que se tem do final desse no, logo depois de eles se mudarem para lá (ver cima). Por algum motivo (não deve ter sido segurança), cerca de cinco anos depois ele fechou a varanda com janelas e uma porta metálicas. A casa existe até hoje, desse jeito – embora não seja mais de minha família.
Na pequena casa da fazenda de meu cunhado em Brotas há uma grande varanda que dá a volta na casa – exceto a parte de trás. Dali se descortina uma visão maravilhosa: a estrada ao longe, o gramado até a serra, o vale – senta-se e fica-se admirando.
As varandas acabaram. A televisão acabou com elas. As pessoas conversam cada vez menos. Quando ainda existem varandas nas cidades maiores, não são usadas. Em muitos casos, as que ainda existem são fechadas com grades: problemas de segurança. Ninguém mais conversa nelas. São um reduto de poeira e sujeira que não se limpam frequentemente.
Prédios de apartamento têm varandas – principalmente os chiques. Ninguém as usa, mas todos a querem. Em muitos casos, são fechadas com vidros ou policarbonato transparente. Pode olhar – nunca se vê ninguém nelas, a não ser eventualmente uma faxineira limpando.
Como disse um amigo meu, “varanda é tudo de bom”. Era.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
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Tão importantes como as varandas são
ResponderExcluiras cadeiras delas: De palhinha, de armação de ferro com assentos e encostos de fios plásticos coloridos.
Aqui em Indaiatuba ainda tem casinhas com varandas, poucas... mas têm. Casinhas da "vovó", que lembram o tempo da arquitetura de sozialização e não da arquitetura-penitenciária.
ResponderExcluirque linda a varanda da casa do seus avós! e esse piso de azulejo hidráulico, uma preciosidade.
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