Há alguns dias O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem sobre cidades pequenas (pequenas em população). Citou como exemplo o município de Borá, em São Paulo, e o de Serra da Saudade, em Minas, cada um com pouco mais de 800 habitantes. Sem dúvida, a calma impera nesses lugares, longe das capitais e fora de áreas metropolitanas.
O que dizer-se, porém, das cidades na área metropolitana de São Paulo – 40 ao todo – que crescem, crescem, crescem em população e a área continua a mesma, claro. Afinal, por que as cidades querem crescer? Não estaria na hora de pararem de crescer?
Na verdade, o número de habitantes do município de São Paulo cresceu relativamente pouco nos últimos anos – hoje tem por volta de 11 milhões de pessoas – mas a quantidade de construções, casas, prédios, galpões etc. aumenta a cada dia. É bastante possível (não tenho nenhum número que comprove isto) que se fossem reformadas todas as construções abandonadas ou em mau estado que existem na cidade, descontando-se, claro, as favelas, daria para abrigar todas as pessoas que saem comprnado apartamentos a cada lançamento de novos prédios, pombais de luxo.
E ai do prefeito que quiser parar com as construções. Os interesses por trás disso são enormes. O que acarreta esse crescimento desvairado? Caos no trânsito, violência, crimes, mortes, falta de infraestrutura em muitos lugares, a busca de água cada vez mais longe dos pontos de recebimento etc. etc. etc.
Por outro lado, demoramos demais para tentar solucionar os problemas. O investimento em trens, metrô, VLTs, corredores de ônibus (sim, eles funcionam: na Rebouças, Santo Amaro e outros lugares) é feito sempre com enorme atraso. O metrô de São Paulo e o da Cidade do México começaram na mesma época (1968). Hoje, a cidade do México tem pelo menos três vezes mais linhas que São Paulo.
As obras nas vias rápidas – ou melhor, que um dia foram rápidas – como as Marginais e o rodoanel demoraram muito mais do que deveriam. Fala-se do rodoanel pelo menos desde o início dos anos 1970. Tenho mapas publicados em jornais daquela época não somente com o rodoanel previsto então como do plano de avenidas dentro da cidade que jamais chegou a se concretizar. Atualmente o Estado está fazendo obras de monta na Marginal do Tietê. Devem ajudar o trânsito, mas por quanto tempo? O número de carros aumenta a cada dia. O rodoanel, no trecho que realmente ajudaria a Marginal do Tietê, continua na espera das obras e brigando com ecochatos.
O trânsito caótico na Marginal do Tietê vem de anos e anos. Há vinte anos já era ruim. Nada se fez. Somente agora estão fazendo. Para se chegar ao mais movimentado aeroporto do País, rápido mesmo só se você morar em Guarulhos. Saia de casa 4 ou 5 horas antes do horário oficial para chegar ao aeroporto, senão você corre um enorme risco de perder o avião. E o trem para o aeroporto, de que se fala há anos, continua com as obras ainda por começar, com entraves jurídicos etc.
Terrenos poluídos e contaminados por antigas fábricas e depósitos existem por toda a cidade. A região da Mooca é uma das piores da Capital. O que fazer? Gasta-se milhões para limpar, porque se quer... construir prédios, e não parques. É bom lembrar, também, que os parques, com arvores plantadas, por exemplo, vão trazer a contaminação para elas. Se forem frutíferas, contaminarão os incautos que comerem seus frutos e os pássaros que as bicarem.
Enquanto isso, as cidades da área metropolitana continuam desejando crescer: a filosofia é a mesma. A noroeste da Grande São Paulo, o município de Santana de Parnaíba, por exemplo, ainda tem mais de 50% do seu território como área rural. Acham que serão preservadas? Duvido. Olhe uma mapa de Parnaíba e veja algo muito similar a um mapa da cidade de São Paulo cem anos atrás: bairros afastados ligados ao centro por estradas radiais. Os maus exemplos serão seguidos até que toda a região metropolitana fique inabitável daqui a não tantos anos quanto podemos imaginar. Todos perderão.
A foto acima mostra o crescimento populacional de um bairro (Caetetuba) na cidade de Atibaia, já fora da área metropolitana, mas não tão afastada assim para não sofrer seus efeitos. Vejam a diferença do número de habitações entre a foto preto-e-branco (autor: Daniel Sperandelli), de 1962, e a do Google, em 2009.
O que dizer-se, porém, das cidades na área metropolitana de São Paulo – 40 ao todo – que crescem, crescem, crescem em população e a área continua a mesma, claro. Afinal, por que as cidades querem crescer? Não estaria na hora de pararem de crescer?
Na verdade, o número de habitantes do município de São Paulo cresceu relativamente pouco nos últimos anos – hoje tem por volta de 11 milhões de pessoas – mas a quantidade de construções, casas, prédios, galpões etc. aumenta a cada dia. É bastante possível (não tenho nenhum número que comprove isto) que se fossem reformadas todas as construções abandonadas ou em mau estado que existem na cidade, descontando-se, claro, as favelas, daria para abrigar todas as pessoas que saem comprnado apartamentos a cada lançamento de novos prédios, pombais de luxo.
E ai do prefeito que quiser parar com as construções. Os interesses por trás disso são enormes. O que acarreta esse crescimento desvairado? Caos no trânsito, violência, crimes, mortes, falta de infraestrutura em muitos lugares, a busca de água cada vez mais longe dos pontos de recebimento etc. etc. etc.
Por outro lado, demoramos demais para tentar solucionar os problemas. O investimento em trens, metrô, VLTs, corredores de ônibus (sim, eles funcionam: na Rebouças, Santo Amaro e outros lugares) é feito sempre com enorme atraso. O metrô de São Paulo e o da Cidade do México começaram na mesma época (1968). Hoje, a cidade do México tem pelo menos três vezes mais linhas que São Paulo.
As obras nas vias rápidas – ou melhor, que um dia foram rápidas – como as Marginais e o rodoanel demoraram muito mais do que deveriam. Fala-se do rodoanel pelo menos desde o início dos anos 1970. Tenho mapas publicados em jornais daquela época não somente com o rodoanel previsto então como do plano de avenidas dentro da cidade que jamais chegou a se concretizar. Atualmente o Estado está fazendo obras de monta na Marginal do Tietê. Devem ajudar o trânsito, mas por quanto tempo? O número de carros aumenta a cada dia. O rodoanel, no trecho que realmente ajudaria a Marginal do Tietê, continua na espera das obras e brigando com ecochatos.
O trânsito caótico na Marginal do Tietê vem de anos e anos. Há vinte anos já era ruim. Nada se fez. Somente agora estão fazendo. Para se chegar ao mais movimentado aeroporto do País, rápido mesmo só se você morar em Guarulhos. Saia de casa 4 ou 5 horas antes do horário oficial para chegar ao aeroporto, senão você corre um enorme risco de perder o avião. E o trem para o aeroporto, de que se fala há anos, continua com as obras ainda por começar, com entraves jurídicos etc.
Terrenos poluídos e contaminados por antigas fábricas e depósitos existem por toda a cidade. A região da Mooca é uma das piores da Capital. O que fazer? Gasta-se milhões para limpar, porque se quer... construir prédios, e não parques. É bom lembrar, também, que os parques, com arvores plantadas, por exemplo, vão trazer a contaminação para elas. Se forem frutíferas, contaminarão os incautos que comerem seus frutos e os pássaros que as bicarem.
Enquanto isso, as cidades da área metropolitana continuam desejando crescer: a filosofia é a mesma. A noroeste da Grande São Paulo, o município de Santana de Parnaíba, por exemplo, ainda tem mais de 50% do seu território como área rural. Acham que serão preservadas? Duvido. Olhe uma mapa de Parnaíba e veja algo muito similar a um mapa da cidade de São Paulo cem anos atrás: bairros afastados ligados ao centro por estradas radiais. Os maus exemplos serão seguidos até que toda a região metropolitana fique inabitável daqui a não tantos anos quanto podemos imaginar. Todos perderão.
A foto acima mostra o crescimento populacional de um bairro (Caetetuba) na cidade de Atibaia, já fora da área metropolitana, mas não tão afastada assim para não sofrer seus efeitos. Vejam a diferença do número de habitações entre a foto preto-e-branco (autor: Daniel Sperandelli), de 1962, e a do Google, em 2009.
Excelente relato. Pecou apenas por generalizar com o termo "ecochatos" que tem ressalvas a construção do rodoanel norte em meio a áreas de preservação ambiental.
ResponderExcluirÉ, eu acho que tem muito exagero nas exigencias ambientais, então não sou muito simpático com os caras... enfim, esperamos que saia, pois esse caminho está atrasado 40 anos!! - Ralph
ResponderExcluirBem, em reunião ocorrida na FIESP entre representantes do Governo e empresários, analisaram a viabilidade de um ferroanel, nas proximidades do rodoanel, visando eliminar de uma vez por todas o conflito entre cargueiros e trens de passageiros. Segundo ALL e MRS, o entrave do transporte ferroviário em sp, para cargas ou passageiros, é o traçado ferroviário comum. Trens de cargas somente podem utilizar as linhas pela madrugada e até as 9h00, depois somente às 20h00 em diante.
ResponderExcluirO ferreo-anel é outro do qual nos anos 1960, tempos ainda de Sorocabana, já se dava como certo que iria ser construido em pouco tempo. Até hoje, nada, com exceção de dois trechos. É sempre a mesma coisa, quando constroem, já é obsoleto, precisa mais. Ralph
ResponderExcluirÉ um problema nacional... aqui em Fortaleza, ouço falar no bendito metrô desde que sou criança. Eu nasci em 1992. A primeira linha só foi inaugurada em 2012, se não me falha a memória. E a tão esperada linha leste, que vai servir ao meu bairro e aos lugares que frequento, está em construção atualmente. Só Deus sabe quando fica pronta. kkkkkk
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