sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O FIM DE MAIS UMA LINHA FÉRREA HISTÓRICA

Mais um trecho de ferrovia em São Paulo vai desaparecer. A velha linha da Central do Brasil, que desde 1925 corria por São José dos Campos, junto à encosta do Banhado, vai ser arrancada para que se construa uma (argh) avenida. Avenida que, diga-se de passagem, é praticamente inútil e somente vai servir para que se estrague o belo local que é o Banhado.

Era perfeitamente possível que se mantivessem os trilhos, ou no canteiro central, ou na lateral, como um símbolo do poderio que teve a ferrovia nos tempos áureos. Mas que nem se pense nisso, ninguém está ligando para ela. Na foto acima, a linha, vista da via Dutra, sentido Banhado. A foto é de 2001.

Essa linha foi abandonada em 1996, quando deixou definitivamente de ser usada devido à construção da variante do Parateí, que passa junto ao rio Paraíba, quilômetros à frente. Na verdade, a variante existia desde 1952, mas os trens de passageiros Rio-São Paulo continuavam utilizando a linha de 1925. Com o fim destes no início dos anos 1990, a linha foi abandonada de vez.

Em Jacareí, já haviam-na arrancado “na marra”, há uns cinco anos atrás. O trecho em São José, no entanto, se manteve (com exceção do pequeno trecho cortado pela avenida do córrego do Vidoca, onde também foram arrancados os trilhos para permitir o cruzamento da avenida).

Aliás, bem “nos antigamentes”, entre 1875 e 1925, a linha passava mesmo era pelo centro da cidade, subindo a encosta do Banhado e descendo mais à frente. Problemas com uma curva malfeita na descida para o vale, onde constantemente ocorriam descarrilamentos, levaram a Central a modificar o trajeto da linha para o Banhado no início dos anos 1920. Isto levou a estação da cidade do local onde hoje está a SABESP para o local atual, em frente à Tecelagem Paraíba.

A manutenção da linha ao lado da avenida teria como função apenas manter a memória da cidade; poderia, também, fazer ver a alguma alma iluminada que a passagem de um VLT seria possível aproveitando-se o seu leito. Mas parece que isso é pedir demais a administrações que somente enxergam avenidas (e nada mais) como palco de suas obras. Conheço bem São José dos Campos. Não há trânsito, em hora nenhuma do dia, que justifique a passagem de uma avenida por ali.

A notícia que chegou foi seca: “O Governo Federal liberou um trecho de 13,6 quilômetros do ramal ferroviário desativado da antiga Central do Brasil em São José dos Campos para que a prefeitura da cidade possa implantar novos corredores viários no município. Em São José, o ramal margeia a orla do Banhado, corta a Via Oeste (que liga o Jardim das Indústrias ao Colinas) e atravessa glebas no bairro Limoeiro até atingir o município vizinho de Jacareí”. E só. No fim, ninguém reclama: só eu.

Um comentário:

  1. Prezado Ralph, do blog do Ricardo Coimbra,peguei um link e cheguei no seu. Que noticia ruim,as ferrovias brasileiras são desrespeitadas em nome de um falso e poluidor progresso.Mais que isso é darem pouco ou nehum valor a história das cidades,do povo e do passado. A noticia é de 2009,mas tomara que não tenham feito isso com a EFCB.

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