terça-feira, 11 de agosto de 2009

CUIDADO – ONÇAS NA PISTA


Carlos Latuff, o caçador de estações perdidas. O cartunista mora no Rio de Janeiro e vira-e-mexe sai de ônibus (ele não dirige) e mesmo a pé e vai caçar estações ferroviárias perdidas no meio do mato. Ele tem um blog que mostra essas expedições. E me avisa quando fez uma, de forma a que eu possa aproveitar parte das fotos e textos.

A última foi em Sabará, Minas. Aproveitando a visita a um congresso em Belo Horizonte, ele resolveu buscar notícias in loco sobre quatro estações do antigo ramal de Nova Era, que sai de Sabará – ou melhor, saía. Os trilhos já foram arrancados e o mato tomou conta de túneis, pontes e estações.

No caso, o desaparecimento do ramal foi devido a variantes construídas nos anos 1990 pela RFFSA e pela Vale do Rio Doce. O velho ramal completaria cem anos neste ano. O surpreendente é como os lugarejos onde estavam as velhas estações desapareceram por completo.

Caso da estação de Mestre Caetano, a uns 20 quilômetros de Sabará. Basta ver as duas fotos acima.

Outra coisa que acontece é que a invasão do mato traz a pobreza local para o que é invadido. O que não é pelo mato é pelas pessoas sem nada. Porém, não somente as pessoas chegam. A vida animal parece que volta para os lugares que lhes foram tirados. Sem o trem para assustá-las, as onças voltam.

Latuff foi avisado por gente que encontrou no caminho sobre o perigo da onça. Ele não ligou. Acabou não sendo atacado por nenhuma, mas pode ter-se arriscado muito.

É incrível como a natureza volta a ocupar o espaço que um dia já havido sido dela. O mato, os animais de todo porte, tudo parece que volta, ou tenta voltar, ao que era. O mato invade rapidamente os locais não usados. Por outro lado, velhos caminhos tão dificilmente traçados são abandonados e muitas vezes desaparecem.

Por outro lado, se analisarmos em termos de dinheiro – nós sempre pensamos em dinheiro, não é mesmo? – toda essa área invadida pelo mato, imóveis, caminhos, leitos, pontes, túneis, era do Governo federal. Era e continua sendo. Vão vender o quê hoje? E sempre devemos nos lembrar que dinheiro do governo é dinheiro nosso.

Não faz mal, eles inventam mais impostos e tudo se resolve.

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