quarta-feira, 19 de agosto de 2009

ADEUS A PARAPUÃ

Hoje tive a notícia de que mais uma estação histórica do Estado foi demolida. Ela ficava na cidade de Parapuã, Alta Paulista, entre as cidades e estações de Iacri e Osvaldo Cruz. Era uma estação construída em madeira, como muitas da Alta Paulista, pois madeira existia em quantidade na região.

A estação foi aberta em 1949, e tinha o estilo comum na época às pequenas estações da Companhia Paulista nessa região. No meu site www.estacoesferroviarias.com.br há até uma fotografia da estação ainda em construção. O fato é que a estação foi praticamente a origem da cidadezinha do mesmo nome, como também o foram diversas outras da mesma linha. Era uma época de desbravamento das “terras desconhecidas e povoadas por índios”, como diziam os mapas do Estado anteriores a 1920.

Foi em 1923 que a Paulista começou a avançar com a linha do então chamado ramal de Agudos para além da cidade de Piratininga, antiga Santa Cruz dos Enforcados. Até então o ramal parava nessa estação desde 1905. Numa região ainda sem povoações, a empresa decidiu-se por dar nome às estações em ordem alfabética. A primeira depois de Piratininga chamou-se América, nome depois alterado para Alba.

Seguiram-se Brasília, Cabrália, Duartina, Esmeralda, Fernão Dias, Gália, Garça, Jafa, Vera Cruz (na origem, Kentucky), Lácio, Marília (diz a história que de “Marilia de Dirceu”), Padre Nóbrega, Pompéia, Paulópolis, Quintana, Parnaso, Herculândia (no início, Santana), Tupã e Universo. Houve duplicações de letras e mudanças, mas basicamente era o alfabeto e não era coincidência. Depois de Universo, a regra acabou e as estações foram sendo batizadas de acordo com outros motivos.

Na verdade, até Marília, as cidades desenvolveram-se a partir das estações; após, dado o sucesso da colonização, os aldeamentos foram se adiantando à chegada da linha – por onde ela passaria, as cidades se estabeleciam, já deixando até o ponto para a passagem da linha e da construção da estação. Mesmo assim, pode-se considerar que as cidades surgiram por causa da ferrovia e que as estações eram, se não o mais velho, certamente um dos mais velhos prédios da cidade.

Quem pôs fogo e posteriormente demoliu o que restou em Parapuã certamente não pensou nisso. Se sabia da história, pouco ligou para ela. Em novembro de 2008, a estação ainda estava de pé. Em agosto, sobrou apenas a plataforma e a sua cobertura de telhas. A mesma coisa havia acontecido com a estação de Pacaembu, há cerca de dois anos, e de Adamantina, em 2000: todas derrubadas, com incêndio supostamente acidental (Adamantina) ou à força.

São pedaços da história que se vão, graças à falta total de educação das gerações atuais, pobres de espírito e sem esperança. A foto acima e a notícia da derrubada são de Artur Silva, em 14/8/2009.

Um comentário:

  1. Fiquei perplexo ao abrir o blog e tomar conhecimento do fato inescrupuloso ocorrido em Parapuã. Resido na vizinha cidade de Osvaldo Cruz e, parece que a mídia local pouca importância deu a tal ocorrido, pois os jornais, salvo engano de minha parte, não expediram noticiários a respeito da "cremação" de mais um patrimônio ferroviário de nossa região. É lamentável, mas ao mesmo tempo, motivação que nos leva a incentivar a manutenção da gare de Osvaldo Cruz.
    Abraços.
    DOUGLAS FRANZO HIDALGO

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