A Transnordestina, antiga CFN, concessionária das linhas do Nordeste desde 1996, afirma que ontem concluiu as desapropriações para construir a linha de Salgueiro até o porto de Suape, próximo ao Recife.
Muito bem. Só que essa ligação – que por sua vez será uma continuação do trecho Missão Velha, no Ceará, e Salgueiro, a oeste de Pernambuco – está para ser iniciada já há pelo menos cinco anos e não sai do papel. Não sei, nunca vi um mapa detalhado do traçado dessa ferrovia, mas sei que basicamente ela seria apenas a antiga “linha do Centro” da Rede Ferroviária do Nordeste, herdeira da inglesa Great Western.
Porem, como toda linha antiga, o traçado tornou-se obsoleto, principalmente na parte central da linha, que faz uma curva para o norte, encosta na divisa com a Paraíba e depois volta para o sul para seguir novamente o seu curso leste-oeste para Salgueiro. Aliás, a cidade de Salgueiro somente foi alcançada pela linha nos anos 1960, enquanto o trecho próximo ao Recife é de 1884, que depois foi avançando lentamente. A tal curva citada acima não será reproduzida, pois sempre foi considerada absurda: foi fruto de interesses e pressões dos coronéis da região.
Para piorar, nem dá para aproveitar partes da linha (suponho que partes do leito, sim, para diminuir as desapropriações), pois esta está abandonada desde a privatização. Trilhos roubados, aparelhos e estações destruídas, aquelas coisas a que quem acompanha a história das ferrovias brasileiras principalmente nos últimos 30 anos já está acostumado a ver.
Agora, é saber se as obras vão mesmo ser iniciadas e um dia teremos de volta a linha do Centro em nova versão. Aliás, esta deveria também alcançar o sul do Ceará, exatamente em Missão Velha, nos tempos da RFFSA. Nunca foi construída, e agora dizem que “desta vez, vamos”. Só para cargueiros, lógico.
Esta linha possivelmente decretará o abandono da linha que hoje é utilizada para cruzar o nordeste de Recife a Fortaleza, que passa por Campina Grande, na Paraíba, e encontra a linha do Ceará um pouco mais ao norte de Missão Velha. Como a linha é em parte do século XIX e somente o trecho Patos-Campina Grande é mais recente (1958), ou ela arranja cargas para se manter ou vai para o saco dando lugar à linha de que aqui falamos.
Como nas ferrovias brasileiras, nada é, tudo “vai ser”, só mesmo vendo para crer. E ver pode levar muito tempo. No mapa acima, a linha, em vermelho, juntamente com outras linhas do Nordeste (Extraído da Wikipedia em 18/8/2009).
terça-feira, 18 de agosto de 2009
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E Mais uma vez, os passageiros são esquecidos e ignorados nessa "novela" da transnordestina. Tanto na linha antiga como na nova.
ResponderExcluirThiago Teixeira
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