Você sabe qual o nome daquele riozinho que passa perto da sua casa? Ora, em São Paulo e nas cidades vizinhas certamente há um córrego perto da sua casa. O que pode acontecer é que você não saiba que ele está lá, pois ele foi canalizado e está escondido dentro de uma galeria de águas pluviais. Sujo, com certeza: repare nas bocas de lobo que existem nas guias das calçadas a quantidade de sujeira – folhas, galhos, papéis, plásticos, objetos em geral – que estão presos na entrada delas. Se essas peças não conseguiram entrar por serem grandes, imagine a quantidade das que eram menores e passaram. Fora a imensa quantidade de poeira e terra.
Basta olhar para um mapa da cidade datado de 1920, por exemplo. Há nesses mapas uma imensa quantidade de córregos que na época estavam a céu aberto, com muito mais água do que hoje e certamente muito mais limpos. Ainda com suas matas ciliares e muito pouco assoreados, pois as matas seguravam o avanço da terra das margens.
Debaixo da Nove de Julho, o Saracura. Da 23 de Maio, o Itororó. Do Anhangabaú, o córrego do mesmo nome, que seguia pela atual Carlos de Souza Nazareth para a foz no Tamanduateí. Varias avenidas tomaram o nome dos córregos que taparam, pelo menos temporariamente: avenida Sumaré, Traição (Bandeirantes), Águas Espraiadas (Roberto Marinho), Cupecê, Água Preta (Nicolas Bôer, na Pompéia), Jaguaré...
Eu mesmo não sabia que o pequeno córrego, escondido no matagal e que cruzava a baixada da rua Capitão Cavalcanti, na Vila Mariana, era o córrego do Sapateiro, que é um dos formadores do lago do Ibirapuera.
Em Santana de Parnaíba, a mesma coisa, só que a maioria dos córregos ainda está aparente, embora com pouca mata ciliar, pouca água e sujos de tudo que é porcaria que se possa imaginar: pneus, sofás, garrafas PET. Um deles, muito bonito, com uma cachoeira em pedra, no Parque Santana, ninguém sabe mais o nome. Mas não é difícil descobrir em anotações antigas que o seu nome é córrego do Lajeado. O rio Jaguari – um pouco maior, já tem o nome de rio – deságua no Juqueri-Guaçu, na Fazendinha sofreu uma limpeza que o desassoreou há cerca de três meses, pela Prefeitura. Só que largaram toda a terra nas margens. Obviamente ela voltará para o leito do rio e terá sido trabalho desperdiçado.
Bom seria que se “urbanizasse” esse rio – que passa pelo bairro do Jaguari (como mostra a foto acima, tirada por mim em 2007) e depois acompanha a estrada do mesmo nome até a Estrada Tenente Marques. Em minha visão, significa limpar as margens e cuidar da vegetação que se plante ao longo dele de forma que ele possa ser visto em seus meandros. E, claro, impedir que se jogue toda sorte de material dentro dele. Esta parte é ainda mais difícil.
Mas este procedimento não deveria ser feito somente para ele, e sim para todos os córregos a céu aberto. E também seria muito interessante que se colocassem pequenas placas junto às passagens do rio cruzando as estradas para que todos se lembrassem de seus nomes. Hoje detalhe menos importante, outrora eram esses pequenos fios de água que dividiam propriedades com seus nomes muitas vezes históricos: Cachoeira, Vacaria, Sitio do Morro, Santo André, Excomungado, Lajeado, Passa-Dois, Alípio, Paiol Velho, Itaim-Mirim, Itaim-Guaçu, Votucavaru, Garcia, Barreiro ou Portão da Telha... são nomes dos córregos aqui em Santana de Parnaíba cujos nomes hoje não são lembrados por praticamente ninguém.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
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Ainda mais deprimente que o lixo e o assoreamento é o despejo de esgotos in natura nos córregos, que os torna poluídos e mal vistos pela população, a solução dada para o problema: "Canalização" a velha história de se varrer a sujeira para baixo do tapete.
ResponderExcluirRalph, na capital fluminense todos, ou quase todos os corpos d'água têm placas indicando os seus nomes e extensões, mesmo quando estão soterrados. Assim ficamos sabendo que sob o Jardim Botânico corre o rio dos Macacos, embaixo do Largo do Machado está o Rio Carioca, que desemboca na Praia do Flamengo, e por aí vai.
ResponderExcluirEu não sabia, mas jamais vi isso em qualquer cidade aqui em São Paulo. Boa atitude. Ralph
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