segunda-feira, 16 de maio de 2011

A FERROVIA EM TAUBATÉ

A estação de Taubaté, hoje. Foto minha, como todas as outras desta postagem.
Hoje estive na cidade de Taubaté, a trabalho. Aproveitei e dei uma passada pela estação. A última vez que havia passado por ali havia sido há uns doze anos.
A fachada da estação
A estação, de tipologia aparentemente única nas estações da Central, está em frangalhos. O prédio não é, certamente, o orignal de 1876; este fora construído pela E. F. do Norte, empresa paulista que, falida, foi comprada pela Central do Brasil em 1895. Por causa disto, a estação de Taubaté serviu como ponto de baldeação nos trens Rio-São Paulo (e vice-versa) de cerca de 1902 até por volta de 1906.

Portas laterais
A baldeação era originalmente na estação de Cachoeira Paulista, que originalmente era o final da E. F. Dom Pedro II (que virou Central do Brasil em 1890) e da E. F. do Norte; como as duas tinham bitolas diferentes (respectivamente, 1,60 m e 1 metro), a baldeação era obrigatória. Com a compra de uma ferrovia pela outra, a Central decidiu, sabiamente, igualar as bitolas pela maior; e foi fazendo isso primeiro no trecho Cachoeira-Taubaté, depois Taubaté-Mogi e por fim Mogi-São Paulo. Com isso, as baldeações pularam de uma estação para outra até a entrega do trecho todo em 1908.
Armazém ferroviário do outro lado da linha, em frente à estação
Na estação de Taubaté ocorreu um caso misterioso que causou a morte do Conde do Pinhal, em 1902: durante a baldeação, ele teria sido roubado em uma grande quantia por um seu funcionário de confiança, que viajava com ele para o Rio de Janeiro. O Conde passou mal e desistiu da viagem, retornando para São Carlos, onde faleceu um mês depois. O dinheiro acabou aparecendo algum tempo depois em outro local.

O prédio atual teria sido construído quando? Possivelmente nos anos 1910, mesma época da reconstrução do de Guaratinguetá.
Pontilhão da linha antiga, preservado no local original.
Outra coisa interessante: entre a estação de Taubaté e a de Quiririm, esta desativada em 1953 com a construção de uma variante entre Taubaté e Caçapava, existe hoje um pontilhão, atrás do shopping center da cidade, mantido como monumento, no meio de uma avenida. Ele pertencia à linha velha, arrancada depois da desativação.
A praça em frente à estação
E a pergunta final: quando vão recuperar o magnífico prédio da estação de Taubaté? Depois de ele cair sozinho?

2 comentários:

  1. Por coincidencia tambem estive em Taubaté há pouco.Tambem visitei a pobre estação. Ela na realidade é muito bonita. Aquela torre foi imaginada provavelmente por um caxubio pomerano
    de passagem pelo Brasil no inicio do seculo XX.

    ResponderExcluir
  2. Moro em Taubaté, perto da antiga linha Taubaté-Quiririm. Nos anos 90 a linha, saindo da estação no Centro da cidade, ainda existia, mas terminava na Mecânica Pesada/Alstom, para atender a empresa, que produz peças grandes(como turbinas de usinas hidroelétricas). Ao lado, antes de chegar na Mec. Pesada, havia um ramal para atender a vizinha Ford Motor Company (onde são montados os motores e transmissões dos carros da marca) com ferro-gusa.

    Tenho 22 anos e quando criança, vi trens passarem ali, coisa rara, mas para transportar caminhões (não sei se carregados ou vazios, ou o que transportavam, ou o destino, mas lembro que as caçambas eram do tipo "carga seca"), que embarcavam atrás da fábrica da Ford. Mecânica Pesada e Ford já não utilizavam os trens pra mais nada.

    Ainda nos anos 90, os trens pararam de passar ali, e aproximadamente no ano 2000 os trilhos foram retirados e no lugar fizeram ruas e avenidas. Sendo parte desse "ramal", o pontilhão que você fotografou atrás do Taubaté Shopping ainda tinha trilhos até doze anos atrás.

    Nota: Eu adoraria saber pra onde esses caminhões eram mandados que não podiam chegar por estradas...

    ResponderExcluir