domingo, 4 de abril de 2010

OBRAS FANTASMAS

Um dos inúmeros planos ferroviários para o Brasil. Este foi o de 1890. Nenhum deles foi jamais realizado.

As notícias sobre construção e planos para novas ferrovias no Brasil publicadas nos últimos meses mostram que praticamente nada avançou em termos de quilometragem de ferrovias. Infelizmente, o que escrevi há pouco mais de um ano, no artigo "Nas ferrovias brasileiras, tudo vai ser", continua válido. Eu esperava poder me contradizer e morder a língua um ano depois, mas não foi o que aconteceu.

O que foi entregue desde então? Mais um trecho da Norte-Sul, no Estado de Tocantins. De resto, "bissolutamente" nada. Nada de Transnordestina — embora fontes do governo jurem que as obras estão "a todo vapor", nem um trilho colocado. Nada de Oeste-Leste na Bahia, nem das ferrovias projetadas para o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul como prolongamentos da Ferrooeste, nada de prolongamento da Ferronorte, nada de metrô em Salvador, nada de metrô em Fortaleza, nem em lugar nenhum exceto um curto trecho no Rio de Janeiro e outro em Teresina, mas este aproveitando linha que já existe há quarenta anos, usando trens velhos e obsoletos reformados.

Em São Paulo, falou-se muito em novas linhas de metrô, mas a linha 4 ainda não foi aberta à operação e a linha 5 está em fase de obras iniciais. Apenas um curto trecho da linha 3 foi inaugurado entre o Alto do Ipiranga e o Sacomã. A quilometragem de ferrovias cargueiras, metrôs e ferrovias metropolitanas (entenda-se as duas últimas como sendo a mesma coisa) aumentou, portanto, muito, muito pouco desde então.

O grande problema de tudo isto é que a infraestrutura de transporte carente no Brasil continua carente e ainda está longe de deixar de sê-lo. E ainda por cima ainda sofre com lobbies de caminhoneiros que não querem perder a sua boquinha. Afinal, eles têm medo de quê? Do jeito que estão as coisas, jamais vão perder suas cargas. Por outro lado, seria ridículo afirmar que um dia o transporte rodoviário vai desaparecer, por motivos que conhecemos.

Enfim, temos projetos demais e obras de menos, tendendo a zero. Com PAC ou sem PAC. Com PPP ou sem PPP. Com dinheiro ou sem dinheiro. O Brasil precisa das ferrovias com urgência.

4 comentários:

  1. Ola Ralph

    Quinta feira passada fui até o Aeroporto de Guarulhos, do iníco da Castelo Branco ( final para mim )até o Aeroporto... gastei 03:00 h...a quantidade de caminhões parados na marginal era um número astronômico..comentei com a minha esposa...que era o Brasil parado e gastando combustível..sem as ferrovias acho que paramos de vez...fico imaginando que a frase do Hino Nacional (deitado eternamente em berço esplêndido )..é um fato real...até quando ?

    Daniel Gentili

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  2. Hoje o Globo Rural mostrou uma matéria sobre o transporte ferroviário da safra atual, que aumentou 20% em relação à safra passada. O principal motivo é o custo 15% menor em relação ao rodoviário. Tomara que surja um novo boom das nossas ferrovias.

    Quem quiser assistir o vídeo:
    http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1241068-7823-FRETE+FERROVIARIO,00.html

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  3. Boa noite Sr. Ralph,
    O transporte rodoviário também padece. No MS e PR, um caminhão é disputado à foice pelas cooperativas de produtores de soja. O frete aumentou, mas eles tbém sofrem devido às estradas. Estrada bonitinha e segura somente por aqui, em SP. Há alguns meses vi num desses programas de "carreteiros" que a ferrovia ainda não ameaça destronar o transporte rodoviário de graõs, porque que utiliza o trem são as grandes prensadoras de soja ou seus produtores conveniados (cargill, bunge, LD commodities, etc), os pequenos produtores vão de caminhão mesmo.

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  4. Esqueci de mencionar que meu comentário se refere somente ao estado do Paraná.

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