sexta-feira, 16 de abril de 2010

MATARAZZO

Foto Keiny Andrade/AE, publicada hoje no O Estado de S. Paulo

Outra reportagem me chamou hoje a atenção no jornal O Estado de S. Paulo: o problema causado na avenida Francisco Matarazzo pelo loteamento da área ocupada até 1987 pelas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo.

Que "surpresa". Os moradores da área estão reclamando do trânsito da avenida, que aumentou demais com a construção do Shopping Bourbon (este não na área da ex-fábrica, mas também na avenida) e com a edificação de diversas torres de partamentos e escritórios no espaço da Matarazzo nos últimos anos. E agora, há poucos meses, o lançamento de novas torres na esquina com a avenida Pompéia.

De novo: que "surpresa". Quem diria. A Prefeitura não podia adivinhar que isto aconteceria? Ora, a velha e pacata avenida Francisco Matarazzo, mais antigamente avenida Água Branca, aberta nos anos 1910. Começou a engrossar o tráfego quando da abertura do Minhocão de Paulo Maluf, aberto - creio - em 1969 e que desemboca exatamente no início da avenida, que hoje é a continuação do trânsito dele e da avenida General Olímpio da Silveira, esta por sua vez, da São João. E de lá para cá foi aumentado, com a transformação em corredor de tráfego. Sim, a avenida é a continuação do tráfego dessas ruas, mas históricamente, a continuação da Olímpio da Silveira era a rua Cardoso de Almeida (os dois primeiros quarteirões) e a rua Turiassu - juntas, formavam até o início do século XX a modorrenta estrada de Campinas.

No final dos anos 1950, era ali que todo final de ano eu passava, nas instalações da extinta Sotema, a festa de Natal dos seus funcionários. Eu com 6, 7 anos, e meu pai e avô, sendo que este trabalhava lá. Como ele faleceu no início de 1961, acabaram-se os Natais. Era ali, no lado direito de quem vinha da cidade, na esquina com a avenida Antártica.

Hoje, nem pensar. Uma bagunça. E tome a Prefeitura a permitir um monte de construções por ali. A avenida não dá conta. São Paulo não dá mais conta. Só que a Prefeitura não se importa com isso, quer é arrecadar. E o povo não percebe que tudo isso leva ao caos.

Saída? Não conheço nenhuma. Infelizmente, só mesmo acabando com os automóveis (e muitas mais que não vou perder o tempo aqui de relatar). De qualquer forma, a Prefeitura quer que os empreendedores privados arquem com pelo menos parte dos investimentos necessários para diminuir os problemas. Isso quer dizer que a Prefeitura sabia que haveria problemas. Mesmo assim autorizou as obras. Seria mais fácil deixar como estava e incentivar obras de urbanização sem adensar a população da forma que fez.

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