sexta-feira, 2 de abril de 2010

O GRANDE REFORMADOR


Um "livro" com 71 páginas, escrito a máquina de escrever e terminado no dia 28 de fevereiro de 1934 na localidade de Córrego das Agulhas foi um presente ao meu avô Sud. Uma "história infantil", segundo a autora, escrita em letras azuis, do tempo em que a fita da máquina era azul. Não era cópia com estênsil de mimeógrafo a álcool, como aqueles que usei nos anos 1970 na faculdade de Química. Nem sei se havia estênsil nessa época, anos 1930.

Parece edição única. Meu avô o leu. Claro, pois aparecem as correções. Ele corrigia tudo o que lia, até as cartas que recebia da esposa - que deveria ficar bastante chateada com isso, principalmente porque minha avó era também professora. É verdade que escrever a máquina produzia uma enorme quantidade de erros, pois, ao contrário do computador, máquina de escrever, depois de datilografado, não havia como corrigir.

Meu avô pregava nessa época a reforma da educação rural. Depois de suas apresentações pelo interior de São Paulo em 1930, lançou o livro A Crise Brasileira de Educação, onde defendia suas ideias em relação à Escola Rural. Sem entrar no mérito do assunto, o fato é que Sud divulgava suas ideias como podia: isso incluía visitas in loco a cidades do interior de São Paulo, artigos em jornais, em revistas, até no ainda nascente radio, palestras, livros — em 1934, ele já tinha, além da Crise, pelo menos um livro mais sobre o assunto.

Já havia passado duas vezes pela Diretoria Geral do Ensino — ou a Secretaria Estadual da Educação com outro nome. Não havia conseguido mudar praticamente nada, as passagens não foram muito longas. Suas ideias iam contra uma maré muito forte, a da industrialização: ele não era contra ela, mas sabia que a sua chegada levaria a um êxodo rural mais rápido do que havia acontecido até então. Havia pouco tempo.

Numa de suas peregrinações pelo interior ganhou este livro. O título era "O Grande Reformador". Uma alusão a ele, claro. Se não fosse, não seria ele que ganharia a edição única. A dedicatória do livro, que dele fazia parte (não era escrita a mão), dedicava-o aos quatro filhos de Sud: Astrea (minha mãe), Aécio, Lélia e Mévia. Não havia dúvidas.

Quem escreveu o texto de mais de 70 páginas foi Odette do Amaral Carvalho. Desde que o encontrei, não encontrei ninguém com esse nome. Não sei se esta pessoa ainda vive, acredito que não. Era, provavelmente, uma professora do interior, de Córrego das Agulhas, quase que 100% de certeza no Estado de S. Paulo, e sem nenhuma referência a ele que eu tenha encontrado até hoje. Um bairro rural? Uma fazenda? Um sítio?

O livro continua por aqui. Será ficção ou realidade? Ou uma ficção muito próxima de uma realidade vivida pela autora? Como era a localidade em que ela vivia e onde, muito provavelmente, ensinava?

4 comentários:

  1. Odette do Amaral Carvalho, é minha mãe, já falecida.
    Mamãe nasceu em Pirassununga/ SP depois mudou se para São Paulo/ Capital.
    No início de sua carreira lecionou no interior de SP (Agulha) e aposentou, depois de trinta anos de magistério, em SP.
    Vou passar mais informações pra vc.
    Gostaria de ler O grande Reformador.
    Eu sou Amarilis.

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  2. A,arilis, eu realmente gostaria de saber mais sobte isso! E posso xerocar o pequeno livrinho, enviar-lhe-ei se me deres seu e-mail

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  3. Vai ser muito gentil de sua parte me enviar uma cópia do livrinho. Antecipadamente agradeço.
    Mamãe nasceu no dia 26 de janeiro de 1910, completaria 100 anos.
    Meu avô Julio, era professor de Geografia; Meus tios (a) Olga, Odila, Odmyr , João Gualberto e Julio do A. C. Filho, professores. Tio João Gualberto do Amaral Carvalho era Jornalista.
    Meu e mail: amarilisvc@yahoo.com.br

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  4. Odette ddo Amaral Carvalho escreveu também o livro: O Baile na flor, públicado pela Editora Melhoramentos, no ano de 1947.

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