Todo dia eu venho para o escritório trabalhar e fico olhando pela janela (quando não estou olhando para a tela do computador). Não gosto muito do que vejo: além de uma persiana que fica meio aberta meio fechada — e a parte que fica meio fechada só me deixa ver fora com uma porção de linhas na frente — do lado de fora dois terços são de prédios do outro lado da avenida (detesto prédios) e um terço mostra na frente, os Jardins, com suas casas e suas árvores, e, ao fundo, a Vila América, com aquela muralha de prédios ao longe, além da rua Estados Unidos.
Daqui essa rua parece muito próxima, mas, na prática, deve ser o equivalente a uns quinze quarteirões, mais ou menos. Se abro a janela, o ruído é ensurdecedor. A poeira e a fumaça você sente nos olhos. Chegando mais perto da janela, vê-se a Faria Lima e a Rebouças, com ônibus a dar com pau, automóveis, caminhões e calçadas nada limpas.
Se esses dois prédios aqui em frente fossem demolidos — um é o que tem o Safra, na esquina das duas avenidas, e outro, o que tem o Júlio Abe como arquiteto, creio — a vista seria muito melhor. Atrás deles só há pequenas casas do Jardim Paulistano, casas que dão frente, num primeiro plano, para a Rebouças e a rua Sampaio Vidal. É difícil para mim imaginar que haja pessoas que adoram estar cercada de edifícios altos. Por mais bonito que seja o edifício, é uma agressão.
O antigo escritório onde eu trabalhei por alguns anos ficava na Marginal do Pinheiros, na rua Hungria, no quarteirão que o Clube Pinheiros não conseguiu chegar no rio. A vista do escritório era para o Joquei Clube. Além dele, casas no morro que dá para o Morumbi. Linda vista. Rara em São Paulo, está a ponto de sucumbir, já que o Jóquei está louco para transformar a pequena vila de casinhas que ele tem junto à ponte da Eusébio Matoso em "empreendimentos imobiliários" que, claro, significam torres enormes de apartamentos com nomes estrangeiros. Não sei exatamente qual é a função da vila, se era residencial, parcialmente residencial, ou sei lá o que, mas são sobrados modestos que datam da implementação do clube em 1941 naquele local.
Não conheço Paris. Apenas vi diversas fotografias da cidade. As que mais vejo mostram fotos tiradas de lugares altos mostrando o rio Sena, com suas margens tendo casarões bonitos e antigos. Isso, casarões, no máximo 3 ou 4 andares, pequenos prédios, como seja — dão uma harmonia visual esplêndida. Por que não isso por aqui?
Só conheço uma avenida na cidade com esse tipo de construções: é a avenida Professor Fonseca Rodrigues, no Alto de Pinheiros. Ela é extremamente arborizada, nas calças e no canteiro central, e tem casas e prédios desse tipo — além de terrenos ainda vazios. No seu trecho final, do lado esquerdo, o Parque Villa Lobos.
Daqui essa rua parece muito próxima, mas, na prática, deve ser o equivalente a uns quinze quarteirões, mais ou menos. Se abro a janela, o ruído é ensurdecedor. A poeira e a fumaça você sente nos olhos. Chegando mais perto da janela, vê-se a Faria Lima e a Rebouças, com ônibus a dar com pau, automóveis, caminhões e calçadas nada limpas.
Se esses dois prédios aqui em frente fossem demolidos — um é o que tem o Safra, na esquina das duas avenidas, e outro, o que tem o Júlio Abe como arquiteto, creio — a vista seria muito melhor. Atrás deles só há pequenas casas do Jardim Paulistano, casas que dão frente, num primeiro plano, para a Rebouças e a rua Sampaio Vidal. É difícil para mim imaginar que haja pessoas que adoram estar cercada de edifícios altos. Por mais bonito que seja o edifício, é uma agressão.
O antigo escritório onde eu trabalhei por alguns anos ficava na Marginal do Pinheiros, na rua Hungria, no quarteirão que o Clube Pinheiros não conseguiu chegar no rio. A vista do escritório era para o Joquei Clube. Além dele, casas no morro que dá para o Morumbi. Linda vista. Rara em São Paulo, está a ponto de sucumbir, já que o Jóquei está louco para transformar a pequena vila de casinhas que ele tem junto à ponte da Eusébio Matoso em "empreendimentos imobiliários" que, claro, significam torres enormes de apartamentos com nomes estrangeiros. Não sei exatamente qual é a função da vila, se era residencial, parcialmente residencial, ou sei lá o que, mas são sobrados modestos que datam da implementação do clube em 1941 naquele local.
Não conheço Paris. Apenas vi diversas fotografias da cidade. As que mais vejo mostram fotos tiradas de lugares altos mostrando o rio Sena, com suas margens tendo casarões bonitos e antigos. Isso, casarões, no máximo 3 ou 4 andares, pequenos prédios, como seja — dão uma harmonia visual esplêndida. Por que não isso por aqui?
Só conheço uma avenida na cidade com esse tipo de construções: é a avenida Professor Fonseca Rodrigues, no Alto de Pinheiros. Ela é extremamente arborizada, nas calças e no canteiro central, e tem casas e prédios desse tipo — além de terrenos ainda vazios. No seu trecho final, do lado esquerdo, o Parque Villa Lobos.
É, ninguém está preocupado com qualidade de vida, ensolação, ventilação, conforto visual, permeabilidade do solo. Tudo isso é bobeira. O que vale mesmo é quantos andares poderei colocar, quantas vagas há na garagem e quanto o empreendimento ao lado vai valorizar o meu patrimônio. Azar de quem vier depois. Azar do saturamento da rede de esgoto. Azar da superlotação do trânsito. Azar da escala humana. Vamos criar empregos, gerar impostos, produzir divisas. O que a maioria quer é ferro e longas fachadas de vidros espelhados e argumentos mansos.
ResponderExcluirEu daria tudo por uma vista decente da minha janela de casa também. De um lado, uma fresta de azul do céu, entre dois paredões de prédios (o meu próprio e o vizinho). De outro, um imenso canteiro de obras que, logo - dizem -, será um imenso templo religioso. Ó céus.
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