Hoje eu e o Douglas subimos a torre da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no largo do mesmo nome, sito à alameda Glette, miolo do outrora chiquérrimo bairro de Campos Elíseos, em São Paulo. Hoje infelizmente apelidado de Cracolândia graças à presença dos drogados que perambulam por suas ruas, a beleza da igreja não condiz com o aspecto à volta dela e do liceu junto à igreja. Esta e o licei ocupam todo o quarteirão entre a alameda Glette, rua Dino Bueno, alameda Nothmann e rua Barão de Piracicaba.
Meu pai estudou no liceu de 1934 a 1940. Chegou a ser coroinha lá... logo ele, que sempre foi católico apenas no nome e detestava ir à missa. Meu filho Alexandre casou-se lá em março de 2006, já com o bairro degradado, num final de tarde de sábado. Os convidados, cuja imensa maioria jamais havia ido àquela igreja, ficaram em geral maravilhados com a sua beleza, interna e externa. Chegou a ser uma surpresa para muita gente, que não achava que naquela região hoje deteriorada houvesse uma igreja tão bonita. Com 115 anos, ela é certamente uma das mais bonitas da cidade.
Afinal, por que fomos lá? Um local fechado quase o ano inteiro, empoeirado nos degraus e corrimãos da escada, parte em curva, parte não, que sobe pela parte interna da torre até chegar ao seu final. Saímos por uma porta num quarto pequeno e escuro, depois de passarmos pelo mecanismo e pelo verso do mostruário do relógio e pelos sinos - são cinco - centenários. Nos sinos estão gravados os nomes de quem os doou. Vê-los de perto é fantástico. Não encontramos os morcegos, frequentadores habituais desses locais.
Passamos pela porta e divisamos o horizonte em volta da parte externa do cimo da torre. De lá se vê boa parte da cidade e especialmente da cidade mais antiga. A estação da Luz, da Júlio Prestes e de casarões ainda remanescentes dos tempos dourados dos Campos Elíseos. Os trens da CPTM passando. Todo o liceu e seu pátio interno. A Marginal do Tietê. O Jaraguá. Há uma foto que foi tirada na primeira década do século XX que mostra toda a parte da região vista da torre no sentido da Glette, ou seja, da frente da igreja. Essa foto foi a razão de termos ido lá. Tirar uma foto comparativa.
Nessa foto notamos que ainda existem casas que sobreviveram. Algumas estão sendo demolidas exatamente agora por causa do projeto de revitalização do bairro. Tristeza. Por que não se mantiveram essas casas, que, embora deterioradas, ainda tem sua beleza, no meio das novas contruções que (infelizmente) virão? Não são tantas assim elas velhas contruções, não seriam grande prejuízo para os investidores que chegarão.
Outra demolição enorme ocorre no largo em frente à estação Júlio Prestes. Todo aquele quarteirão que dá frente para a Dino Bueno está indo para o chão, inclusive a velha Rodoviária, que funcionou de 1962 a 1982, se não me engano. Finalmente, coube constatar que o funcionário da igreja que nos acompanhou na "viagem" não é corcunda, como em Notre Dame.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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Gostaria muito de ver as duas fotos: a antiga e a comparativa. Só conheço a igreja do Sagrado Coração por fora e só a vi pessoalmente uma vez, em 1998.
ResponderExcluirV. a verá, mas vai ter de aguardar uns dias: está sendo montada. Abraços
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